Liturgia

Espiritualidade do Tempo Comum

Pe. Luiz Carlos de Oliveira - padre da confissão (A12)

Escrito por Pe. Luiz Carlos de Oliveira, C.Ss.R. (in memoriam)

16 FEV 2014 - 08H00 (Atualizada em 12 JUN 2023 - 15H26)

Terumi Sakay/ Arquidiocese de Londrina

Na liturgia existe um período em que não há um acontecimento da vida de Cristo a ser celebrado, mas o cotidiano no qual o tempo é santificado pelo mistério de Cristo. Ele é chamado de Tempo ComumLeia MaisVocê sabe por que os anos litúrgicos são divididos em A, B e C?

Esse mistério é Sua encarnação, morte, ressurreição, ascensão e envio do Espírito Santo. 

Celebramos o dia-a-dia da vida de Jesus. É para nós o momento de entrar em contato com o mistério, aprofundar o conhecimento e celebrá-lo na Sagrada Liturgia. Cada celebração é Deus que se faz presente na vida da comunidade e na vida pessoal de cada um.

No calendário litúrgico, 34 semanas compõem o Tempo Comum, que é identificado pela cor verde. Uma parte menor dessas semanas vem antes da Quaresma e a outra, maior, segue da festa de Pentecostes até o Advento. Não se celebra um acontecimento, mas toda a vida de Cristo em sua globalidade.

Esse Tempo é um dos eixos da espiritualidade litúrgica que acompanha nossa vida. Mas é importante recordar que temos três ciclos no calendário litúrgico (A, B e C), o que enriquece muito a vida cristã pela leitura abundante que se tem das Escrituras. Ao longo desse período, temos festas que se referem aos dogmas ou devoções, como também festas de Nossa Senhora e dos Santos.

Não podemos considerar o calendário como um correr de dias, mas cada dia como um tempo de salvação. Não são metas a cumprir, mas mistério a acolher. Não só os domingos são característicos, mas há dias da semana que possuem sua característica, como sexta-feira, dia penitencial; sábado dedicado à Maria e outros.

Celebrar o mistério de Cristo

Assim, gota a gota, recebemos através do Evangelho o mistério de Cristo. Não são semanas sem conteúdo, como que vazias. Ao contrário, celebramos a normalidade evangélica das palavras de Jesus, de seus gestos e seus ensinamentos.

Assumir este mistério de Cristo no Tempo Comum significa levar a sério o ser discípulo, escutar e seguir o mestre no cotidiano, mostrando que cada momento é momento de salvação. A espiritualidade litúrgica vai nos alimentar como em nossas refeições. Parece que é sempre a mesma coisa, mas é sempre uma vida nova que nos é dada.

A riqueza do Tempo Comum está no fato que cada dia é uma síntese de todo o mistério de Cristo. Noite e dia se enchem das memórias de Cristo e são para nós o momento de contato com Ele que está vivo e presente no meio de nós. Participar significa unir-se ao Cristo que se oferece ao Pai pelo mundo.

No Tempo Comum celebramos os santos e de modo particular a Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa. Mas qual é o sentido dessas celebrações?

Fazemos memória dos santos que, seguindo Cristo Jesus e, incorporados a Ele pelo batismo, viveram sob ação do Espírito Santo. Sua santidade é a mesma de Cristo que continua no tempo e se faz testemunho nas pessoas que viveram o Evangelho de modo eminente.

Nós nos unimos a esses nossos irmãos e irmãs, animando-nos a viver a mesma vida, contando com sua intercessão e realizando em nós o mesmo caminho de redenção que viveram. Aqueles homens e mulheres que chamamos de santos são como nós.

Não se trata de uma espiritualidade devocional. Eles são testemunhos da presença de Cristo em cada um, unidos a sua Vida e Páscoa. Unidos ao mistério pascal de Cristo participam de sua glória. E Maria viveu de modo eminente o caminho percorrido por Jesus dia e noite.

Escrito por
Pe. Luiz Carlos de Oliveira - padre da confissão (A12)
Pe. Luiz Carlos de Oliveira, C.Ss.R. (in memoriam)

Conterrâneo de Pe. Vítor Coelho de Almeida, nascido no município de Sacramento (MG), em 21 de agosto de 1947, Pe. Luiz Carlos desempenhou diversas atividades na Congregação. Também escreveu diversos artigos, homilias e reflexões dominicais para o A12, função na qual atuou até março de 2022.

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