Por Padre José Luis Queimado, C.Ss.R. Em Igreja

Internet: de onde veio e para onde vai?

A Internet é responsável pela grande revolução do final do século XX e da despedida do 2º Milênio. Foi a fundação de um mundo totalmente novo.

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Comparada somente a grandes eventos transformadores da História, tais como: a invenção da roda pela Civilização Suméria, há mais de 5000 anos; o surgimento da escrita, também na belíssima Civilização Suméria, provavelmente também há 5000 anos; o aperfeiçoamento da escrita com a criação do alfabeto, há cerca de 4000 anos, proeza dos fenícios; o nascimento e a vida de um galileu, Jesus de Nazaré, que dividiria a História em antes e depois; o aprimoramento da Imprensa por Johannes Gutenberg, na Alemanha do século XVI; a Revolução Industrial na Inglaterra do século XIX; as descobertas mais recentes de diversas áreas das ciências; a Internet faz parte desse seleto grupo de acontecimentos que ressignificou a vida dos seres humanos.

É de se notar que a Internet surge para dar respostas a uma sociedade em guerra. Muitas das invenções dos seres humanos surgiram exatamente num contexto de defesa ou ataque a outros grupos de pessoas. As invenções mais impressionantes da Antiguidade são as armas de guerra, engenhocas criadas para matar ou para se defender. A Internet também era uma estratégia de defesa, quando foi embrionariamente desenvolvida pela ARPANET, em 1969.

Não existia outro fim para a criação desses projetos que não fosse para o uso militar. No entanto, no momento em que o físico britânico Tim Berners-Lee desenvolve o projeto incipiente do que seria hoje a nossa rede mundial de computadores (World Web Wide - WWW), em 1989, as intenções do plano tomam novos rumos. Não mais se quer usar a Internet para a guerra, pois o objetivo, agora, é disponibilizar todo o conhecimento humano produzido para o bem da humanidade.

Dos desejos bélicos à utopia de um mundo igualitário, a Internet consegue uma adesão extremamente gigantesca. O mundo do século XXI e do 3º Milênio já não conseguirá caminhar sem a ajuda dessa bengala. Estaríamos mancos sem essa muleta pós-moderna.

 

O internauta se torna o protagonista na pesquisa. Nada mais é é enfiado 'goela abaixo', porque todos têm a possibilidade de checar as diversas informações que chegam a cada momento.

Hoje, podemos constatar, com orgulho, que o objetivo perseguido pela Internet nos últimos 25 anos tem sido alcançado: democratizar o conhecimento e as informações. O que era monopólio das grandes e tradicionais mídias, ou dos poderosos governos despóticos, torna-se um bem da humanidade. O internauta se torna o protagonista na pesquisa. Nada mais é enfiado “goela abaixo”, porque todos têm a possibilidade de checar as diversas informações que chegam a cada momento.

Por outro lado, de forma célere, o primeiro objetivo bélico da Internet volta à baila. O vírus genético do nascimento beligerante da Internet invade as redes mundiais. Existem ringues macabros em alguns lugares da Web.

O anonimato, a agressividade e a impunidade tornam o ambiente da Rede uma terra de ninguém, fazendo vir à mente as cenas de filmes faroestes americanos. O que é considerado crime no mundo concreto (racismo, xenofobia, perjúrio, calúnia, ameaças) torna-se banalidade no mundo virtual.

Xingamentos de todos os níveis são detectados a todo momento, em todo espaço cibernético. Não há limites para os maníacos e psicopatas anônimos que aterrorizam o ambiente digital, reavivando o clima primordial do nascimento da Internet: perfeito para a guerra.

Os comentários debaixo de cada texto, vídeo ou foto são os novos campos de batalhas, onde tribos se digladiam até a morte da dignidade alheia. Lembrando os antigos combates dos assírios, dos babilônios, dos persas, dos gregos, dos romanos, os comentários são as armas mortais pós-modernas para aniquilar os inimigos desconhecidos, que ousam discordar da nossa suprema e intocável sabedoria.

Depois de tudo isso posto, a pergunta que não quer calar é quando haverá punição para aqueles que promovem chacina verbal na Internet? Deveríamos nos conformar de que a Web está concretizando a ideia de Thomas Hobbes de que ali se tem um espaço de uma guerra de todos contra todos?

Não deveríamos punir os grandes portais, sites e plataformas que permitem a agressão verbal, alegando liberdade de expressão? A minha liberdade vai até aonde começa a liberdade do outro! Estamos nos esquecendo disso?

Enfim, os últimos 25 anos trouxeram um cabedal de conhecimento e reflexão jamais visto em toda a história humana, não podemos permitir que esse vaso de cristal da genialidade humana se arrebente devido ao barro da intolerância que está se formando no seu interior!

A Internet fugiu do seu nascimento infame, de servir ao uso militar, e trilhou um caminho de solidariedade e esperança, de partilha do conhecimento, mas começa a se desviar para uma trilha obscura, que leva diretamente ao abismo dos mais perniciosos sentimentos humanos. Está na hora de lançarmos luz nesse caminho e salvarmos das garras da selvageria uma das maiores revoluções da humanidade nos últimos séculos!

Padre Queimado articulista colunista

Escrito por
Pe. José Luis Queimado, C.Ss.R. (Arquivo Santuário Nacional)
Padre José Luis Queimado, C.Ss.R.

Missionário Redentorista com experiência nas missões populares, no atendimento pastoral no Santuário Nacional de Aparecida, passou pela direção do A12, fez missão na Filadélfia nos Estados Unidos. Atualmente é diretor editorial adjunto na Editora Santuário.

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