Por Pe. Ulysses da Silva, C.Ss.R. Em Artigos

Sair para as periferias

O Papa Francisco tem sido fiel às propostas que faz para toda a Igreja. Do dia 25 ao dia 30 de novembro, ele fez uma visita ao continente que está na periferia do nosso mundo: a África. Escolheu três países que lutam para escapar da miséria, da injustiça e da violência: Quênia, República Centro-Africana e Uganda.

O Papa Francisco não foi pedir privilégios para a Igreja católica nem fez discursos doutrinários, mas debruçou-se sobre o povo pobre e sofrido, conclamando governos e religiões a se darem as mãos para promoverem a reconciliação e a vida, a justiça e a paz. Seu primeiro diagnóstico ecoou da África para o mundo todo: “A experiência demonstra que a violência, o conflito e o terrorismo se alimentam do medo, da desconfiança e do desespero, que nascem da pobreza e da frustração”. Ele clama contra a globalização de uma “cultura do descarte”, “que nos torna cegos aos valores espirituais, endurece nosso coração à vista das necessidades dos pobres e priva os nossos jovens de esperança”. E mais uma vez, ele insiste junto aos líderes religiosos que a religião “não pode ser usada para justificar o ódio e a violência”: “Juntos, digamos não ao ódio, não à vingança, não à violência, especialmente aquela que é perpetrada em nome duma religião ou de Deus. Deus é paz!”. E faz um apelo mundial pela paz: “A todos aqueles que usam injustamente as armas deste mundo, lanço um apelo: deponde esses instrumentos de morte. Armai-vos, antes, com a justiça, o amor e a misericórdia, autênticas garantias de paz”.

Ao visitar a favela de Kangemi, em Nairóbi, deixou claro sua opção preferencial pelos pobres, com os quais sente-se mais à vontade do que em qualquer outro ambiente. Ao referir-se aos bairros populares, afirma que lá existe “uma sabedoria que brota de uma obstinada resistência do que é autêntico, dos valores evangélicos que a sociedade do bem-estar, entorpecida pelo consumo desenfreado, parece ter esquecido”. Isso não esconde a injustiça da concentração egoísta de poder e de riqueza pelas minorias, “enquanto a crescente maioria das pessoas precisa refugiar-se nas periferias abandonadas, poluídas, descartadas”. E denuncia novamente o pecado do desperdício: “Quantos irmãos e irmãs nossos são vítimas da cultura atual do ‘usa e joga fora’, que gera desprezo sobretudo para com crianças nascituras, jovens e idosos”.

O Papa exaltou também a tradição familiar africana, que ainda mantem valores estáveis. Suas palavras deveriam ecoar com força na consciência de muitos noivos cristãos, para os quais o sacramento do matrimônio desfigurou-se num evento social caríssimo: “No coração do matrimônio cristão temos o dom do amor de Deus, não a organização de festas suntuosas que, muitas vezes, obscurecem o significado espiritual mais profundo duma jubilosa celebração com familiares e amigos”.

Padre Ulysses da Silva, C.Ss.R.,

Missionário redentorista, atua nos trabalhos pastorais do Santuário Nacional de Aparecida

Padre Ulysses da Silva, C.Ss.R., é missionário redentorista e atua nos trabalhos pastorais do Santuário Nacional de Aparecida
Escrito por
Pe. Ulysses da Silva, C.Ss.R. (Aquivo redentorista)
Pe. Ulysses da Silva, C.Ss.R.

Missionário Redentorista e membro da Academia Marial de Aparecida

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