Igreja

Língua Portuguesa: 'Flor do Lácio com espinhos!'

Pe. José Luis Queimado, C.Ss.R. (Arquivo Santuário Nacional)

Escrito por Padre José Luis Queimado, C.Ss.R.

18 ABR 2015 - 07H00 (Atualizada em 05 MAI 2021 - 15H50)

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Com certeza, você é consciente de que a nossa Língua Portuguesa é muito complexa. Quem já não deu uma paradinha para conferir como se escreve 'exceção' ou 'excepcional', 'esplendor' ou 'extradição', 'acessório' ou 'assessor'?

E será que devemos escrever 'mundo afora' ou 'mundo a fora'; 'encima' ou 'em cima'; 'enfim' ou 'em fim'? Pequenos exemplos de nossa amada e odiada Língua Portuguesa escrita, “a última flor do Lácio, inculta e bela”, como disse o poeta Olavo Bilac (1865-1918). E, hoje, podemos observar que essa flor traz muitos espinhos. Ela nos fere no aprendizado, mas vale a pena o seu cheiro inigualável!

No mundo digital no qual estamos inseridos, esse idioma sofre transformações outrora inimagináveis. A escrita está se tornando empreitada cada vez mais rara. Encurtamos as palavras para conversar mais rapidamente, numa realidade de velocidades exponenciais.

A maioria dos brasileiros já escreve “vc” em vez de “você”. E olha que o antigo tratamento de referência “vossa mercê”, há um bom tempo, vem vivenciando uma história de encolhimento fenomenal: “vossemecê”, “vosmecê” e até o antigo “vancê”, muito usado pela cultura caipira de nosso país, já se transformou em “ocê”, agora “vc”, e o seu futuro é incerto. E nos deparamos com reduções do naipe: pq (porquê), aki (aqui), axo (acho), tb (também), v6 (vocês), naum (não), eh (é), entre outras mudanças inusitadas!

Os maiores problemas que surgem da má escrita são os mal-entendidos. Corriqueiramente, nas redes sociais, fica impossível de perceber se os comentários são elogios ou críticas. Não podemos nos esquecer de que a falta de pontuação já gerou brigas renhidas ao longo da História. Coloco dois exemplos clássicos de charadas sobre pontuação para refletirmos um pouco sobre a importância de tais sinaizinhos.

Faça o exercício de pontuar as seguintes frases, dando sentido a elas:

1 – Pedro toma banho quente e sua mãe diz ele quero banho frio

2 – Um fazendeiro tinha um bezerro e a mãe do fazendeiro era também o pai do bezerro

É certo que os leitores-internautas vão quebrar a cabeça tentando dar sentido às frases acima, que são perfeitamente compreensíveis quando pontuadas corretamente! Mas tudo isso para dizer que devemos ser mais cuidadosos com a nossa escrita e, obviamente, com a nossa fala. As grandes guerras e os conflitos pessoais seriam mitigados com um bom diálogo.

Um casamento, uma amizade ou uma relação internacional necessitam de um exímio uso do idioma. Esforcemo-nos um pouquinho mais para zelar por esse bem inestimável.

Não há necessidade de sair corrigindo todo o mundo, mas quem se esforça para lapidar a língua que fala e escreve é bem mais compreensível a todas as outras pessoas. Saibamos aproveitar melhor essa capacidade divina da escrita, da compreensão e da fala, pois, aprendendo melhor a sua Língua, terá mais coragem de se aventurar no mundo do diálogo, no relacionamento eu-tu.

É certo que muitas pessoas nem foram à escola por falta de oportunidade e são analfabetas e, ainda assim, sabem dialogar com maestria. Mas não nos enganemos: essas pessoas são as raras pedras preciosas que encontramos vez e outra. O jeito mesmo é aprofundar o conhecimento da língua com a qual você é capaz de se expressar e de existir no mundo para os outros!

Reflitamos!

Escrito por
Pe. José Luis Queimado, C.Ss.R. (Arquivo Santuário Nacional)
Padre José Luis Queimado, C.Ss.R.

Missionário Redentorista com experiência nas missões populares, no atendimento pastoral no Santuário Nacional de Aparecida, passou pela direção do A12, fez missão na Filadélfia nos Estados Unidos. Atualmente é diretor editorial adjunto na Editora Santuário.

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