Por Elisangela Cavalheiro Em História da Igreja

10. Páginas da História da Igreja

História da Igreja no Brasil – IX

Três elementos constituíram a base do sistema colonial imposto no Brasil por Portugal. Este sistema vigoraria durante aproximadamente quatro séculos. São eles:

Monocultura, baseada no extrativismo e exploração primaria do meio ambiente;

Economia visando o abastecimento do mercado externo;

Agricultura baseada na exploração de mão de obra escrava.

A economia colonial estruturou-se desta forma nos chamados ciclos sócio-econômicos. Destaco hoje neste artigo os mais importantes.

Ciclo do Pau Brasil

Localizou-se ao longo do litoral brasileiro, atingindo especialmente o Nordeste, entre a Bahia e o estado do Maranhão. As fazendas também chamadas de feitorias constituíram-se nos pólos de exploração da madeira que depois era levada para entrepostos comerciais, localizados em sua maioria no litoral. De lá o Pau Brasil era exportado para a Europa para ser utilizado na industria têxtil.

Este ciclo teve o seu auge nos séculos XVI e XVII e visava basicamente abastecer o mercado externo. Uma questão que fica até nos dias de hoje é sobre a responsabilidade deste ciclo no desmatamento e, portanto, no problema da seca no Nordeste.

Este ciclo não provocou a urbanização no Brasil.

Ciclo do Açucar

Foi introduzido no Brasil à partir da segunda metade do século XVI e atingiu todo o Nordeste e parte do Sudeste brasileiro.

Ele teve o seu auge no século XVII e seus pólos de exploração eram os engenhos onde se destacavam a Casa Grande, residência da família do senhor de engenho, a senzala onde se amontoavam os escravos, as instalações onde se produziam o açúcar e a rapadura e por fim as grandes plantações.

Por volta de 1700 a Bahia tinha 146 engenhos, Pernambuco tinha 236, Rio de Janeiro 136. A produção total de açúcar chegava a 1,3 milhões de Quilos.

O maranhão chegou a ter 500 engenhos, mas foi abandonado - os aos poucos. Este ciclo começou a decair no século XVIII com a concorrência do açúcar produzido nas Antilhas Holandesas.

Quando o ouro foi descoberto nas Minas Gerais este ciclo passou a perder população por causa das pessoas que iam trabalhar nos garimpos.

Como o ciclo do Pau Brasil este também não provocou a urbanização.

Ciclo do Gado

A princípio este ciclo concentrou-se mais no Vale do Rio São Francisco, mas em pouco tempo foi estendendo-se em direção Centro e Sudeste brasileiro, sendo o primeiro responsável pela interiorização da exploração. No século XVIII os Pampas Gaúchos tornaram-se a região privilegiada para a exploração do gado, tendo em vista a produção do famoso Charque.

Seus pólos de exploração eram as fazendas onde destacavam - se a Casa Grande do fazendeiro, os ranchos do peões e os currais para recolher o gado. Muitas vezes esses ranchos abrigavam também os viajantes e suas comitivas. No sul estas fazendas eram também chamadas de estâncias.

Este ciclo, ao contrario dos dois anteriores, tinha como mão de obra os mestiços que eram livres. Este ciclo ainda hoje abastece a industria da carne e do couro, altamente desenvolvida. No período colonial o Nordeste tinha um rebanho de 800 mil cabeças, o Sudeste tinha 500 mil e o Sul aproximadamente 01 milhão de cabeças.

No Rio Grande do Sul paralelo à pecuária houve também a produção da erva mate.

Ciclo do Ouro

Começou no século XVII com a descoberta do ouro de aluvião nas atuais Minas Gerais que na época pertenciam a província de São Vicente (São Paulo) e eram chamadas de "Currais".

Desde o inicio da colonização todos os esforço da metrópole portuguesa se faziam no sentido de descobrir as minas de metais preciosos. Para isto organizaram as Entradas e Bandeiras. O ouro e a prata que foram descobertos na América Espanhola aumentavam a cobiça e provocariam também o contrabando.

Primeiro foram descobertas jazidas de pedras semi - preciosas (1681) e mais tarde descobriram-se as primeiras jazidas de ouro nas margens do Rio das Velhas, na Chapada Diamantina (1698). Em 1719 descobriu-se o ouro no atual estado do Mato Grosso e, em 1725, na Bahia e Goiás. Nesta mesma época descobriu-se o diamante em Minas Gerais.

Este ciclo provocou uma verdadeira invasão da Província de Minas que logo se tornaria independente. Um dos caminhos de abastecimento passava pelo Vale do Paraíba onde no ano de 1717 foi encontrada a Imagem de Nossa Senhora Aparecida.

A exploração do ouro era monopólio da coroa, com isto houve uma centralização administrativa e um maior rigorismo por parte das autoridades coloniais. O fim da autonomia e a cobrança rigorosa de taxas provocaria vários movimentos de revolta, sendo a Inconfidência Mineira o mais conhecido.

Até o principio do século XIX o Brasil possuía 550 minas e ao redor da extração trabalhavam 15 mil pessoa, entre escravos e livres.

Até 1801 o Brasil exportou 980 toneladas de ouro e 2,9 milhões de quilates de diamante. Este ciclo provocou a urbanização localizada. A cidade de Vila Rica chegou a quase 100 mil pessoa nesta época.

Características da Economia Colonial

O Brasil foi colônia de Portugal por três séculos, integrando o sistema capitalista como fornecedor de matérias primas. No inicio uma das características da economia colonial era a ausência de capital circulante, pois o comercio era feito na base de troca.

Com a expansão demográfica, com a interiorização das fronteiras e com a semi-autonomia concedida pela metrópole sobre tudo no tempo em que Portugal esteve unido com a Espanha, começou a nascer os ideais de emancipação.

Na colônia brasileira o comando do sistema econômico era feito de fora para dentro. aqui dentro um pequeno grupo de privilegiados usufruíam desta situação mas as camadas populares foram excluídas da economia de mercado.

A polarização econômica do Brasil se fez no sentido Norte-Sul e Leste-Oeste. O Sul e o Leste concentram desde então maior população e mais riquezas. O Norte e o Oeste são vazios de gente e carentes de riquezas.

Além do mais o crescimento se fez sobre a desigualdade no relacionamento da metrópole com a colônia, entre classes sociais e entre regiões. Desde aquela época nossas maiores carências são a falta de capitais, porque somos exportadores de matérias primas e a falta de tecnologia, porque somos ainda dependentes.

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0

Boleto

Carregando ...

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Elisangela Cavalheiro, em História da Igreja

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.

Carregando ...