Por Pe. Luiz Carlos de Oliveira, C.Ss.R. Em Liturgia Atualizada em 09 MAR 2020 - 13H47

As espertezas de Deus

Faço o que o Pai quer

Encerramos o Tempo Pascal. Pudemos contemplar e viver o Mistério de Cristo em sua manifestação: Vida, Morte, Sepultura, Ressurreição, Ascensão, Glorificação e Envio do Espírito. Celebramos o Mistério de Cristo sempre em totalidade, mesmo contemplando por parte. Assim conhecemos mais como Deus age, o que chamamos economia da Salvação. Deus sempre é inesperado. O modo como o Pai age escapa ao nosso controle. Jesus poderia dizer: faço do jeito que o Pai faz. O Pai sempre chegou primeiro: Amou-nos por primeiro e não porque quisesse pagar o bem que fizemos, como lemos: “Deus demonstra seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando ainda éramos pecadores” (Rm 5,8). Mais que nos acolher, Deus nos colhe. Para estar conosco, não põe obstáculos à aproximação. Ele não Se impõe, oferece intimidade e comunhão. Para isso, oferece Jesus como Homem-Deus. Ele assume nossa humanidade. Mesmo ressuscitado e glorificado a traz em Si. Pela Encarnação está unido a nós. Foi como o sereno que fecundou no silêncio. Jesus como ser humano se ofereceu, propôs, acolheu o mundo e o jeito das pessoas. Todos queriam tocá-lo. Essa atitude de abertura é o reflexo do Pai. Ele próprio diz: “Quem me viu, viu o Pai” (Jo 14,9). Está a dizer também: Faço como o Pai faz. A divinização do homem passa por sua humanização. Deus para nos oferecer a graça dessa comunhão usou nossa natureza. A graça supõe a natureza.

Foto de: reprodução.

seguimento

"Seguindo o modo de Deus agir, tudo o que fizermos será dignificado e facilitado.
Jesus partiu do humano para nos levar ao Divino. Em nenhum momento deixou a divindade,
mas soube vivê-la na humildade do Pai que acolhe o Filho no Espírito".

 

Um modo de ser Igreja

A Igreja se debate com tantos problemas e tantas vezes não encontra solução. Acontece que nos esquecemos que ela é também humana. Quanto mais humana, mais pode oferecer o Evangelho de Jesus que era humano. Ele era tão humano que os discípulos poderiam dizer: tão humano assim, só se pode ser divino (L.Boff). Jesus seguia as leis, mas não só. Seguia os ritos, mas não aceitava a imposição de tradições que sacrificavam a vontade de Deus. Seguindo o modo de Deus agir, tudo o que fizermos será dignificado e facilitado. Jesus partiu do humano para nos levar ao Divino. Em nenhum momento deixou a divindade, mas soube vivê-la na humildade do Pai que acolhe o Filho no Espírito. O Filho acolhe o Amor do Pai. O Papa Francisco está atraindo o mundo não pela sua sabedoria (e a tem muito), mas pela sua humildade, pelo acolhimento e humanidade. Isso não é sinal de fraqueza ou falta de poder. A Igreja já usou e usa muito do poder. Sem humildade o Evangelho de Jesus não tem a transparência. O Papa dá o espetáculo da simplicidade. Dá o exemplo de como Jesus não precisava do aparato messiânico para comunicar o Evangelho. As muitas divisões da Igreja foram provocadas porque não se buscou a Verdade na humildade que confundimos com teorias espirituais.

Um novo modo de ser

Somos chamados a um testemunho mais claro de Jesus. Vemos que os santos que impressionam, mesmo os não cristãos, são os que mais expressaram em sua vida uma face particular da humanidade de Jesus. Para chegar a isso, é preciso um novo modo de ser na permanente busca de imitá-Lo. A humildade é a virtude que, como expressão do amor, é a face de Jesus. Não fazemos sucesso com humildade. Está já passando da hora de assumirmos que há algo mais no ser humano que supera todos os condicionamentos da atual sociedade. Na esperteza de Deus, seguindo o exemplo de Jesus, deixaremos transparecer o espiritual através de nosso humano simples e humilde jeito de ser. Deus não é um caso perdido.

Pe. Luiz Carlos de Oliveira, C.Ss.R.
Redentorista

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