Por Pe. José Luis Queimado, C.Ss.R. - Jornal Santuário Em Artigos

Guerra às devoções populares?

Não é raro ver alguns membros de certas igrejas evangélicas neopentecostais vociferando contra a imagem de Nossa Senhora Aparecida, ou imagens em geral. O fanatismo é tão gritante que essas pessoas inundam sites católicos com palavras de ordem, achincalhamentos e citações bíblicas retiradas do contexto. As redes sociais são um palco ainda mais sanguinolento dessa guerra da fé infantilizada.

No entanto, a Igreja nos ensina a preservar a nossa discrição e não prosseguir com contendas públicas por causa da fé. Sabemos que existem protestantes e evangélicos pentecostais que são sublimemente respeitosos e prudentes ao proferir opiniões sobre as devoções a Maria Santíssima, mas com aqueles que insistem em digladiar e em dizer impropérios nas plataformas on-line ou na vida quotidiana, devemos tomar a postura do ignorar para o bem maior, – afinal, não adianta dar murros em ponta de faca!

Na realidade, o que realmente nos assusta é ver alguns sacerdotes, midiáticos ou não, soltando o verbo contra as devoções populares. Quando a fé começa a se intelectualizar por demais, a exclusão aos mais simples está lançada! O diálogo do povo com Deus acontece de maneira singela e respeitosa, e foi essa forma de conversar com o divino que cativou a admiração de Jesus: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos!”. (Mt 11, 25).

Com isso, Jesus dá aos pequeninos e aos simples de coração o direito de rezar e expressar a fé à sua maneira. Diante da imagenzinha de Nossa Senhora Aparecida, por exemplo, o povo se deixa envolver pelo mistério da Encarnação, da maternidade e do amor, o que pode parecer aos intelectualizados uma fé de puro devocionismo infrutífero.

É compreensível que algumas pequenas denominações incitem os seus poucos e fanatizados membros a atacarem uma fé que não compreendem, mas é totalmente insano observar que sacerdotes e intelectuais católicos inflijam críticas mordazes às devoções populares. Como diziam os antigos: “É natural que o lobo devore as ovelhas, mas ver as ovelhas devorando as próprias ovelhas, isso sim é assustador!”.

Devemos, sim, sempre lembrar ao povo que o Cristo é o centro de nossa fé, mas a atitude se torna pedante quando vituperamos os fiéis que ousam a se relacionar com Deus diferentemente de nossas regras!

Grandiosas mentes católicas, desde Santo Agostinho, passando por São Boaventura, São Francisco de Sales, Santo Afonso de Ligório, São João Maria Vianney, até São João Paulo II e Papa Francisco, reafirmaram a legitimidade do culto a Maria Santíssima, com todas as suas devoções populares anexas. Sabemos que os excessos são sempre ruins, e são constatados quando começamos a monetizar a fé; a fazer comércio com Deus; a chantagear Nossa Senhora; a exigir milagres em nossa vida, etc. Mas prefiramos juntar a nossa voz aos grandes santos e doutores da Igreja a patrocinar a agressão contra a religiosidade popular, pois, dessa forma, teremos muito menos chances de errar diante de Deus!

Padre José Luís Queimado, C.Ss.R., é diretor do Portal A12.com

Escrito por
Pe. José Luis Queimado, C.Ss.R. (Arquivo Santuário Nacional)
Pe. José Luis Queimado, C.Ss.R. - Jornal Santuário

Redentorista, formado em Filosofia e Teologia. Pesquisador das Sagradas Escrituras e História. Acumulou experiência nas Missões Populares e no Santuário Nacional de Aparecida.

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