Por Pe. José Inácio Medeiros, C.Ss.R. Em Opinião

CF-2015: Uma Igreja servidora, consciência da Sociedade

ÉTICA, MORAL E SOCIEDADE

Papa Francisco capa CF 2015

Introdução

Nos últimos tempos (ou décadas), o Brasil vem se caracterizando como o país das crises e dos escândalos. Mas, a grande crise do Brasil é a CRISE ÉTICA. Esta crise moral é a grande preocupação das entidades mais representativas da sociedade brasileira como a CNBB, OAB, ABI, ABERT... Hoje estamos nos caracterizando como o país dos escândalos e, pior do que isso, da impunidade e de um lugar onde "tudo pode".

 

"Os grandes escândalos da nação têm como pano de fundo a falta de incidência dos valores éticos e morais na consciência e na ação de muita gente".

Muito do que acontece em Brasília ou nas grandes cidades, sendo notícia nos meios de comunicação, tem sua proporção também nas pequenas cidades do interior ou até mesmo nos lugares mais afastados e ermos de nosso país, sendo reflexo da falta de ética na política, na economia e sociedade. Os grandes escândalos da nação têm como pano de fundo a falta de incidência dos valores éticos e morais na consciência e na ação de muita gente.

Por isso mesmo, hoje a palavra ética é muito usada em nosso cotidiano: ética médica, faltar com a ética, ética profissional... Mas nem sempre aplicada pra valer! 

Causas desta crise

Acredito ser possível, neste emaranhado de situações, apontar algumas causas desta crise ética pela qual nosso país continua a passar.

A escola que antes formava a pessoa para o cumprimento dos valores éticos e educação passa por uma situação de mudança (“A mercantilização da educação”). Muitas escolas estão se transformando em “Lugares de Violência” e a droga é comercializada em suas portas.

A família antes era formada de pessoas e estruturadora dos padrões de comportamento na sociedade, tendo padrões de comportamento e de moral bem definidos. A família hoje passa por um intenso processo de esfacelamento.

Na vida pública, as autoridades eram o respaldo da sociedade. Hoje, as pesquisas indicam, entre os grupos de influência do país, os políticos são os que têm a menor credibilidade.

Existem outros fatores, mas esta crise, podemos concluir, é fundada na modificação da maneira de pensar e de agir da pessoa e da sociedade. Não existe mais uma norma objetiva de comportamento, pois a vontade da pessoa ou do grupo prevalece e determina. Ao lado disso, nota-se a influência prejudicial dos Meios de Comunicação Social. O pluralismo faz com que não haja mais uma regra estabelecida de agir e de viver. 

Alternativas existem

A Igreja, em "tempos de Francisco" trabalha por uma reeducação global da pessoa e da sociedade brasileira, usando de todos os recursos disponíveis, transmitindo valores e não só práticas comportamentais. Isso, com certeza, levará a uma redescoberta dos valores éticos e morais no ser humano e no mundo, ainda que seja uma caminhada muito lenta e incerta.

Na sociedade global, por outro lado, é preciso repensar o conceito de liberdade a partir das Sagradas Escrituras: “Tudo me é permitido, mas nem tudo me é recomendável”, já ensinava São Paulo. Saber que existe limite, até mesmo para a ciência, aprendendo a questionar os valores sociais que aí estão, com senso crítico e determinação. Este, acreditamos ser o caminho da recuperação ética da sociedade.

 

"...como nos propõe a Campanha da Fraternidade 2015 a Igreja está se fazendo servidora da sociedade e da humanidade como um todo, sendo sua 'voz da consciência', não apenas acusando, mas apontando caminhos".

Mesmo estando completamente despojada das estruturas do poder externo e da força política que possuiu durante séculos, a Igreja pode hoje debruçar-se sobre a sua verdadeira missão que é ser expressão da misericórdia com os que erram, não buscando simplesmente condenar, mas sendo acolhedora e mansa, como o Bom Pastor. Combate-se o erro, não quem errou. Nega-se o pecado, não o pecador. Desta forma, como nos propõe a Campanha da Fraternidade 2015 a Igreja está se fazendo servidora da sociedade e da humanidade como um todo, sendo sua "voz da consciência", não apenas acusando, mas apontando caminhos.

Como parte inerente de sua missão a Igreja busca usar de todos os meios que tem para formar as pessoas na importância dos valores, pois são estes que levam à prática e aos comportamentos.

Ainda que pessoas não compreendam, é muito importante que a Campanha da Fraternidade aconteça no tempo da Quaresma, por ser este um tempo especial de apontar falhas, motivando a todos para a conversão pessoal e social. Esse é um forte traço do profetismo da Igreja hoje.

E nós, como Missionários Redentoristas que somos, herdamos a verdadeira tradição redentorista, por ser Santo Afonso Maria de Ligório o patrono dos confessores e moralistas. Somos chamados a ser no hoje da Igreja e da sociedade os “moralistas” no verdadeiro sentido da palavra, comungando com a Igreja e com sua missão: Uma Igreja simples, livre, autêntica, despojada de poder, presente na vida do povo e da sociedade, sendo a servidora de todos e de cada um. 

Pe. Inácio Medeiros, C.Ss.R.
Vigário Provincial de São Paulo 
Secretaria Provincial de Comunicação São Paulo

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