Por Allan Ribeiro Em Jornal Santuário

Legado das Olimpíadas do Rio de Janeiro é deficitário

Para receber as competições dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, além da construção e da reforma dos centros esportivos e da elevação da Vila Olímpica, a cidade investiu em diversos projetos de infraestrutura. Para cada real gasto com instalações olímpicas, cinco foram gastos em legado. Apesar disso, algumas lacunas não foram preenchidas.

Entre os pontos fortes, o que se destaca é a mobilidade. As obras deram maior fluidez ao transporte de pessoas. Três corredores foram criados para interligar pontos do Rio, encurtando as distâncias. Os transportes públicos também passaram por transformações com a instalação de BRTs (bus rapid transit) e VLTs (veículo leve sobre trilhos). No final do ano, cerca de 63% da população estará usando transporte de alta capacidade.

Foto de: Alex Ferro/Rio 2016 

Olímpiadas

Apesar de todos os problemas a mobilidade é o maior legado do Jogos

 

O professor de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Ricardo Esteves, afirma que, apesar de todos os problemas a mobilidade é o maior legado do Jogos.

“A combinação da implantação da extensão da Linha 1 e de parte da Linha 4 do metrô, do novo sistema de bondes e dos corredores de ônibus, podem tirar muitos carros das ruas, aliviando os congestionamentos e oferecendo a possibilidade de viagens mais rápidas, especialmente se for através de meios públicos coletivos. Entretanto, são investimentos tardios, embora importantes, mas principalmente insuficientes para o que esta cidade precisa hoje, que dirá do que precisará no futuro”, salienta o especialista.

Depois de décadas de abandono, a região portuária foi revitalizada. No total, 5 milhões de metros quadrados serão revitalizados no projeto Porto Maravilha, que contou com a derrubada completa do Elevado da Perimetral, com sua substituição por uma malha de vias expressas, mergulhões e túneis que reintegram a região com o restante da cidade.

Apesar dos benefícios à população, o especialista teme que parte da estrutura possa se tornar “elefantes brancos”. Para Esteves, os equipamentos, as instalações e infraestruturas para os eventos olímpicos poderiam ser bem aproveitados a partir de medidas voltadas para o incentivo à prática esportiva nas escolas e à organização de eventos esportivos na Cidade.

Para o professor, os investimentos em equipamentos esportivos só darão frutos sociais dependendo das políticas urbanas adotadas, valorizando um sistema educacional no Rio de Janeiro e nos municípios vizinhos que inclua práticas esportivas, utilizando esta estrutura.

“Os investimentos realizados, considero-os importantes. Porém tardios e insuficientes para o que esta cidade e seus cidadãos precisam. Além disso, perderam-se oportunidades valiosas para se conquistar patamares possíveis como uma baía da Guanabara despoluída, uma rede de Metrô mais abrangente e uma cidade repensada e com cenários futuros apoiados em processos de planejamento participativo, que apontem efetivamente para uma cidade socialmente justa, economicamente viável, ambientalmente sustentável e urbanisticamente equilibrada”, concluí.

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