Por Andrey Nicioli Em Opinião

A autocomunicação de Deus e a comunicação de Deus pela Igreja

“Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Nova para toda a humanidade” (Mc 16, 15). A Igreja Católica, desde o seu início, e como seu fundamento, recebeu a missão de anunciar a Salvação pra todos os povos. O Verbo de Deus, ao se fazer carne e habitar entre nós, mostra-nos a importância da Palavra e seus poderes transformadores. Supremo comunicador do Pai, Jesus faz a opção por um processo de enculturação, é profundamente dinâmico e traz vida nova.

papa francisco rede de comunicação

Em Jesus, revelação máxima do Pai, se dá a perfeita comunicação entre Deus e os homens. Ele tem autoridade e poder, por suas palavras e gestos, de ensinar e transmitir os valores do Reino e levar todos à Salvação. Mas essa autocomunicação de Deus deve também se concretizar na História da Salvação.

Com o evento Jesus Cristo, o projeto salvífico chega ao seu extremo e perfeição. Depois de sua Páscoa, os apóstolos recebem a missão de anunciar e testemunhar o Evangelho. Hoje, a Igreja assume este trabalho, pois é Ela o depósito da fé e a comunicadora por excelência.

Por isso, não há dúvida de que a Igreja deve utilizar-se de todos os meios, inclusive dos meios de Comunicação Social, para cumprir sua missão salvadora. Principalmente porque a humanidade vive uma encruzilhada do seu desenvolvimento. É um período onde a “cultura do descartável” e os valores materiais, aparentemente, se sobrepõem sobre os valores humanos. Os próprios Bispos reunidos em Aparecida em 2007 já afirmaram ser uma época de mudança, que ocorre de forma muito rápida.

Assim, a intervenção da e na Comunicação Social terá de ser determinante na promoção e defesa dos valores que a Igreja defende e anuncia.

Ao longo da história, a tecnologia foi se desenvolvendo e, com ela, as relações humanas também foram se alterando. Com o advento da televisão, a conversa familiar transferiu-se para as salas, voltando atentamente suas atenções unicamente para o aparelho televisivo. O diálogo transformou-se em monólogo. Mas o desenvolvimento tecnológico não parou por aí. A internet possibilitou o ser humano transpor espaço e tempo. Distâncias foram reduzidas. A conversa entre regiões e continentes tornou-se tão natural quanto àquela antiga conversa familiar. O diálogo ocorre, mas de maneira não presencial. Todo mundo é emissor e receptor ao mesmo tempo. Definitivamente, a humanidade vive uma cultura da comunicação.

O Papa Francisco, na sua mensagem em comemoração ao 49º Dia Mundial das Comunicações Sociais (2015), afirmou que os novos meios de comunicação podem tanto dificultar como facilitar a comunicação em família. Dificultam, “se se tornam uma forma de se subtrair à escuta, de se isolar apesar da presença física, de saturar todo o momento de silêncio de espera, ignorando que o silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele, não há palavras ricas em conteúdo... Favorecem, se ajudam a narrar e compartilhar, a permanecer em contato com os de longe, a agradecer e pedir perdão, a tornar possível sem cessar o encontro”.

Diante dessa nova realidade, portanto, a Igreja sabe que a comunicação do Evangelho deve passar também pelos novos meios, pelas novas tecnologias. Os desafios estão postos. É preciso coragem e maturidade para enfrentá-los, não caindo na tentação de se esconder diante de estruturas arcaicas, que já não dialogam mais com o mundo.

Andrey Nicioli

Arquidiocese de Pouso Alegre

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