31. Páginas de História da Igreja

História da Igreja no Brasil - XXX  

Em fins do século XIX e início do século XX, o Brasil passava por um período de profundas transformações em sua estrutura com fortes marcas na sua economia e na sociedade. Consequentemente, a Igreja também sofreria muito com estas mudanças.   Contexto Geral Nível político: No Brasil ainda predominava o regime monárquico imperial. O imperador governava assessorado pelo Conselho de Ministros e tinha em suas mãos o poder moderador. O congresso era pouco ativo e estava dividido entre o partido conservador e liberal. Eleição ainda não existia e as oligarquias dominavam a cena política. Alguns movimentos e instituições lutavam pela implantação do Regime Republicano. Nível Social: Praticamente a situação social permanecia inalterada. Quem tinha terra tinha poder e todos os demais eram dependentes. Na cidade existia a classe dos profissionais liberais que aos poucos se destacava. A libertação dos escravos iria trazer um grave problema social até hoje de todo não resolvido. Desde os princípios do século XIX entravam os grupos de imigrantes europeus no Brasil.  

Os imigrantes europeus substituem os negros escravos na agricultura. Eles serão força de trabalho na industrialização  

Nível Cultural: A Cultura ainda permanecia como um privilégio no Brasil, sobretudo no interior. Mas aos poucos foi se formando uma classe letrada, formada na Europa. Esta classe se concentrava mais nas cidades. A imprensa se desenvolvia, os meios de comunicação entravam no Brasil e a literatura se desenvolvia com grandes expoentes na poesia e arte. Só nas primeiras décadas deste século se formaria a primeira universidade no Brasil. Nível Religioso: Graças a formação cultural e religiosa, apesar de toda a crise de relação Igreja-Estado, a alma do povo permaneceu religiosa. Pelo menos 95% da população se confessavam católica. Só com os imigrantes chegou o protestantismo no Brasil.   Situação da Igreja: A Igreja em fins do século XIX estava ainda numa posição fechada, avessa às mudanças e marginalizada dos movimentos sociais. No movimento abolicionista a Igreja pouco participou. Aos poucos a Igreja vai perdendo a sua influencia cultural e deixa de penetrar nas lideranças e nas elites pensantes. O positivismo, o cientificismo e outras doutrinas influenciam cada vez mais as novas gerações. Politicamente setores majoritários da Igreja ainda se colocam ao lado da monarquia. Com o advento da republica, somente a moderação dos primeiros republicanos fez com que a separação do estado não fosse mais cruel para a Igreja.  

Ventos de Mudanças:

Chegando ao final do século XIX este é o momento de olharmos para traz, vendo a realidade já estudada destes 04 séculos de história apresentados aos leitores em 30 diferentes artigos. Em que mundo a Igreja estava vivendo em fins do século XIX e quais os fatos determinantes deste período?  

A Igreja já existia há 400 anos em nosso país, e o Brasil já não dependia mais de Portugal, mas a independência proclamada em 1822 por D. Pedro I, ainda não existia de fato, e iria demorar um pouco para acontecer totalmente.

Contexto Externo O século XIX foi o tempo em que o sistema capitalista entrava numa nova fase. Deixando o tempo do capitalismo comercial ou mercantil, existia agora o capitalismo industrial. A partir da revolução industrial começada na Inglaterra e depois expandida por quase todos os países da Europa, a fonte do capital era agora a indústria. O Brasil deixaria de depender de Portugal para cair no domínio da Inglaterra. Por isso que a Inglaterra foi o primeiro país a reconhecer a nossa dependência e a lutar pela liberação total dos escravos.  

A industrialização alterou substancialmente o modo de vida do mundo    

Todo modo de vida no país seria influenciado pela Inglaterra e pela França. O século XIX viu ainda a unificação alemã e italiana e viu o Japão despertar para se tornar, mais tarde, uma grande potência. No século XIX quase todas as colônias da América Latina se tornaram independentes e na África começavam os primeiros movimentos de autonomia que ainda iria custar a acontecer. Outra potência que estava começando a se despertar eram os Estados Unidos da América.  

A França, por muito tempo, influenciou a cultura brasileira   

Contexto Interno No século XIX o Brasil saiu do sistema colonial para se tornar primeiro Reino Unido a Portugal e depois império. Tivemos dois imperadores e a capital do império era o Rio de Janeiro. Neste tempo começou a se definir as Províncias que hoje formam os 26 estados de nossa nação. Do ponto de vista econômico o Brasil sairia dos ciclos socioeconômicos do ouro, da cana de açúcar e do gado. O produto que agora valia muito era o café e ainda hoje o Brasil ostenta o título de maior exportador do produto. A dependência do exterior era muito forte. O Brasil não passava de um país exportador de matérias primas. Somente que agora, nosso principal parceiro comercial seria a Inglaterra.  

Rio de Janeiro, capital da Monarquia  

O século XIX verá diversos acontecimentos que ajudarão a modificar o nosso contexto interno. O Brasil passou pela guerra contra o Paraguai, viu a libertação total dos escravos, viu o crescimento da sua população e sentiu o primeiro surto de industrialização, graças, sobretudo, à introdução do transporte ferroviário. Viu também a Igreja se firmar como força evangelizadora, de ação social e cultural, apesar de todos os conflitos enfrentados no século. A Igreja chegava ao final do século XIX combalida, desestruturada, mas pronta a se fortificar e recomeçar a sua missão.