Por Joana Darc Venancio Em Igreja Atualizada em 22 SET 2017 - 17H33

Aprendizagem Significativa! Não nos deixemos roubar o amor à escola!

Aprendizagem significativa é um conceito do Médico, Especializado em Psicologia Escolar, David Ausubel. Por ter vivenciado, quando criança, duros castigos e humilhação na escola e também por ter experimentado a frieza e a falta de sentidos da mesma, desenvolveu uma proposta para que a escola não repetisse o que ele experimentou. Sua Teoria de Aprendizagem Significativa é uma resposta à aprendizagem mecânica, que não leva em conta os conceitos relevantes existentes na estrutura cognitiva do aluno, ou seja, seus saberes, experiências e vivências. Afirma Ausubel no livro Psicologia Educacional. (1978. p.04): “... o fator isolado mais importante influenciando a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já sabe. Determine isso e ensine-o de acordo”.

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Fotos: Shutterstock

O que é ensinado deve fazer sentido para o aluno. Os saberes construídos em sua vivência devem ser levados em conta. Tais saberes irão interagir e se relacionar com os novos saberes que devem ser aprendidos.

Os Evangelhos nos apresentam muitos momentos quando Jesus ensina com metodologia significativa, como no diálogo como doutor da lei: “Levantou-se um doutor da lei e, para pô-lo à prova, perguntou: Mestre, que devo fazer para possuir a vida eterna? Disse-lhe Jesus: Que está escrito na lei? Como é que lês? Respondeu ele: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu pensamento; e a teu próximo como a ti mesmo. Falou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isto e viverás. (Lc 10, 25-28)”.

O diálogo continua, pois o doutor da lei insistia indagar Jesus: “E quem é o meu próximo?” (Lc 10, 29). Jesus responde contando a Parábola do Bom Samaritano (Lc 10, 29-37)”. Ao final da Parábola, pergunta ao doutor da lei, buscando o que ele havia aprendido: “Qual destes três parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões? Respondeu o Doutor: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Então Jesus lhe disse: Vai, e faze tu o mesmo (Lc 10, 36-37)”.

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Essa é uma das muitas passagens que apresentam o esquema didático para ensinar. Jesus partia da realidade do outro, oportunizava a reflexão, ajudava a construir novo conhecimento, testava a aprendizagem e apresentava o caminho a seguir. As práticas pedagógicas significativas devem fazer parte do cotidiano de todos os Professores e Educadores que não se acomodam no mecanicismo e na falta de sentido do cotidiano escolar.

Dessa forma, os saberes trazidos das experiências do aluno são alavancas para que sejam desencadeadas estruturas mentais que elaboraram novos conhecimentos, assim como fez Jesus com o doutor da lei ao contar a Parábola e ao indagá-lo.

Quando os novos conhecimentos adquirem significados e sentidos para o aluno, ocorre a ancoragem cognitiva e interativa com os conhecimentos prévios já existentes na sua estrutura cognitiva. Dessa forma, a aprendizagem significativa foi alcançada. Este processo pode ser compreendido como uma ponte entre o que o aluno já sabe e o que ele deve saber para que aprenda o conteúdo de forma significativa.

Quanto mais interação, mais aprendizagem. Quanto mais sabemos, mais aprendemos. Saberes e informações se transformam em conhecimento se fazem sentido para o aluno, portanto, a sala de aula deve ser o lócus da interação que oportuniza ao aluno o acesso aos saberes, informações e experiências. Essa interação construirá conhecimento substancial, conectados e não fragmentados e sem sentidos. Aprender significativamente é recodificar os saberes acumulados sistematizando-os.

Papa Francisco no Discurso aos estudantes e Professores das Escolas Italianas, 10/05/2014 disse: “Amo a escola porque é sinónimo de abertura à realidade. Pelo menos assim deveria ser! Mas nem sempre o consegue ser (...). Ir à escola significa abrir a mente e o coração à realidade, na riqueza dos seus aspectos, das suas dimensões (...). A escola ensina-nos a compreender a realidade (...). E por favor, por favor, não nos deixemos roubar o amor à escola!”

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Estamos promovendo aprendizagens significativas? A Escola que promovemos é essa que Papa Francisco diz amar? O aluno precisa encontrar os sentidos dos conteúdos ensinados em outras dimensões de sua vida, assim como precisa sentir que suas vivências interessam à Escola. Muitos fracassaram e ainda fracassam na aprendizagem por não conseguirem fazer a conexão do conteúdo com a vida e a conexão da vida com o conteúdo. Qual o impacto do que é ensinado na vida do aluno? Estamos promovendo situações de aprendizagens que valorizem o conhecimento prévio do aluno?

Nessa perspectiva é preciso que o aluno seja visto e tratado como pessoa. Por isso mesmo, o aluno só aprende significativamente, os conhecimentos que vão ao encontro seus ideais e que favoreçam seu crescimento como pessoa. Despertada a motivação para a aprendizagem, a partir do momento que se sentiu tratado como pessoa, escolhe as experiências nas quais irá agir de forma que melhor convenha ao alcance de seus objetivos. Sendo assim, já não é possível pensar em significações genéricas e deterministas. É pela ação e pela prática que ele apreende a realidade e constitui um modo de vida capaz de modificar seu próprio ser e a sua própria realidade. E o Professor? Este, continua sendo desafiado na dimensão metodológica para que busque resposta às perguntas: que fazer? Como fazer?


Veja também:: Educação Afetiva: “façais também vós”

:: Educação e enculturação: encontrar-se consigo e com o outro

Escrito por
Joana Darc Venancio (Redação A12)
Joana Darc Venancio

Pedagoga, Mestre em educação e Doutora em Filosofia. Especialista em Educação a Distância e Administração Escolar, Teóloga pelo Centro Universitário Claretiano. Professora da Universidade Estácio de Sá. Coordenadora da Pastoral da Educação e da Catequese na Diocese de Itaguaí (RJ)

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