Por Pe. Leo Pessini (in memoriam) Em Igreja

Infância no mundo: nosso futuro em perigo

O Relatório do UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) - 2016, afirma que: “Toda criança nasce com o mesmo inalienável direito a um começo de vida saudável, educação e uma infância segura e protegida – todas as oportunidades básicas que se traduzem em uma fase adulta produtiva e próspera. Mas, ao redor do mundo, milhões de crianças têm seus direitos negados e são privadas de tudo o que precisam para crescer saudáveis e fortes”.

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Com este diagnostico inicial, enumero algumas situações críticas e aflitivas que exigem intervenção urgente. Um recém-nascido privado de cuidados pós-natal pode não sobreviver nos primeiros dias. Uma criança privada de vacinação ou água potável pode não sobreviver até seu quinto aniversário, ou pode viver uma vida de saúde precária. Uma criança sem uma nutrição adequada não alcançará todo o seu potencial físico e cognitivo, limitando sua habilidade de aprender e ter êxito.

Uma criança privada de educação de qualidade não terá as habilidades necessárias para um dia ter sucesso no trabalho ou mandar seus próprios filhos para a escola. E uma criança privada de proteção – em relação a conflitos, violência ou abuso, exploração e discriminação, trabalho infantil, casamentos ou gravidez precoces – pode ficar marcada psicológica e emocionalmente para sempre, com profundas consequências.

A boa notícia é que existem maneiras mais efetivas – e mais baratas – de alcançar as crianças, as famílias e as comunidades mais difíceis de serem alcançadas. Novas tecnologias, a revolução digital, maneiras inovadoras de financiar intervenções críticas e movimentos liderados por cidadãos estão ajudando a levar mudanças para os mais desfavorecidos. Investir nessas intervenções e iniciativas, e fomentar esses movimentos emergentes, vai render benefícios a curto e longo prazo para milhões de crianças e suas sociedades.

:: A importância da avaliação para a Pastoral da Criança

O entendimento do conceito de equidade, comporta exigências de que todos devem seguir em frente, tanto em países ricos quanto em pobres. Mas, com maior investimento e esforço para alcançar crianças e famílias que fizeram menos progresso, avanços em sobrevivência infantil, saúde e educação podem ser mais bem divididos para o benefício de todos. Os objetivos de desenvolvimento, devem focar e investir primeiro nas crianças que estão mais para trás.

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Por que focar em equidade agora? Para que possamos superar um quadro horrível de desigualdades e iniquidades. Vejamos, isto em três itens a saber, pobreza, saúde e educação para termos uma ideia. Um retrato de dados relativos à pobreza: As crianças representam 34% do total da população dos países de baixa e média renda, mas são 46% da população que vive com menos de US$1,90 por dia. Mais de 300 milhões de crianças vivem em zonas de alta ocorrência de enchentes que também estão em países em que mais da metade da população vive com menos de US$3,10 por dia. Na África ao sul do Saara, 247 milhões de crianças – duas em três – vivem em pobreza multidimensional.

No item saúde infantil: As crianças mais pobres, comparadas com as mais ricas, têm: 1/3 de chance de ter assistência capacitada em seu nascimento, 1,9X mais probabilidade de morrer antes dos 5 anos e 2,1X mais probabilidade de ter atraso no crescimento. Em relação à educação: cerca de 124 milhões de crianças é negada a oportunidade de entrar na escola e completar os estudos. Desde 2011, o número global de crianças que não frequentam a escola aumentou. 38% das crianças em escola primária não aprendem a ler, escrever e fazer contas aritméticas simples. Estimados 75 milhões de crianças e adolescentes (de 3 a 18 anos) em 35 países estão em necessidade máxima de educação. Desses, 17 milhões são refugiados, internamente deslocados ou parte de outra população preocupante. Cerca de 150 milhões de crianças menores de 14 anos estão envolvidas em trabalho infantil, em muitas instancias, trabalho escravo!

Qual seria a saída deste inferno de desigualdades, iniquidades e de mortes perfeitamente evitais? O relatório do UNICEF “Situação Mundial da Infância 2016: Oportunidades justas para cada criança”, fala em “investir em equidade e encontrar novas maneiras de financiar esforços pra beneficiar as crianças mais desfavorecidas”. A promessa e o imperativo da equidade, é que “com os investimentos certos, no tempo certo, crianças desfavorecidas podem realizar seus sonhos de uma vida melhor. Reduzindo as iniquidades que violam seus direitos hoje, tais investimentos podem ajudar essas crianças a ter uma vida mais produtiva quando adultas e habilitá-las a criar mais oportunidades para seus filhos, substituindo ciclos Inter geracionais de privação por ciclos sustentáveis de oportunidades”.

Certamente que podemos mudar este destino injusto e iníquo de milhões de crianças. A iniquidade não é inevitável nem intransponível. Assim agindo estaremos sendo protagonistas na criação de um “outro mundo possível” para estes milhões de crianças que poderão, trocar esta perspectiva de morte quase certa, por um futuro saudável!

assinatura padre leo pessini

Escrito por
Pe. Léo Pessini Currículo - Aquivo Pessoal (Arquivo Pessoal)
Pe. Leo Pessini (in memoriam)

Professor, Pós doutorado em Bioética no Instituto de Bioética James Drane, da Universidade de Edinboro, Pensilvânia, USA, 2013-2014. Conferencista internacional com inúmeras obras publicadas no Brasil e no exterior. É religioso camiliano e atual Superior Geral dos Camilianos.

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