Por Pe. José Inácio Medeiros, C.Ss.R. Em História da Igreja Atualizada em 27 MAR 2019 - 10H58

29. Páginas de História da Igreja

História da Igreja no Brasil – XXVIII

Por causa da ingerência do imperador na vida interna da Igreja e devido às tentativas de manipulação pelas principais forças políticas de então a Igreja ficaria marcada por um sério conflito em fins do século XIX.

A Questão Religiosa:

Entre os anos de 1872 e 1875 aconteceu um serio conflito, hoje chamado de Questão Religiosa, que levou a termo uma linha de ação marcada pelo sentido reacionário e pelo fechamento. No nível católico esta ação ajudaria a determinar o dogma da infalibilidade papal.

Nesta época multiplicaram-se os anátemas e condenações contra as sociedades secretas, entre elas a maçonaria que predominava também no estado brasileiro. A maçonaria lutava contra a cúria romana e contra o absolutismo, para ver triunfar o ciclo de implantação do capitalismo. A Igreja recebeu a culpa pela chamada invasão ultramontana. O estado se uniu à maçonaria para afastarde vez a concorrência instrucional da Igreja.

O imperador não percebeu que duas décadas depois seria a vez da monarquia ser combatida pelas mesmas forças que estavam se unindo ao estado neste momento.

Mais tarde, quando dois bispos, o de Olinda e o do Pará, se recusaram a liberar as irmandades de penalidades impostas por abrigarem maçons confessos o conflito estava armado. As irmandades recorrem à coroa, os bispos recorrem a Roma, mas o estado recusa a interferência de Roma. O conflito foi ganhando proporções e no final deixou de ser mera questão judicial canônica.

No Brasil, das ultimas décadas do século XIX, se notava um antagonismo de forças: De um lado o estado liberal e monárquico, unido aos burgueses capitalistas e a maçonaria. Esta se deixa influenciar pelas doutrinas do positivismo e do racionalismo. Do outro lado estava a Igreja. Debilitada em suas estruturas, com o clero desunido e padecendo de uma má formação, que é um defeito crônico e sem grandes expoentes entre seu episcopado. Na ocasião da chamada Questão Religiosa o estado e a Igreja se opuseram de modo rigoroso e das consequências deste conflito podemos tirar vários ensinamentos.

A Igreja se encontrava dominada por atitudes defensivas diante do momento histórico que vivia e a cúria romana sofria contestações. A Igreja, que se preocupava com o fortalecimento da disciplina e da revitalização dogmática, quer demonstrar o seu poder. Teologia e moral se unem fortemente.

A maçonaria e o estado liberal agridem a Igreja aprisionando os bispos, discursando duramente contra aquilo que chamam de Ultramontanismo e levando o conflito para outras áreas, sobretudo o parlamento e a imprensa. O mais grave desta história toda foi a onda de anticlericalismo e a polarização da questão como se fosse só de política. A intransigência será outra marca característica deste conflito e esta sempre será prejudicial, pois leva as pessoas a não abrirem mão de suas posições.

Antecedentes do Sistema Republicano:

A monarquia que imperava no Brasil era oficialmente católica, mas opunha-se a Igreja. O imperador se dizia defensor perpétuo da religião, mas interferia na vida da Igreja, até mesmo em questões internas, por causa do regalismo. A legislação canônica e a civil sempre entravam em conflito, pois a legislação civil não passava de um amontoado de leis, regras e ordens.

Os partidos políticos eram subjugados, com o imperador usando e abusando do poder moderador. Enquanto isso o povo estava abandonado, alheio às principais questões, mesmo as religiosas.

No Brasil, desde aquele tempo, as instituições eram fracas e a legislação nunca aplicada como devia.

No império foram muitas as revoluções e tentativas de autonomia. Com isso a maçonaria vai se firmando como um grupo de grande influência, principalmente na imprensa e no parlamento. A busca da modernização do estado fez com o que o império fosse se transformando em constitucionalista, mas ainda usava do padroado régio para opor-se aos direitos adquiridos pela Igreja.

Ao fim da Questão Religiosa a maçonaria já estava se libertando do estado. Outras forças começavam a se destacar no cenário nacional. Entre elas estava o exército, que ganhava realce com a vitória na Guerra do Paraguai e na solução de outros conflitos. A oligarquia rural estava descontente com a monarquia por causa da libertação dos escravos. Estávamos então a um passo da republica.

De muito já se notava no Brasil o desejo de uma renovação, buscando a reação contra a decadência pela qual passava a Igreja. A atitude corajosa dos bispos de Olinda e Pará, se opondo aos desmandos do imperador foi o reforço que muitos esperavam e a Igreja começou a caminhar para a revitalização em suas estruturas e de seus quadros.

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