Espiritualidade

A dor da perda

Escrito por João Antônio Johas Leão

02 NOV 2016 - 06H00 (Atualizada em 09 NOV 2021 - 08H31)

O problema do mal sempre intrigou o homem, especialmente os eruditos filósofos, que têm extrema dificuldade em responder de onde vem o mal ou por que ele existe. A situação parece ficar ainda mais complicada se pensamos na existência de um Deus que é, ao mesmo, tempo amor e todo poderoso. Nesse caso, como explicar a presença do mal? Não seria ele uma prova cabal de que 'Deus não é tão todo poderoso assim'?

Podemos encontrar um sentido para alguns males menores, mas quando o mal é muito grande, como na perda de alguém próximo, pode ser difícil encontrar esse sentido. E uma dor sem sentido é muito maior porque, em meio ao caos, não há lugar para esperança.

Mas que seja difícil encontrar um sentido, não quer dizer que ele não exista. Pior ainda seria se a dor nos afastasse da única pessoa que pode nos mostrar que o mal nunca tem a última palavra, o Senhor Jesus.

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Se olhamos no Catecismo, dentro da palavra “morte” existem diversos subtítulos que buscam mostrar os ângulos dessa experiência desde o ponto de vista da fé.Lá podemos ver, por exemplo, a esperança cristã da vida após a morte, do destino de nossa alma, como nós, cristãos, interpretamos a morte e também o que a morte de Jesus pode nos ensinar.

Mas não devemos abrir o Catecismo no dia em que perdemos alguém. O Catecismo serve para que possamos estar preparados para esse momento.

Leia MaisLições das perdas É preciso preparar-se para a morte. Porque, como já disse alguém, não há nada mais certo nessa vida do que o fato de que vamos morrer, e não há mais incerto do que a hora da morte. Ela nos pega desprevenidos muitas vezes e, então, fica evidente a nossa preparação (ou falta de preparação) para a mesma.

E não foi por falta de aviso. É enorme a quantidade de escritos de santos e de padres da Igreja que nos lembram do “exercício” de pensar na própria morte. Não é que a desejemos, mas tê-la presente nos coloca na perspectiva correta da vida eterna, da vida em abundância que Jesus veio a dar-nos.

No dia de hoje, temos uma ocasião de fazer esse exercício. Ao visitar nossos entes queridos que já deixaram essa vida, seja indo ao cemitério, seja elevando nossa oração desde nossa casa ou da capela, lembramos que a vida não termina aqui. O nosso destino é o céu, é o encontro definitivo com o Senhor. E tudo o que fazemos e sofremos nessa vida só tem sentido se nos colocam em caminho a essa pátria definitiva. Todo o resto passará, mas a Palavra do Senhor permanecerá para sempre.

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A resposta não passa tanto, para nós católicos, por entender completamente a realidade do mal. Não se trata de saber exatamente de onde ele vem e quais são todos os sentidos daquilo que sofremos ou que vemos os outros sofrerem. Isso porque sabemos que o mal é um mistério. É algo sobre o qual temos algumas luzes, compreendemos algumas coisas, mas que vai além da nossa capacidade de compreensão. Talvez, o melhor que possamos fazer seja olhar o exemplo de Maria ao pé da Cruz.

Certamente, o calvário foi uma dor incrível para Nossa Senhora. Mas nem essa dor foi capaz de apagar em seu coração a esperança que lhe dava sua fé em Deus Pai. Por maior que seja a dor da perda, podemos encontrar nessa cena um consolo poderosíssimo. Porque mesmo se não conseguimos entender tudo, sabemos que vela por nós um Pai misericordioso, que certamente não quer a morte, mas a vida eterna.

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