Por Pe. José Luis Queimado, C.Ss.R. Em Igreja

Conhecendo os Evangelhos: Jesus e o sábado!

Conhecendo os Evangelhos compreende uma série de artigos interpretativos.
Em cada artigo será apresentada uma passagem bíblica e uma reflexão.

EVANGELHO – Lc 6, 6-11

6 Em outro dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e ensinava. Achava-se ali um homem que tinha a mão direita seca. 7 Ora, os escribas e os fariseus observavam Jesus para ver se ele curaria no dia de sábado. Eles teriam então pretexto para acusá-lo. 8 Mas Jesus conhecia os pensamentos deles e disse ao homem que tinha a mão seca: Levanta-te e põe-te em pé, aqui no meio. Ele se levantou e ficou em pé. 9 Disse-lhes Jesus: Pergunto-vos se no sábado é permitido fazer o bem ou o mal; salvar a vida, ou deixá-la perecer. 10 E relanceando os olhos sobre todos, disse ao homem: Estende tua mão. Ele a estendeu, e foi-lhe restabelecida a mão. 11 Mas eles encheram-se de furor e indagavam uns aos outros o que fariam a Jesus.

 Cura do homem de mão seca

REFLEXÃO 

Quão forte é a mensagem deste Evangelho! É certo que Jesus fez uma obra miraculosa ao resgatar aquele homem com problemas nas mãos, mas o que mais nos toca nesta passagem é a reviravolta que Jesus fez nas tradições específicas que não tinham como finalidade a vida plena das pessoas.

O sábado (em hebraico: שַׁבָּת – Shabat) era muito caro aos judeus, pois era o dia em que Deus, na tradição do Antigo Testamento, havia descansado e santificado, após a criação do mundo. Era um dia que unia todo um povo pela sua simbologia, ou seja, era um dado positivo para a fé dos judeus. Mas, com o passar do tempo, e, principalmente, à época de Jesus, o Shabat se tornou uma regra rígida, sem vida.

Jesus questiona os fariseus e escribas, que se escandalizam com a cura, a respeito de como agir no dia de sábado. É melhor fazer o bem ou o mal? É melhor salvar uma vida ou deixá-la perecer? Essas são perguntas muito inteligentes, capaz de atingir qualquer coração endurecido por regras imutáveis e improdutíveis. Pelo que parece, ter curado aquele homem não justificou o ato de Jesus para os fariseus e escribas, pois a cura foi realizada em dia proibido.

Em Marcos 2, 27, encontramos uma magnífica frase de Jesus: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado!”. A mudança de perspectiva de Jesus é clara: o ser humano é importante aos olhos de Deus, e a sua dignidade deve estar acima de qualquer lei ou regra. É impressionante como muitas pessoas, e até mesmo cristãos católicos, não conseguem compreender esse ensinamento do Mestre.

 

"Como ser cristão, quando amamos mais as leis rigorosas do que a Jesus?"

Em nossas comunidades, em nossas famílias ou em nossos círculos de amizades, agimos, muitas vezes, de forma tão rígida e sem misericórdia com as pessoas, que nem mesmo os mais crédulos poderiam acreditar. Não aceitamos o novo! Se mudarmos uma vírgula daquilo que está no papel ou nas regras, ficamos desconsolados e furiosos. Como ser cristão, quando amamos mais as leis rigorosas do que a Jesus?

Quanto mais nós buscarmos caminhos retos e criativos para vivermos a nossa fé, mais nos aproximaremos da santidade humana. Infelizmente, muitos ainda preferem defender uma regra a resgatar uma pessoa! Aquele doente na sinagoga, com certeza, foi resgatado! E ele foi o que mais se santificou naquele dia, pois tocou o coração de Jesus. E a santidade está nessa vivência constante e diária de nossa fé, nas coisas simples do dia a dia. As palavras seguintes de Albino Luciani (o magnífico e eterno Papa João Paulo I) são um exemplo do novo na nossa Igreja. Ele reverte os papéis, dando mais importância a todas as pessoas que buscam se santificar no passar dos dias, na vida quotidiana:

“A santidade vivida é muito mais ampla que a santidade proclamada oficialmente. É verdade que o Papa só canoniza santos autênticos... Mas, se nós fazemos aqui na terra uma espécie de seleção, Deus não a faz no céu; quando chegarmos ao Paraíso, encontraremos provavelmente mães, operários, profissionais liberais, estudantes numa posição mais alta que a dos santos oficiais que veneramos na terra!” (Albino Luciani – Papa João Paulo I).

Padre Queimado articulista colunista

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