Por Miguel Júnior Em Artigos

No limbo da violência

Quanto menos educação um povo recebe, mais alienado e propenso a tornar-se estatísticas negativas ele está. País sem cultura reflete uma base incondicional de alimentação de cidadãos sem um norte; não se sabe para onde deve rumar. Por esse viés, a maioria das cidades do Vale do Paraíba, no interior de São Paulo, sofre com o aumento da violência.

Não há uma semana sequer que não ouço alunos reclamarem que sofreram assaltos à mão armada, inclusive muitos casos com agressões e humilhações que os cidadãos de bem não merecem passar. Se refletirmos um pouco, podemos perceber que as cidades do Vale do Paraíba vivem um momento de crise no âmbito da segurança – é claro que não há maestria na gestão dos princípios básicos expostos na Declaração dos Direitos Humanos Universais.

A sensação de impunidade e a certeza de que o criminoso ou infrator, caso seja um menor de idade, tornam-nos reféns da própria existência. O estado de alerta sempre presente em nosso cotidiano nos torna pessoas menos humanas no sentido mais amplo da desconfiança.

Viver deveria ser uma recompensa pelo esforço despejado no trabalho e não uma sequência de tentativas de sobrevivência. Parece que os crimes estão cada vez mais banalizados e que os valores morais estão se perdendo segundo por segundo. Saímos de casa com medo e este sentimento nos impede de fluir harmoniosamente.

Quando afirmo que os valores se perderam, reitero que, se um cidadão de bem sofrer um assalto, sobreviver e ter o psicológico abalado, quem receberá auxílio do governo será o bandido, caso seja preso. A vítima não recebe nem um telefonema de qualquer assistente social para oferecer algum apoio.

Não vou cair no lugar-comum e afirmar que a causa de tudo isso é a falta de educação de qualidade. Vejo que toda essa problemática é fruto de administrações públicas extremamente incompetentes que não conseguem gerenciar os mínimos padrões de qualidade para a população.

Vivemos atrás das grades enquanto os gatunos passeiam pelas ruas sem qualquer sentimento de culpa, agindo como vermes vorazes pela carne. Ao que parece, não há volta. Caímos no limbo que está no fundo do poço. Difícil será sair dele e, caso consigamos, será ainda mais complexo nos limparmos de tanta sujeira acumulada com o tempo.

Miguel Júnior é mestre em Linguística, jornalista e professor universitário

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Miguel Júnior
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Mestre em Linguística, jornalista e professor universitário

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