História da Igreja no Brasil – VIII
Ao chegar ao Brasil no início do século XVI, invadindo o espaço físico brasileiro os portugueses não encontraram resistência por parte dos habitantes nativos e puderam aqui estabelecer seu domínio como quiseram.
Calcula–se que na época da conquista e primeira colonização fosse de 06 a 08 milhões o contingente populacional dos habitantes destas terras pertencendo ainda aos ciclos dos coletores, caçadores e cultivadores bem primários.
Os povos que habitavam o Brasil desconheciam os metais, não praticavam a metalurgia e seu modo de produção era muito simples. A vida urbana inexistia e a estratificação social era simples, pré – tributária e a prática comum era o nomadismo, dentro de um mesmo território.
A superioridade das armas dos brancos europeus, a exploração da rivalidade entre os povos e tribos diferentes, usando esta rivalidade nas lutas e também a disseminação de doenças e vícios transmitidos pelos brancos são algumas das razões que explicam a hegemonia do colonizador português.
Porém, aos poucos, foi surgindo a mestiçagem que se tornou um fator de marginalização social dos descendentes, sobretudo os mamelucos. Paralelo a isso a exploração da mulher indígena se tornava um fato corriqueiro pela concubinagem e prostituição.
Com a ação das Entradas e Bandeiras agindo, sobretudo, contra as Reduções Indígenas, cresceu o processo de massacre e escravização, apesar da ação contrária da Igreja. Só em 1752 a escravidão indígena seria totalmente proibida.
Depois do processo intensivo de exploração, na época da Proclamação da República os indígenas estavam reduzidos a pouco mais de um milhão e meio de pessoas.
A Escravidão Negra
Já era usada por Portugal desde o século XIV, mas aqui no Brasil as primeiras levas de escravos foram introduzidas a partir de 1538, formando – se então o triângulo comercial entre Brasil, África e Portugal. Os negros eram trazidos da África e aqui comercializados como “peças”, sobretudo nos canaviais.
O açúcar aqui produzido era levado para Portugal onde enriqueceria os nobres que custeavam o aluguel dos navios que voltavam à África para trazer novos escravos.
Pelos estudos feitos até hoje a média de idade dos escravos que vinham, sobretudo de Angola, Sudão e Golfo da Guiné estava por volta de 30 anos.
Ainda que a escravidão negra não tenha acabado com a escravidão dos indígenas, esta aumentou, sobretudo com a introdução do cultivo da cana de açúcar. Aos poucos os Engenhos de cana de açúcar foram substituindo as fazendas de exploração do Pau Brasil.
Cada engenho tornou – se uma unidade independente tendo como pólos principais a Casa Grande, Senzala, Capela, Lavoura de Subsistência e Engenho de Produção.
Durante o século XVII importava – se uma média de 50 mil escravos por ano. Numa viagem da África para o Brasil a mortalidade era grande e chegava às vezes a 50% da carga humana que os navios traziam. A maioria dos escravos era desembarcada nos portos da Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro.
Em relação aos negros o processo de marginalização pela mestiçagem foi ainda maior. Os descendentes são discriminados até hoje, as mulheres negras submetidas pelo machismo à prostituição e são as maiores vítimas da violência.
A partir de 1826 a Inglaterra começou um processo de repressão ao tráfico negreiro, mas os escravos passaram a ser transportados em navios de outras nações, sobretudo da França.
No século XIX, por causa da introdução do cultivo do café o número de escravos importados aumentou significativamente, mas neste tempo a questão da escravidão chegou ao Congresso e a discussão aumentou com a ação de muitos abolicionistas.
Em 1789, de uma população de 2,3 milhões de pessoas, 65% eram escravos e em 1816, de 3,3 milhões de habitantes, 57,5% eram escravos. A grande mortalidade e a baixa natalidade dos escravos eram compensadas pela importação.
Uma pergunta que fica até hoje sem uma resposta conclusiva é: porque a Igreja não dedicou aos negros a mesma atenção que dedicou aos indígenas? Dentro da Igreja os negros não tinham o mesmo atendimento ou a mesma atenção que os brancos recebiam.
Além do fato de alguns segmentos da Igreja como ordens religiosas terem também os seus próprios escravos, durante muito tempo o acesso ao sacerdócio foi dificultado aos negros e seus descendentes.
Quadro Populacional
Hoje o Brasil já possui mais de 190 milhões de habitantes. Ao longo dos séculos de nossa história nosso quadro populacional passou por uma lenta e constante evolução.
Em fins do século XVI a população branca do Brasil não passava de 100 mil pessoas, constituindo 06 núcleos principais: Bahia, Pernambuco, Maranhão, Pará, Rio de Janeiro, Santos e São Paulo.
O elemento branco formava a classe dominante e entre ele eram superiores os brancos nascidos em Portugal. Abaixo dos brancos vinham os mestiços de Índios, colocados num nível superior aos mulatos. Depois destes vinha uma grande quantidade de elementos provenientes da mestiçagem.
Nos últimos degraus da pirâmide social vinham os Índios e os negros escravos, marginalizados e sem direitos algum. Não eram tratados como gente, pois eram chamados de “peças”.
No século XVIII aconteceu um grande crescimento populacional, especialmente depois da descoberta do ouro em Minas Gerais que em pouco tempo recebeu mais de 60 mil pessoas.
No século XIX a população brasileira já se aproximava de 9,5 milhões, sem contar os indígenas, bastante reduzidos desde a conquista. Quando chegamos no tempo da proclamação da República o número dos indígenas já tinha caído de 08 para 1,3 milhões.
A partir da pressão externa, especialmente na segunda década do século XIX contra o comercio de escravos, começaram a chegar os primeiros grupos de imigrantes. A primeira colônia foi fundada em 1812 no estado do Espírito Santo, mas a passagem do sistema de escravidão para o de mão de obra livre foi muito complicado e só seria encerrada no final do século XIX.
De 1834 a 1935 entraram no Brasil cerca de 04 milhões de imigrantes. Nesta época as regiões Sul e Sudeste passaram a ter a maior concentração de população e com a industrialização e cultivo do café São Paulo assumirá a hegemonia que mantém até nos dias de hoje.
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