Por Elisangela Cavalheiro Em História da Igreja

27. Páginas da História da Igreja

História da Igreja no Brasil – XXVI

FACILITADORES DA AÇÃO ECLESIÁSTICA:

Logo que chegou ao Brasil, pela ação conjunta de seus membros e pelo apoio dos poderes da Metrópole, a Igreja passou a se firmar no contexto colonial. O Cristianismo caminhava para se tornar a religião oficial da colônia, fato que se sustentará até a proclamação da república em 1889. Alguns elementos que destacamos a seguir serão facilitadores desta afirmação.

ESTRUTURAS DE IGREJA:

Logo após a chegada dos europeus começou a ser implantada no Brasil a organização clássica da Igreja, organização esta que persiste até nos dias de hoje.

Dioceses, paróquias e capelanias:

A primeira diocese que facilitará a vida da Igreja será a de Salvador, na Bahia, criada em 1551.

Conforme o ritmo de surgimento de povoados, vilas, cidades, engenhos e fazendas é que surgem as capelas curadas, paróquias e capelanias, sendo estabelecidas as irmandades e confrarias para ajudar no culto, assistir aos seus membros e cuidar dos pobres.

Institutos Religiosos:

Os religiosos criavam também as ordens terceiras como canais de divulgação de suas devoções. E mais tarde virão as ″Casas de Misericórdia” que prolongarão até hoje o trabalho assistencial da Igreja. Com o tempo surgiu a preocupação da Igreja na área vocacional e daí se deu a criação de seminários e colégios, além dos noviciados das ordens religiosas.

Da parte dos jesuítas a novidade serão as ″reduções” que funcionarão totalmente isentas da intromissão externa. Estas reduções também chamadas de missões se alastrarão por todo o território da colônia e ganharão força no sul do país.

Papel do Clero:

Outra estrutura facilitadora da ação da Igreja foi o trabalho do clero, composto por religiosos e diocesanos, com predomino dos primeiros até hoje.

Padres religiosos e seculares constituíram a base dos agentes da evangelização, pois os leigos apenas entravam como encarregados das capelas ou ″puxadores de rezas”, além dos ermitães que vão aparecendo aos poucos. Em sua esmagadora maioria o clero era oriundo da Europa. Só bem mais tarde vem o anseio pela formação de um clero nativo.

Ao entrar na área da colônia recém-descoberta por Portugal a Igreja sentiu necessidade de criar uma estrutura que favorecesse a sua ação. E para cá transplantou a estrutura clássica de Igreja: Dioceses, paróquias, capelas curadas e capelanias.

Toda esta estrutura estava nas mãos do clero, constituído por europeus, uma vez que ainda não se falava na possibilidade de criar um clero nativo. Ainda hoje a presença estrangeira no clero do Brasil é muito forte. Todos estes agentes de pastoral se voltavam à evangelização dos brancos, negros e índios.

Mas também aqui, no que diz respeito ao clero, se notava alguns problemas que em certa parte ainda persistem nos dias de hoje.

OS AGENTES DE PASTORAL:

No começo de nossa história aqui trabalhavam padres diocesanos. A partir de 1549, com os jesuítas, começaram a chegar as ordens e congregações religiosas que vão fundar conventos, mosteiros e missões e também vão assumir paróquias e outras instancias da pastoral ordinária.

Estes agentes de pastoral oriundos da Europa eram em sua maioria despreparados e sem muito empenho. Aqui apenas aplicavam, sem muita criatividade, o que haviam aprendido nos seminários da Europa.

O problema do isolamento dos que ficavam no interior contribuía também, pois além da dureza da vida, não contavam com recursos para a sua formação, uma vez que livros e publicações somente podiam ser feitos em Portugal e ao chegar aqui eram duramente fiscalizados. Por causa disto se notava no meio do clero certa propensão ao enriquecimento, até sem escrúpulos, certa ânsia em galgar posição na sociedade e a busca de posição política e influência na sociedade.

Levando-se em consideração que o padre estava presente em tudo na vida da colônia, logo vai começar a ocupar cargos políticos e a deter um Status só comparável ao da classe dominante.

Formação dos Candidatos ao Sacerdócio:

No século XVIII começaram as primeiras tentativas de formação de um clero nativo, para diminuir a dependência do exterior e para cuidar melhor de sua formação.

Até então os candidatos que surgiam eram formados nos palácios episcopais, nas casas paroquiais ou formavam-se nos conventos religiosos e colégios. A maioria dos que chegavam ao sacerdócio contavam com idade de 20 a 25 anos.

Compreendemos desta forma que dificilmente poderiam escapar dos vícios que dificultavam a ação apostólica da Igreja, mas não desmerecemos seus esforços, pois  claro, no meio deste clero existiam bons padres e muitos exemplos positivos, principalmente no meio do clero religioso.

Dos seminários surgiam os padres trão necessários ao atendimento religioso do povo.

Quando a Igreja católica começou sua ação evangelizadora no Brasil, o Cristianismo estava saindo de uma fase de grande sofrimento. Estava em curso na Europa e por tabela no Brasil e nas outras colônias o movimento de reação à Reforma Protestante chamado de Contra Reforma.

Parte importante da Contra Reforma foi a realização do Concilio de Trento que determinou uma série de normas e orientações para a Igreja. Toda a ação da Igreja entre nós vai se basear nos ditames deste Concílio realizado entre 1545 a 1563.

A IMPORTÂNCIA DOS JESUITAS:

Esta ordem religiosa fundada por Santo Inácio de Loyola em 1540 chegou ao Brasil em 1549 e logo se destacou no universo da Igreja colonial. Seus membros eram apostólicos, afeitos à dura vida, devotados inteiramente à causa missionária da Igreja e com voto de obediência ao papa.

Logo ao chegarem ao Brasil começam a evangelizar os nativos. Para isto aprendem a língua indígena e vão assumir a sua causa, chegando a se indisporem com os colonos que viam nos índios apenas mão de obra a ser escravizada e utilizada nos latifúndios.

Os Jesuítas são os criadores do método das Reduções nas quais respeitavam a cultura indígena ao passar os valores evangélicos. A resistência à invasão branca vai levar este grupo religioso a uma indisposição com as autoridades coloniais com a consequente expulsão do Brasil e das demais colônias portuguesas.

Além dos aldeamentos indígenas, outra novidade dos Jesuítas serão os colégios, espalhados de norte a sul. Não nos esqueçamos que a cidade de São Paulo surgiu ao redor de um colégio dos Jesuítas. Nestes colégios estudavam a classe mais influente da colônia como os filhos dos proprietários e latifundiários. Estudavam também os candidatos a ingressarem na ordem jesuítica e mais tarde também índios chegaram a receber formações neste colégio.

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