Por Pe. Leo Pessini (in memoriam) Em Igreja

Cuidados de final de vida: Revisão do protocolo de Liverpool (I)

O chamado Protocolo Liverpool de cuidados do paciente em fase terminal, elaborado nos anos 90 do século passado, num hospital de câncer de Liverpool (Inglaterra), após uma série de duras críticas por parte da imprensa e familiares de pessoas que foram incluídas neste processo de cuidados, passou recentemente por uma profunda revisão, coordenado pelo Ministério da Saúde da Inglaterra.

Cuidados de final de vida

Na sua concepção, o protocolo era uma alternativa saudável e sem dúvida mais humanitária diante de uma medicina agressiva, com investimentos agressivos até o instante final da vida. Segundo o Dr. Thomas Hughes-Hallett, que foi diretor do centro onde o protocolo foi criado, “o juramento de Hipócrates exige que os clínicos não parem de tratar do doente, até o momento da sua morte”.

Segundo este médico, “não se trata de apressar a morte. Trata-se de constatar que alguém está morrendo e de dar-lhe algumas opções. Você quer uma máscara de oxigênio? Ou gostaria de beijo de sua esposa?”. Em situações de final de vida conclui-se que seria inútil prolongar uma vida que esta próxima de seu final e que esteja sendo progressivamente consumida pela dor, a imobilidade, a incontinência, a depressão e a persistente demência.

Médico e família conversam e concordam em interromper terapêutica que prolongue esta situação agônica. E então o hospital para de ministrar insulina, antibióticos e alimentação intravenosa, deixando apenas um soro e sedativo para controlar a dor e o enjoo. Tira-se o paciente do ventilador mecânico, da terapia intensiva e este e transportado para um quarto tranquilo a espera de partir para “o outro lado” com muito mais serenidade.

Busca-se proporcionar a possibilidade de “uma morte mais humana” e isto hoje já uma norma na maioria dos hospitais britânicos e em vários outros países, mas não nos EUA. Os defensores do protocolo de Liverpool foram acusados de estarem “promovendo uma forma disfarçada de eutanásia”.

Nos EUA o ponto de partida para os que defendem esses programas, e a análise de custos e benefícios. Chama atenção que 25% dos custos do Medicare (programa estatal para os idosos), destinam-se para o último ano de vida, o que sugere que se esta desperdiçando uma fortuna para ganhar apenas algumas semanas ou meses de vida, em que o paciente permanece ligado a maquinas e acaba experimentando medo e vivendo o no estresse do desconforto.

O bom senso ético sugere que, a as autoridades não tivessem medo de serem criticadas e de perder votos, se poderia economiza mais recursos suspendendo o tratamento quando, em vez de salvar uma vida, ele serve apenas para prolongar o inevitável processo do morrer.

Aqui trata-se de evitar a distanásia, isto e a obstinação terapêutica, que já estando a pessoa no final de seus dias, apenas adia o momento final, prolonga-se mais a morte, do que vida propriamente!

Nesta área de cuidados de final de vida, sempre aumentam os temores de que o complexo médico-hospitalar esteja apressando a morte de nossos entes queridos, a fim de economizar com gastos médicos e leitos hospitalares.

Se a questão do custo beneficio e tão decisiva nos EUA, na Inglaterra, os especialistas perguntados se o Protocolo de Liverpool reduziu os custos, eles dizem que não fazem esta pergunta.

“Não acredito que ousaríamos fazer esta pergunta”! O Dr. Thomas acrescenta ainda que na Inglaterra “a imprensa foi muito maldosa a respeito do protocolo de Liverpool, afirmando que e uma maneira de matar as pessoas rapidamente a fim de liberar leitos hospitalares” (continua – part. II).

Assinatura Pe Leo Pessini

Escrito por
Pe. Léo Pessini Currículo - Aquivo Pessoal (Arquivo Pessoal)
Pe. Leo Pessini (in memoriam)

Professor, Pós doutorado em Bioética no Instituto de Bioética James Drane, da Universidade de Edinboro, Pensilvânia, USA, 2013-2014. Conferencista internacional com inúmeras obras publicadas no Brasil e no exterior. É religioso camiliano e atual Superior Geral dos Camilianos.

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