Por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R. Em História da Igreja Atualizada em 21 SET 2017 - 09H53

Igreja na América Latina: A conquista e exploração da América Colonial

PÁGINAS DE HISTÓRIA DA IGREJA
AMÉRICA LATINA - 09 

A conquista e exploração da América Colonial 

A conquista da América

Em 1492 a expedição exploratória da Cristóvão Colombo chegava à América. Ele era comerciante e sua caravana era composta por 90 pessoas, sem militares ou eclesiásticos, estando a serviço dos banqueiros de Sevilha. Pedro Álvares Cabral, por sua vez, era explorador. Sua caravana era composta por 1500 pessoas, das quais 1000 eram soldados selecionados e todos estavam a serviço da Monarquia.

Significados da conquista. Com a chegada do branco europeu à América, onde antes havia as culturas mais primitivas como os índios encontrados no Brasil, ou as altas culturas encontradas em outras regiões de nosso continente, deu-se o choque de duas totalidades histórico-concretas, uma branca, armada e poderosa e outra indígena desprovida dos mesmos recursos. Deu-se, desta forma, o domínio do homem pelo homem, usando até mesmo o nome de Deus como fundamento deste avassalamento. Os europeus não descobriram a América, mas quase que "tropeçaram" com ela. A princípio, todas as soluções foram improvisadas, impensadas, mas a partir da conquista começava a dominação.

Foto de: reprodução. 

caravela

Em frágeis caravelas o europeu
chegou ao continente americano.

Da conquista à Exploração

Geopolítica da Conquista . Entre 1492 e 1500 foram descobertos 50 mil Km², e até 1516 outros 300 mil Km². De 1515 a 1540 esta extensão chegará a dois milhões de Km² e mais 500 mil Km² até 1600. Até 1700 o Cristianismo Latino havia praticamente duplicado sua área geográfica por causa das terras conquistada na América.

Fases da Conquista:

Primeira Fase: Caribe (1492-1517). O centro de todo o movimento colonizador era a cidade de São Domingos, com os espanhóis chegando em 1508 a Cuba, "pacificando-a" em 1511, descobrindo a terra firme na sequência.

Segunda Fase: De Cuba se partia à conquista do México (1517-1530). Em 15 anos se dominou uns 10 milhões de Indígenas.

1532: Descoberta da Península da Califórnia. Em 1524 chegou-se à Guatemala, em 1525 à Honduras.

Terceira Fase: Do Panamá partiu-se rumo ao sul, à conquista do Peru (1524-1540), dominando e destruindo a civilização Inca. De Cuzco partiu-se à conquista do norte (Colômbia). Entre 1534 e 1538 conquistou-se o Sul e o Chile veio entre 1535-37. A região da Prata (Potosi - Bolívia) foi conquistada por uma corrente peruana (norte), chilena (oeste) e outra vinda do Rio da Prata, via Assunção.

Nesta fase inicial da colonização e da exploração das terras ocupadas uma viagem do Brasil a Portugal durava, em média, 30 dias na vinda e 40 dias na volta. Da Espanha ao Caribe o tempo de duração era de 75 Dias na vinda e 130 dias na volta, isso sempre com tempo favorável. Como já dito acima, pela falta de experiência dos colonizadores e pelo desconhecimento da realidade aqui encontrada, tanto os espanhóis como os portugueses vão usar aqui, a princípio, sistemas de exploração já conhecidos. Por isso, no Brasil se tentará o sistema conhecido como Capitanias Hereditárias.

Na América Espanhola serão implantados os Repartimientos. Como sistemas de Governo no Brasil haverá os governadores gerais e o primeiro aqui chegará em 1549, estabelecendo-se em Salvador, BA. Na América Espanhola serão estabelecidos os Vice-Reinos e as Audiências.

Foto de: reprodução. 

branco_europeu_chega_a_america

 Na América Colonial adaptou-se um sistema
de produção já usado em outras regiões.

A Conquista como Dominação Produtiva

A superioridade do europeu, especialmente do mundo mercantil, se apoiava sobre o progresso da nova tecnologia da navegação oceânica, superioridade na arte da guerra e metalurgia. Os indígenas americanos se encontravam ainda na fase anterior ao Período do Bronze, conhecido como Período Calcolítico, num estágio até mesmo inferior ao das grandes civilizações do Médio Oriente. As terras que antes eram usadas para o cultivo foram transformadas em pastagens pelos Europeus. Por causa do novo modo de vida imposto pelos europeus, com uma dominação cruel e calculada, logo a população indígena passou por um processo de rápida diminuição, motivada pelos seguintes fatores:

- Matanças provocadas diretamente nas conquistas, pois os europeus tinham a superioridade das armas de fogo e de aço.
- Morte pelas enfermidades trazidas pelos brancos.
- Aumento da mortalidade pela diminuição da dieta alimentar.
- Diminuição da Natalidade.

Com isso, em 100 anos houve uma redução de 90% da população Indígena e, ao contrário dos Europeus, que se aproveitaram dos produtos chegados da América como a batata e o cacau, os povos indígenas não puderam se aproveitar dos progressos trazidos pela civilização Europeia.

Como se dava a exploração. O europeu espanhol ou português não trabalhava a terra como os pioneiros dos Estados Unidos e, ainda por cima, destruíram a anterior forma de organização social e politica dos povos Indígenas. Onde existia maior concentração demográfica a exploração e a estruturação oligárquica foi mais forte. Onde não existia indígenas veio a introdução dos negros como mãe de obra escrava.                        

Foto de: Nome do fotógrafo

mineracao_na_america_colonial

A busca de metais nobres superava o
medo dos obstáculos da conquista.

A Conquista como Exploração Econômica

Portugal e Espanha eram a periferia do capitalismo europeu. Os lucros da exploração não paravam em Madri ou Lisboa, mas iam parar nos bancos de Londres e Veneza. Isto propiciará, mais tarde, o capitalismo industrial. Entre a Península e o resto da Europa o intercambio era mais ou menos igual, da Península com as Américas é que se mostra a injustiça estrutural e pecaminosa, na forma de um pecado institucional.

Nas nações colonizadoras como Portugal, Espanha, Inglaterra, Holanda e França o grau de vinculação ao mercado mundial dependia muito do produto exportado. Cada tipo de produção envolvia determinados riscos e isso se dava também devido ao caráter das culturas Indígenas. Destes elementos dependerá a estrutura econômica com suas variações regionais.

Estruturas Econômicas dominadoras. Dentro do sistema exploratório imposto por Espanha e Portugal às colônias, duas estruturas se destacaram: O sistema tributário da encomienda e o sistema da escravidão negra. Havia as haciendas ou grandes fazendas entregues a um colonizador.

Aqui entre nós no Brasil, havia os engenhos, especialmente na região produtora de açúcar. Este sistema de entrega de um grande lote de terras ao um explorador ficou conhecido como encomiendas e eram compostas por três elementos: As comunidades indígenas, fornecedoras de mão de obra; o interesse da república dos espanhóis, que era a sua classe dominante na forma dos encomenderos; e a coroa, legítima proprietária e o seu poder dominante.

O tributo das comunidades Indígenas feito na forma do trabalho e do produto passava à coroa através dos encomenderos que funcionava como um poder intermediário. À coroa pertencia as terras, suas riquezas e os índios como força de trabalho por direito de conquista, porem a coroa concedia o seu uso a certas pessoas que eram os encomenderos, recebendo em troca um tributo em dinheiro ou produto. Assim funcionava o Sistema das Encomiendas.

Este sistema era integrado a um mercado mundial capitalista-mercantil, mas sofria as críticas e ataques de alguns inimigos que eram os comuneros da Península Ibérica, ou seja, os encomenderos da América que queriam receber todo o tributo pessoalmente e algumas comunidades indígenas que pagavam os tributos diretamente à coroa.

Ao lado disso, a Igreja foi se posicionando ao lado dos explorados, especialmente quando percebeu os vícios e pecados do sistema. Muitas vozes então se ergueram em defesa dos indígenas e negros, não só na América, mas até mesmo nas metrópoles europeias.

Foto de: reprodução. 

a_encomienda_e_a_exploracao_dos_nativos

O Sistema de Encomienda legitimava
a exploração dos nativos.

As terras pertencentes à Espanha iam da atual Patagônia (Argentina) até o México, penetrando também na Florida e sudoeste dos EUA (Califórnia, Arizona, Novo México...). Os principais portos de entrada eram o de Vera Cruz (México), Porto Belo (Panamá) e Cartagena (Colômbia).

Estratégias de colonização:

- Fundação de cidades, das quais as mais antigas e importantes são cidade do México, Lima (1535) e Quito (1533).

- Exploração intensa das riquezas minerais, com destaque para a prata de Potosi (Bolívia).

- Organização dos Vice-Reinos como o de Nova Espanha (México), Nova Granada (Colômbia) e Nova Castela (Peru) ou as regiões como a de Nova Toledo (Chile) e La Plata.

A imigração. Em 1574 a população espanhola na América era calculada em 152 mil e no século XVIII em 10 milhões de pessoas. Os Vice-Reinos por sua vez eram formados por capitanias e audiências e estas, por sua vez, pelas governadorias.

 

Padre Inácio Medeiros, C.Ss.R. 
Mestre em História da Igreja  
pela Universidade Gregoriana 

Escreve série sobre a 
História da Igreja no Brasil 
para o A12.com

Escrito por
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Redentorista da Província de São Paulo, graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da Província de São Paulo, atualmente é diretor da Rádio Aparecida

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0

Boleto

Carregando ...

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Pe. José Inácio Medeiros, C.Ss.R. , em História da Igreja

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.

Carregando ...