Por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R. Em História da Igreja Atualizada em 21 SET 2017 - 09H51

História da Igreja na América Latina: Idade Moderna – Um Mundo em Movimento

Motivada pela decadência do Império Romano e pelos três ciclos de invasões do Século IV a VI (Povos Germânicos), séculos VII a VIII (Árabes Muçulmanos) e séculos X a XI (Normandos) a ação da Igreja foi fundamental na constituição do mundo Feudal onde se destacou a Vida Monástica e religiosa, com um papel de realce para os Mosteiros, especialmente aqueles da Ordem Beneditina.

A partir do início do século IX formou-se na Europa Ocidental a chamada Cristandade Medieval que veio da união de forças entre a Igreja e o Império, após a criação do Sacro Império Romano e a consequente sacralização da ordem temporal. O papa, aos poucos, foi se tornando a maior autoridade do mundo, não sendo julgado por ninguém e submetendo a si toda a realidade temporal. A partir do século XI (1095) a Igreja passou a patrocinar as cruzadas, convocando os reis e príncipes cristãos a formarem seus exércitos no esforço de libertar a Terra Santa.

A Europa com isso se colocaria em movimento e em pouco tempo estariam se tornando visíveis os sinais de transformação da sociedade, surgindo assim o Mundo Moderno. Dentro deste contexto é que podemos entender o movimento de expulsão dos mouros da Península Ibérica o que vai propiciar a formação de Portugal e da Espanha moderna que chegará à América Latina a partir do final do século XV

Sinais de uma nova era:

Passada a era das invasões a produção agrícola e artesanal aumentou, a população voltou a crescer e o excedente populacional começou a sair dos campos em direção às cidades (Êxodo Rural) que também voltaram a crescer. Em pouco tempo o renascimento comercial e urbano seria uma realidade visível e uma nova categoria social se formaria com o aparecimento da Burguesia.

Ela comandaria o desenvolvimento do capitalismo na sua forma comercial e a Europa sairia então à conquista do mundo, buscando os metais preciosos e as especiarias. Mas para que a conquista do mundo se tornasse possível fez-se necessário o fortalecimento de uma autoridade central, o rei, para que pudesse comandar todo o processo.

Desta forma deu-se o desenvolvimento dos Estados Nacionais Modernos e do Absolutismo real no seu primeiro formato. O Estado Moderno patrocinará o desenvolvimento do Imperialismo moderno como ideologia e junto com o papa e com o capital dos burgueses será o motor do Renascimento Artístico e Cultural.

A Espanha antes da Conquista e da Colonização:

A Espanha e por tabela a Península Ibérica, sempre foi uma terra de passagem entre a África e a Europa. Por lá passaram diversos povos antigos como os fenícios, gregos, cartagineses, romanos, vândalos, visigodos e muçulmanos. Entre os anos 207 e 406 deu-se o domínio romano não só da Espanha, mas de toda a Península Ibérica. Entre 406 e 429 tivemos a presença dos Vândalos, especialmente na Lusitânia e na Bética, e dos Suevos na Galícia. Depois disso formar-se-á a Espanha Visigótica.

A Cristandade Visigótica:

Entre os anos 418 e 710 a Espanha foi invadida e dominada pelos visigodos, povo de origem germânica que passou pela Itália e se estabeleceu na Península Ibérica. Com sua presença no atual território espanhol formou-se a chamada Cristandade Visigótica, onde destacamos a importância dos Concílios realizados em Toledo. No ano de 587 deu-se a conversão do rei Recaredo (586 - 601) e a consequente conversão de todo o seu povo. A Espanha seria um baluarte do catolicismo a partir de então.

 

Conversão do Rei Recaredo

A evangelização Missionária levou à conversão do rei e da
casa real, com a constituição da Cristandade Visigótica.

 

 

 

 

 

 

 

 

A Espanha Muçulmana:

Depois de dominar todo o Oriente Próximo e o norte da África, entre 710 e 711, os muçulmanos atravessaram o Estreito de Gibraltar e começaram a conquistar a Espanha Visigótica onde se fundou primeiro um Emirado e depois o Califado de Córdova, independente e mais rico que Bagdá.

A estrutura eclesiástica e também a vida religiosa sofreram um processo de desmantelamento. Os muçulmanos foram derrotados em 722 por Carlos Martel na Batalha de Poitiers, por isso não puderam avançar Europa afora, ficando apenas na Península Ibérica, mas esta presença levaria quase 800 anos para ser derrotada.

 

Os Muçulmanos na Espanha.

Por quase 08 séculos a Espanha lutara contra a dominação de seu território pelos muçulmanos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Reconquista Espanhola:

O tempo da presença os muçulmanos na Espanha foi muito difícil, Muitos cristãos chegaram a renegar a fé cristã, sendo chamados então de Muladies (Renegados); os que permaneceram fieis foram chamados de Mozárabes ou Motasarab. Desta palavra origina-se o nome do rito litúrgico que se usou na Espanha durante tanto tempo.

No século IX aumentou a perseguição aos cristãos, mas apesar do domínio muçulmano as Astúrias resistiram e de lá partiu o esforço de reconquista. Até o século X se constituiu o reino de Castela. Conforme a reconquista avançava os bispados foram sendo restabelecidos (07 Bispados ao longo dos Séculos VIII - IX). Temos assim, as diversas fases da Reconquista:

• Primeira fase: De 739 a 909.

• Segunda fase: De 1072 a 1179.

• Terceira fase: De 1158 a 1442.

Nesta fase se conquistou as cidades de Córdova (1236), Sevilha (1248), Sicília (1282) e Nápoles (1442). Em 1085 o rei Afonso VI reconquistou a cidade de Toledo que era a sede primaz da Igreja espanhola. Nesta fase a reconquista já havia se transformado em Guerra Santa e contava com apoio do papado. Outros bispados foram reorganizados, os beneditinos foram ocupando todas as terras conquistadas, criando mosteiros até que em 1025 chegava a Ordem reformada de Cluny.

A cidade de Lisboa foi reconquistada em 1147 e elevada ao grau de bispado. Em 1143 com Afonso Henrique formou-se o Reino de Portugal e com a campanha no Algarve em 1249 se deu a reconquista definitiva de Portugal.

O século dos "Reis Católicos":

Em 1469 Isabel de Castela se casou com Fernando de Aragão e aos poucos unificaram os diversos reinos existentes na Península. Foi assim que se deu a restauração da Cristandade de modo completo, com o domínio da monarquia sobre a Igreja.

O Concílio de Aranda (1473) marcou o inicio da reforma da Igreja Espanhola, completada pelo Concilio de Sevilha (1478). Neste tempo os muçulmanos já estavam reduzidos a Granada e no ano de 1492, justamente quando Cristóvão Colombo chegou à América caia o ultimo bastião muçulmano na Península.

 

Os Reis Fernando e Isabel

O casamento dos reis Fernando e Isabel abriu caminho para a unificação dos
vários reinos espanhóis.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Padre Inácio Medeiros, C.Ss.R.  
Mestre em História da Igreja 
pela Universid

Escrito por
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Redentorista da Província de São Paulo, graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da Província de São Paulo, atualmente é diretor da Rádio Aparecida

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