História da Igreja no Brasil - XV
Especialmente depois da Guerra do Paraguai, encerrada em 1870, o contexto político interno do Brasil passou por ampla fermentação e aos poucos começaram a formar-se os fatores que serviriam como antecedentes do sistema republicano.
Vários motivos contribuíram para isto: A intervenção cada vez maior das forças armadas na política; A desafeição da opinião publica pela monarquia; A crescente frieza dos conservadores e do clero em relação ao imperador; A oposição dos partidos políticos, especialmente o liberal pelo uso do poder moderador em mãos do imperador.
Por causa disto vários movimentos surgidos nas Províncias tiveram caráter de luta pela autonomia e seguiam os ideais republicanos: Guerra dos Farrapos (1835-45) - Rio Grande do Sul. Revolução Praieira (1848) - Pernambuco
Outros movimentos: No contexto político o Partido Liberal e também o Conservador continuavam dividindo o poder, reservando para si a composição dos ministérios. A luta pela libertação total dos escravos continuava e vários passos foram dados. Em 1871 foi sancionada a "Lei do Ventre Livre".
De muito já havia militares participando da política, fazendo-se eleger para cargos importantes, mesmo os que estavam no serviço ativo. Em 1866 Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias foi nomeado comandante em chefe das forças brasileiras e em 1868, comandante geral da Guerra contra o Paraguai, apesar das criticas liberais. Com a queda do gabinete liberal de 1868 a Caxias coube a responsabilidade de organizar o novo mistério. Já deste período surgiam os conflitos entre civis e militares por causa da intervenção destes na política.
A partir de 1860 vários antecedentes irão fortalecer ainda mais o ideal republicano, até porque em toda a América Latina o Brasil era a única monarquia que ainda restava.
Antecedentes da República
A partir da segunda metade do século XIX começaram a se configurar alguns elementos que vão se juntando, ganhando força e que levarão ao declínio da monarquia brasileira e ao fim do império, com a proclamação da República em Novembro de 1889. Entre os principais podemos citar:
A oposição do Partido Liberal à monarquia: Este partido que sempre se destacou no contexto político da nação tinha os seguintes destaques em sua plataforma: Era contrário ao poder moderador do imperador, opinando que este poder deveria ser dado aos ministros, cobrava maior autonomia e descentralização do governo, propunha o fim do caráter vitalício do mandato senatorial, defendia a federalização do estado e queria a abolição do conselho de estado.
A expressão desta oposição nós a encontramos na publicação do Manifesto Republicano do dia 03 de dezembro de 1870 e na realização da Convenção de Itu em 1871. Entre os principais republicanos que mais trabalharam na configuração de sua plataforma e na composição de sua base podemos destacar Saldanha Marinho, Quintino Bocaiuva, Prudente de Morais e Campo Sales. A partir de 1871 os republicanos começam a participar das Assembleias Provinciais e gerais.
O descontentamento do exercito: O exército foi acumulando uma grande desconfiança em relação aos monarquistas, pois segundo o exército estes eram desconhecedores da real situação do país. Havia ainda o descontentamento pelo abandono do exército, sobretudo depois de tudo o que fez na Guerra do Paraguai. Já deste tempo também existia a reclamação pela baixa remuneração recebida.
Afastamento da Igreja: O afastamento da Igreja em relação à monarquia se deu por causa da política regalista, com o excessivo galicanismo e a política religiosa intolerante do governo manifesta nas seguintes ações: Intervenção e controle das ordens e congregações religiosas; Necessidade do “Placet Real” para a aplicação das bulas papais e outros documentos; Ligação do estado (oficialmente católico) com a maçonaria e a grande influência desta sociedade nos destinos políticos da nação; Intervenção do império na vida interna da Igreja, mesmo em assuntos que não lhe diziam respeito.
Tudo isto como fruto da Lei do Padroado que já vinha do tempo da colonização. O Estado é tido como patrão da Igreja, recolhia suas taxas e subvencionava o clero, criando uma forte dependência. A expressão desta oposição se deu no conflito Igreja-Estado com a "Questão Religiosa" (1872-75) com a condenação dos bispos de Olinda, PE e Belém, PA.
Ação da Imprensa Liberal: Outro antecedente da republica foi a monopolização da opinião publica pela imprensa liberal. A maioria dos jornais deste tempo já trabalhava na propaganda republicana.
Libertação dos Escravos: Enquanto a questão política tornava-se cada vez mais complexa, a luta pela libertação dos escravos continuava. Em 1871 sancionou-se a Lei do Ventre Livre. Um fundo de emancipação foi constituído para subsidiar a libertação movida pela ação dos abolicionistas com destaque para Joaquim Nabuco.
A luta pela emancipação atingiu a imprensa, o mundo literário e estudantil com ação panfletária e o engajamento das Universidades. Aos poucos as Províncias começaram a libertar os escravos. A primeira foi o Ceará. Em 1885 sancionou-se a Lei dos Sexagenários. Em 1888 estabeleceu-se a Lei Áurea pondo um fim definitivo à escravidão negra no país. Neste ano ainda havia 700 mil escravos no Brasil.
Especialmente por causa da luta pela libertação dos escravos, outro antecedente veio se juntar aos motivadores da republica. Tratava - se do afastamento dos conservadores (Aristocracia rural) em relação ao império (monarquia).
Outros fatores: A filosofia do positivismo e do racionalismo tinha fortes ramificações no exercito, e isto levava - o a se afastar ainda mais da monarquia. Os partidos políticos prevendo o fim iminente da republica passaram a atrair militares aos seus quadros para garantir o apoio e atenção do exercito, Com isso diversos generais tornaram-se conselheiros.
O exercito estava dominado por um "messianismo político", ou seja queria salvar a pátria pela intervenção na vida política. Os últimos gabinetes de ministros tiveram a vida muito breve e a instabilidade política apressou a Proclamação da Republica acontecida por fim no dia 15 de novembro de 1889.
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