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Igreja

Jesus, Misericordioso como o Pai

Escrito por Pe. Luiz Rodrigues Batista, C.Ss.R.

05 OUT 2021 - 09H55 (Atualizada em 05 OUT 2021 - 10H54)

Ao celebrar e vivenciar este dia de Santa Faustina, uma admoestação: Vejamos o quanto podemos ser egocêntricos. Somos interessados que Deus seja misericordioso para conosco. Às vezes, nos surpreendemos a nós mesmos, e queremos nos dizer ou nos convencer - no sentido mão única - de que precisamos do perdão de Deus.

Causa-nos grande alegria saber que Deus é misericordioso para conosco. Ficamos muito contentes, porque Jesus é expressão da bondade infinita do Deus Pai para com cada um de nós. Mas, antes de tudo, o nosso agradecimento ao querido Papa Francisco, porque promulgou em 08 de dezembro de 2015, o Ano Santo da Misericórdia para 2016, ano jubilar extraordinário para o Povo de Deus. 

Recordemos, neste artigo, a importância da Misericórdia.

Vivida Photo PC/ Shutterstock
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Tradição Bíblica e história

Sabemos que Ano Santo - Ano Sabático - tem origem e tradição bíblicas. Para o povo hebreu, a cada 50 anos acontecia um ano declarado santo: nele, eram libertados os escravos, as dívidas eram perdoadas e as terras, deixadas de ser cultivadas. Quanta sabedoria nessa prática! Era um ano de revisão, reparação e conversão.

Este ano tinha um objetivo preciso: restituir a igualdade a todos os filhos de Israel, oferecer novas oportunidades às famílias que tinham perdido suas prosperidades e até mesmo a liberdade pessoal. Podemos deduzir que esse ano jubilar - Tempo de Alegria - acontecia em favor da vida pessoal e da sociedade ideal a ser buscada e construída sempre.

Leia MaisIndulgências: Profunda e viva experiência com a misericórdia de DeusO costume de se ter Anos Jubilares na Igreja Católica teve início com o Papa Bonifácio VIII, em 1300. Então, celebrar o ano santo ganhou um significado novo, que constitui um pedido de perdão geral, uma indulgência aberta a todos e possibilidade de renovar a relação com Deus e com o próximo. Temos, portanto, um bom propósito no coração: estar reconciliados com Deus e com os irmãos. Mais, com Deus, é verdade!

No livro do Profeta Ezequiel, a história simbólica de Jerusalém - história do povo escolhido - a nossa própria história pessoal e a maneira de Deus nos tratar:

"Lembrar-me-ei da aliança que fiz contigo na tua juventude, e estabelecerei contigo uma aliança eterna... serei eu que estabelecerei a minha aliança contigo, e saberá que sou Iaweh, oráculo do senhor". (Cf. Ez. 16,59-63).

A iniciativa é sempre de Deus Misericordioso, Deus da vida, da libertação agindo na história do Povo!

No Evangelho, ficamos perplexos diante da matemática, na pergunta de Pedro: 'Quantas vezes devo perdoar ao meu irmão que pecar contra mim? Sete vezes sete?’ (Cf. Mt. 18, 21-35). Já sabemos a resposta: Devo perdoar quantas vezes forem necessárias. Reparei na pergunta de Pedro: "Meu irmão nem pecou ainda e devo perdoar?" Deus nos perdoa sempre, porque nos ama. Perdoamos à medida que nos sentimos amados. 

Immaculate/Shutterstock
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Amar e ser amado

Sentir-se amado é um aprendizado que nunca termina. Causa-nos estranheza dizer às pessoas que as amamos. A nossa cultura não suporta muito isso. O nosso jeito de relacionar-se é muito mais por interesse, e nada de gratuidade.

Posso pensar assim: aprendi a ser amado quando eu era criança; depois adolescente; depois jovem; depois adulto, ou até o estágio em que me encontro. Enquanto perdurarem os meus dias, devo aprender a ser amado por Deus e pelas pessoas que convivem comigo: familiares, amigos, comunidade, Igreja... Mas, depois que aprendi e experimentei que sou amado, fui chamado a perdoar a todos, sem medida. Fui chamado a ser misericordioso. A minha comunidade-Igreja também recebeu esse chamado...

Leia MaisConheça a devoção à Divina Misericórdia e Santa FaustinaNinguém dá daquilo que não tem. Ninguém oferece o que jamais recebeu. Ora, se somos amados, somos capazes de amar e de perdoar as ofensas. Somos capazes de curar as feridas, as mágoas que causam sofrimentos, dores, angústias, violências, ódios, maldades, vinganças, etc.

O mundo em que vivemos está repleto disso tudo: rivalidades, guerras civis e religiosas, conflitos culturais, econômicos, políticos, ideológicos, étnicos, corrupções. Enfim, foi necessário e oportuno o papa promulgar um ano jubilar extraordinário sobre a Misericórdia naquela ocasião (e talvez o seja novamente). Precisamos aprender a ser misericordiosos. Mas, antes, precisamos de conversão: mudança de rota no nosso jeito de compreender as coisas, mentalidade nova. Precisamos de mudança cultural.

O Papa Francisco disse numa dessas audiências, às quartas-feiras:

'Não há santo sem passado nem pecador sem futuro!'

Deus tem o olhar voltado para o pecador, o fraco, o pequeno, o indefeso, o vulnerável. Constatamos através da parábola da ovelha perdida e do filho pródigo, entre outras que temos presentes no coração e na memória. 

Shutterstock/Por hxdbzxy
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Ser expressão da misericórdia de Deus

O ano da graça e da libertação chegou a nós por Jesus: encontramos, primeiro no livro de Isaias, depois em Lucas:

O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me conferiu a unção para anunciar a boa nova aos pobres. Enviou-me para proclamar aos cativos a libertação e aos cegos, a recuperação da vista, para despedir os oprimidos em liberdade, para proclamar um ano de acolhimento da parte do Senhor. Jesus enrolou o livro e disse: ‘hoje, esta escritura se realizou para vós que ouvis...’ (Cf. Lc. 4,16-20).

Jesus - ao concluir sua missão - volta para junto do Pai. Não significa dizer que Jesus se encontra distante da comunidade, dos discípulos, do mundo. Pelo contrário, está presente - ressuscitado - para continuar a missão, a mesma prática de antes. A missão de Jesus é reconciliar o mundo com Deus-Pai, é estabelecer o Reinado de justiça e de paz no meio da humanidade, no coração de cada um de nós. É renovar a esperança na vida fraterna e amiga, é estabelecer o ano da graça e da libertação.

Queremos ver o rosto misericordioso de Jesus. A comunidade apresenta-nos a Porta Santa, por onde queremos e temos de passar: Jesus, misericordioso como o Pai. A comunidade cristã tem como herança essa verdade.

Deixemo-nos, como comunidade cristã, conduzir pelo mesmo Espírito que conduzia Jesus. Que Maria de Nazaré, a mãe de Jesus Misericordioso, nos ensine a sermos discípulos e missionários Dele.

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