Por Joana Darc Venancio Em Igreja Atualizada em 02 ABR 2019 - 16H23

Aprendizagem deve abrir o coração e a mente

mente e coração

É preciso que o professor se interrogue sobre a sua prática
e sobre o sujeito que pretende educar.

É ponto comum a preocupação dos professores sobre os métodos e as técnicas que precisam dominar na tentativa de ensinar. As interrogações dos professores, na maioria das vezes, estão mais sintonizadas com as questões metodológicas, técnicas, tecnológicas, e currículos a serem cumpridos, do que com as interrogações acerca de quem é o sujeito que irá ensinar. A formação integral, compreendendo outras dimensões, fica distante de tais interrogações, jogada para segundo plano, pois as normas estabelecidas pelos sistemas de ensino, no que tange ao planejamento curricular da Educação, é sempre muito urgente. Essa postura docente suscita, de uma maneira geral, interrogações somente relacionadas aos meios necessários para produzir a aprendizagem cognitiva em detrimento às aprendizagens significativas. O Documento da Congregação para Educação Católica “Educar hoje e amanhã. Uma paixão que se renova” afirma: 

“A aprendizagem não é só assimilação de conteúdos, mas oportunidade de autoeducação, de empenho em vista do próprio progresso e pelo bem comum, de desenvolvimento da criatividade, de desejo de uma aprendizagem contínua, de abertura aos outros. Todavia, pode ser também uma ocasião para abrir o coração e a mente ao mistério e à maravilha do mundo e da natureza, à consciência e ao conhecimento de si, à responsabilidade pela criação, à imensidão do Criador”. 

 

Na educação devem tomar parte não só a escola, mas também a família. 

As legislações e orientações pedagógicas não provocam no professor o desejo de se interrogar sobre o sujeito da educação, não permitindo que ele se espante e se admire das questões ligadas à dimensão humana. Assim, o espaço deixado para a perplexidade, para o espanto e para a admiração, que geram as interrogações acerca do sujeito, dão lugar privilegiado à busca dos procedimentos e recursos a serem utilizados em vista dos fins visados da aprendizagem. Os professores se apropriam de determinações instituídas se despedindo ou se deixando despedir, de sua condição deliberativa, neutralizando o papel da Escola e da Educação da condição significativa. A Declaração Gravissimum Educationis sobre a educação cristã é clara sobre a missão da escola: 

“Entre todos os meios de educação, tem especial importância a escola, que, em virtude da sua missão, enquanto cultiva atentamente as faculdades intelectuais, desenvolve a capacidade de julgar retamente, introduz no patrimônio cultural adquirido pelas gerações passadas, promove o sentido dos valores, prepara a vida profissional, e criando entre alunos de índole e condição diferentes um convívio amigável, favorece a disposição à compreensão mútua; além disso, constitui como que um centro em cuja operosidade e progresso devem tomar parte, juntamente, as famílias, os professores, os vários agrupamentos que promovem a vida cultural, cívica e religiosa, a sociedade civil e toda a comunidade humana”. 

 

"Os conflitos, as angústias, as incertezas, o medo são sentimentos que devem fazem parte da ação docente. Sem esses, o sentido da existência do professor se esgota..."

O professor que não se interroga sobre a sua prática e sobre o sujeito que pretende educar contrapõe-se, sem se dar conta, aos princípios da educação como possibilidade de romper com o determinismo que impede o sujeito de se recriar. Os conflitos, as angústias, as incertezas, o medo são sentimentos que devem fazem parte da ação docente. Sem esses, o sentido da existência do professor se esgota, já que faz da mesmice, da estagnação e da acomodação, uma zona de conforto. Dessa forma não será perturbado com questões filosóficas, preferindo gastar seu tempo com questões de ordem metodológicas e técnicas que envolvem o desenvolvimento de sua ação. Não se trata de desvalorizar a busca por melhores metodologias e técnicas na prática docente, mas resgatar o papel e lugar do professor frente às situações conflitantes da condição humana, que não podem ser resolvidas ou refletidas pela égide das técnicas ou dos métodos de ensino. 

A capacidade reflexiva e de interrogações filosóficas faz com que o professor atue envolvido por uma condição criadora, utilizando-se da criatividade, do dinamismo, da ação e de todas as suas potencialidades e habilidades em nome da formação do sujeito. Por isso deve se interrogar sobre quem é o sujeito buscando promover aprendizagens significativas.

 

coração

É preciso que o aluno seja
visto e tratado como pessoa.

É preciso que o aluno seja visto e tratado como pessoa. O aluno só aprende significativamente os conhecimentos que vão ao encontro seus ideais e que favoreçam seu crescimento. 

“Por aprendizagem significativa entendo uma aprendizagem que é mais do que uma acumulação de fatos. É uma aprendizagem que provoca uma modificação, quer seja no comportamento do indivíduo, na orientação futura que escolhe ou nas suas atitudes e personalidade. É uma aprendizagem penetrante, que não se limita a um aumento de conhecimentos, mas que penetra profundamente todas as parcelas da sua existência”, esclarece Carl Roger na obra ‘Tornar-se Pessoa’. 

Despertada a motivação para a aprendizagem, a partir do momento que se sentiu tratado como pessoa, o aluno escolhe as experiências que convenha ao alcance de seus objetivos. Sendo assim, já não é possível pensar em significações deterministas.

Escrito por
Joana Darc Venancio (Redação A12)
Joana Darc Venancio

Pedagoga, Mestre em educação e Doutora em Filosofia. Especialista em Educação a Distância e Administração Escolar, Teóloga pelo Centro Universitário Claretiano. Professora da Universidade Estácio de Sá. Coordenadora da Pastoral da Educação e da Catequese na Diocese de Itaguaí (RJ)

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