Por Ir. Gilberto Teixeira da Cunha Em Espiritualidade

Desfrutar o presente: um presente de Deus

Não são poucas as ocasiões em que ficamos presos no passado, revivendo várias vezes erros ou experiências dolorosas, onde temos a ilusão de que podemos mudá-los. Por outro lado, ficamos muito ansiosos e temerosos com o nosso futuro, traçando um monte de planos, possibilidades, querendo dominar as inúmeras variáveis, a fim de ter uma falsa segurança.

Esquecemos de uma verdade fundamental: o único que nos pertence é o momento atual. É o agora que Deus nos dá para sermos felizes.

presente

No presente, em virtude do grande amor que Deus tem por mim, sempre posso começar de novo, sem que o passado me impeça ou o futuro me atormente. O meu passado está nas mãos da misericórdia divina, que pode tirar proveito de tudo, tanto o bom quanto o mau e o meu futuro está nas mãos da sua providência, que certamente não se esquecerá de mim.

O presente é o presente que Deus me dá para ser uma pessoa realizada, para aproveitar cada instante para amar, para fazer a diferença: sem preocupar-me com o passado ou o futuro, hoje decido crer, hoje decido pôr a minha total confiança em Deus, hoje escolho amar a Deus e ao próximo.

 

"E sem importar-me se tive muitos êxitos ou fracassos, no dia seguinte, que será o hoje que Deus me concederá, com a sua graça volto a começar rumo à meta principal: minha santidade". 

E sem importar-me se tive muitos êxitos ou fracassos, no dia seguinte, que será o hoje que Deus me concederá, com a sua graça volto a começar rumo à meta principal: minha santidade. São Paulo descreve muito bem essa atitude, que é muito própria do cristão:

“Esquecendo-me do que fica para trás e avançando para o que está adiante, prossigo para o alvo, para o prêmio da vocação do alto, que vem de Deus em Cristo Jesus [...]qualquer que seja o ponto a que chegamos, conservemos o rumo” (Fl 3, 13-16)

Também o Papa Francisco, em sua carta apostólica dirigida aos consagrados durante a abertura do Ano da Vida Consagrada, disse uma frase que expressa muito bem o que estamos meditando: “Olhar com gratidão o passado, viver com paixão o presente, abraçar com esperança o futuro”.

Quando nos sintamos tentados a nos abater com o nosso passado façamos um grande ato de fé, de esperança e de amor a Deus dizendo: obrigado Senhor por meu passado, creio que de tudo que vivi Tu tirarás um bem maior. Entrego tudo à sua misericórdia, que não tem limites e que pode curar tudo.

Com respeito ao futuro, Jesus nos convida a abandonar-nos totalmente à providência divina. (cf. Mt 6, 25-34). Trata-se de não fazer nenhum plano para o futuro, sendo irresponsáveis e imprevisíveis? De maneira nenhuma! Trata-se de fazer tudo sem inquietude, sem medo, sem essa exagerada preocupação e ansiedade que nos paralisa e nos impede desfrutar o presente.

Quantas vezes sofremos com as inúmeras possibilidades e incertezas sobre o futuro e não enxergamos as maravilhas do presente que Deus nos dá! A melhor forma de preparar o futuro não consiste em pensar nele sem descanso, senão em estar bem ancorado no instante presente.

Às vezes posso correr o risco de ficar à espera de um futuro que sim “levarei a sério” e deixar passar algo que deveria viver agora, uma graça que poderia receber hoje. O tempo de Deus é agora. Cada instante é uma ocasião de ser melhor, de ser abençoado pela graça de Deus.

 

"Deus não espera de nós mais do que uma coisa por vez. Fazer bem uma coisa por vez...simples ou importante". 

Na hora de viver o presente não fiquemos ansiosos em realizar um monte de coisas: Deus não espera de nós mais do que uma coisa por vez. Fazer bem uma coisa por vez, seja uma tarefa simples (lavar a louça) ou importante (dar uma palestra para milhares de pessoas).

Isso se aplica também à minha atenção ao outro. Por estar tão metido em minhas coisas, deixo de ver o outro que está ao meu lado e precisa de mim. O presente é a oportunidade que tenho de viver a caridade, de ser próximo ao que sofre. Em cada encontro com uma pessoa, transmitamos a sensação de estar disponíveis neste momento cem por cento. Que ninguém que se aproxime volte com as mãos vazias!

Vivamos cada instante como Maria, fazendo o ordinário de forma extraordinária. Que Ela nos ajude a viver o presente plenamente, meditando e guardando cada coisa no coração (cf. Lc 2,19. 51), para que assim o nosso futuro seja cada vez pleno, entregue com muita esperança à Providência amorosa de Deus.

Ir Gilberto Cunha colunista

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