As chamadas doenças negligenciadas são aquelas que causam problemas graves de saúde principalmente em populações mais pobres, sobretudo na África e América Latina, “causam grande sofrimento, que é escondido e silencioso”, segundo a Diretora Geral da OMS, Dra. Margareth Can.
Esta expressão foi cunhada em 1986, pelo médico norte-americano, Kenneth Warren, especialista em doenças tropicais. A grande maioria destas tem como causa infeções, e são mais frequentes em áreas geográficas de clima tropical, onde não existe água potável, falta de higiene, condições de habitação precária e ausência de serviços de saneamento básico.
A OMS estima que no mundo temos mais de 1,4 bilhão de pessoas são afetadas por estas doenças, sendo que 500 milhões, mais de 35% desta população, são crianças.
As doenças negligenciadas são também assim denominadas por serem esquecidas pelos grandes multinacionais de medicamentos ou por outros colaboradores para o acesso a medicamentos, tais como funcionários de governos, programas de
saúde pública e pelos meios de comunicação. Normalmente as empresas farmacêuticas privadas, não investem nesta área porque visando prioritariamente o lucro, não conseguem recuperar o elevado custo do desenvolvimento e produção de medicamentos necessários para tratamentos destas doenças. No fundo as doenças negligenciadas, não são consideradas prioritárias para a prevenção, erradicação ou tratamento, porque não afetam as populações dos países ditos desenvolvidos ou industrializados, como EUA, Europa, Austrália, Japão entre outros. E
las se constituem nas doenças da porção invisível do mundo, que atingem as populações mais pobres e que, consequentemente não tem recursos de pagar pelo tratamento, por isto continuam esquecidas. Estas doenças representam 12% da carga global de doenças, mas apenas 1,3% de novos medicamentos foram criados para vencê-las (“chamados medicamentos órfãos”), no período entre 1974-2004. Em 2005 o gasto global com pesquisa em saúde foi de US$ 160 bilhões os quais apenas US$ 3,2 bilhões foram para o tratamento das assim também chamadas “doenças da pobreza”.
Atualmente a OMS elenca dezessete doenças como tropicais negligenciadas. 1. Ulcera de Buruli, 2. Doença de Chagas; 3. Cistercicose, 4. Dengue e dengue hemorrágico; 5. Dracunculiase (doença do verme da guiné); 6. Equinococose; 7. Fascioliase; 8. Tripanossomiase africana (doença do sono); 9. Leshmaniose; 10. Lepra; 11. Filariase linfática; 12. Oncocerciase; 13. Raiva; 14. Esquistossomose; 15. Parasitoses (helmintíases) transmitidas pelo solo; 16. Tracoma, e 17. Bouba (cont.).
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