Certo domingo, quando estávamos nos preparando para uma cobertura fotográfica de um grande encontro, certa menina chamada Monalisa, de apenas 6 anos de idade, foi escolhida para segurar uma câmera fotográfica enquanto a fotógrafa foi buscar um copo d’água. Quando ela recebeu a câmera, olhou para mim e disse: “porque vocês têm tanto cuidado com uma câmera”? Fui pronto ao responder: “É por que ela custa muito dinheiro”.
No entanto, a resposta parece não ter sido convincente para a garotinha; logo, movida pela curiosidade solta uma grande pérola: “A gente não precisa ter tanto cuidado com uma câmera, pois ela é apenas uma máquina e não um ser humano. Se ela cair e quebrar é só comprar outra, já o ser humano não”. O que dizer depois disso? A mim só restou o silêncio do consentimento e um abraço carinhoso. Encantado! Quanta sabedoria!
A frase da linda menininha teve ressonâncias profundas em mim. Passei o dia, a semana, refletindo sobre o assunto. Na minha afoiteza, sinto-me impelido a categorizar pequenina e simples criança de filósofa. Percebe-se que uma criança de apenas 6 aninhos tem consciência muito mais apurada que muitos adultos. Isto dá o que pensar!
Depois de objetivar esse fato concluo que nós, os humanos, precisamos ter a consciência e “juízo” suficientes para reconhecer que, por mais valiosa possa ser uma máquina ou qualquer aparelho eletrônico, trata-se de um conjunto de peças e não um organismo vivo. Precisamos compreender que, não obstante os vertiginosos avanços da tecnologia (que tanto eu como você admiramos e, de alguma forma, usufruímos), não podemos abortar a responsabilidade de contextualizar as interrogações essenciais da existência: Quem sou eu? O que almejo? O que quero para meu futuro? Para que meu futuro seja desta forma, o que tenho que começar a fazer agora, no presente? Que pegadas pretendo deixar na história? Gandhi foi magistral quando escreveu: “Eu não tenho mensagem. Minha mensagem é minha vida”.
Enfim, não existe Software e/ou qualquer parafernália técnico-científica que possa responder as questões decisivas da nossa vida. Por quê? Porque você (nós) somos os autores da nossa própria história. Será?! Somos as decisões que tomamos na vida. Salienta um blogueiro: “somente quando empunhar a caneta das atitudes, dia após dia, é que você escreverá palavra por palavra, linha por linha, parágrafo por parágrafo nas folhas de sua vida”.
Concluo a reflexão de hoje lembrando do memorável escritor francês, Saint-Exupéry: “Apesar da vida humana não ter preço, agimos sempre como se certas coisas superassem o valor da vida humana”. Que afirmação luminosa e verdadeira! Uma vez que estamos imersos no universo virtual e do relativismo, nada como encontrar uma Monalisa, pequena em idade e estatura, mas cheia de Graça e de valor. Ela, na sua inocência e pureza, fustiga nosso sono (“o sonho da razão produz monstros”, Goya) e rompe as rasas linhas do horizonte.
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