Este é o tema de 51° Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado no último domingo. Neste sentido, o Papa Francisco, como todos os anos, envia uma mensagem a toda a Igreja Católica do mundo no intuito de fomentar o discernimento e consciência da/na arte de comunicar. Graças ao progresso tecnológico, salienta o Francisco, o acesso aos meios de comunicação possibilita a muitas pessoas a ter conhecimento quase instantâneo das notícias e divulgá-las de forma capilar. Todavia, o compartilhar informações tem sido o caos do mundo da comunicação, uma vez que nem tudo que é lançado na rede faz parte da veracidade, o que complica, denigre e fomenta o desafeto entre as pessoas para que sobressaia o seu ego, o que você defende. A mente do homem está sempre em ação e não pode parar de "moer" o que recebe, mas cabe a nós decidir o material que lhe fornecemos (cf. Cassiano o Romano, Carta a Leôncio Igumeno).
As redes sociais, que dão voz e opinião a todos, tem sido palco para a potencialização dos compartilhamentos enfadonhos e sinistros. O sensacionalismo é gritante. A falta de veracidade progride. A ética comunicacional é assassinada. Foi-se esquecido o conceito de saber a fonte, o que ela pensa, sua ideologia, seus interesses. Leandro Karnal, recorda que “estamos vivendo no tempo que gritamos (nas redes) para sermos observados. Todo mundo dá opinião de tudo, mas está ouvindo a opinião dos outros? ”
O Papa desafia os media e os jornalistas de todo o mundo a passar de uma lógica de “notícias más” para uma da “boa notícia”, rejeitando esse sensacionalismo narcotizante e a exploração dos dramas humanos. “Creio que há necessidade de romper o círculo vicioso da angústia e travar a espiral do medo, resultante do hábito de fixar a atenção nas ‘notícias más’ (guerras, terrorismo, escândalos e todo o tipo de falhanço nas vicissitudes) ”, frisa Francisco.
A voz profética do chefe do líder da Igreja Católica faz eco a um sistema onde vigora a lógica de que uma notícia boa não desperta a atenção, e, por conseguinte, não é uma notícia, onde o drama do sofrimento e o mistério do mal facilmente são elevados a espetáculo, podemos ser tentados a anestesiar a consciência ou cair no desespero. O Papa propõe um “estilo comunicador aberto e criativo”, que não se prontifique a dar “papel de protagonista ao mal”, mas procure evidenciar as “possíveis soluções”, inspirando uma abordagem “responsável”.
Em tempos de crise política, econômica e ética no Brasil, o papel do comunicar passa a ser crucial no processo de conscientização e informação da sociedade. Ninguém suporta “agulha mágica”, nem tampouco, um regime sistemático de notícias que deixam de comunicar a veracidade, bem como a realidade de um fato, para promover uma ideologia, por vezes, fracassadas e patológica. Francisco defende ainda uma comunicação concreta e próxima, capaz de “iluminar a boa notícia presente na realidade de cada história e no rosto de cada pessoa”.
Quando o Papa pede que a comunicação seja luz, ele tá pedindo que a comunicação irradie a verdade, afinal, “...não há nada em segredo que não seja conhecido à luz do dia”. (Lc 8,17) Uma comunicação que amedronta, coíbe, assusta, rouba a esperança e a confiança das pessoas, está traindo a identidade da comunicação. Uma comunicação que não promove a vida, está sendo capitalizada e virando negócio. Uma comunicação sem “boa notícia” não deve fazer parte da pauta da vida, nem tampouco, ganhar as linhas e as telas da história humana.
Vinícius Figueira é formado em comunicação pela Rede Kroton, atua como Coordenador Paroquia da Pastoral da Comunicação de Iconha além de ser assessor de comunicação e publicitário.
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