Liturgia

Liturgia: exercício da função sacerdotal de Cristo

Quer entender melhor o significado da Liturgia para a Igreja? Comece por este texto!

Escrito por Redação A12

07 OUT 2013 - 08H34 (Atualizada em 18 ABR 2024 - 14H53)

A nossa palavra ‘liturgia’ vem da palavra grega leitourgia. Esta, formada por leiton (povo) e ergon (obra, ação), significa um serviço prestado ao povo ou ao bem comum.

Quando a Bíblia hebraica foi traduzida em Alexandria para o grego, a Bíblia dos LXX, a palavra liturgia vai aparecer por volta de 150 vezes, ligada ao culto que os sacerdotes e levitas ofereciam no templo (cf. Ex 27,19; 28, 35. 43; Nm 4,4; 31,33.39; 1Cr 23–28).

Desta forma, já no Antigo Testamento, o termo ‘liturgia’ vai significar uma ação cultual em favor do povo de Deus.

No texto do Novo Testamento (NT), a palavra ‘liturgia’ aparece com cinco significados diferentes, a saber:

  1. no sentido grego, como obra pública (cf. Fl 2,17. 25.30; Rm 13,6);
  2. no sentido do culto do AT (cf. Lc 1,23; Hb 8,2.6);
  3. como vivência pública da religião (cf. Rm 15,26-28; 2Cor 9,12-13);
  4. como culto espiritual (cf. Rm 15,16; Fl 2,16); e
  5. como culto ritual da comunidade cristã (cf. At 13,2; Hb 8,2-6).

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos diz, no parágrafo 1070, que no NT, a Liturgia não só designa o culto, mas também a obra de evangelização e a caridade em ato. Dessa forma, ela se torna a fonte por excelência da espiritualidade cristã, pois na medida de Cristo, o único liturgo, os cristãos prolongam sua vida de glorificação do Pai e de santificação dos homens.

Herdeiros da espiritualidade da Escritura, os Padres da Igreja vão designar como ‘liturgia’ o culto novo que surge do sacerdócio de Cristo, no qual os homens são admitidos pela graça do Batismo e encontram seu centro na celebração da Eucaristia. Outros termos, ao longo da história, foram usados para dar conta das celebrações cristãs, tais como: ofícios sagrados, ritos, celebração, ação, etc.

Definição de Liturgia

A “Sacrosanctum Concilium” n.º 7 nos afirma que a Liturgia é o “exercício da função sacerdotal de Cristo. Nela, os sinais sensíveis significam e, cada um à sua maneira, realizam a santificação dos homens; nela, o Corpo Místico de Jesus Cristo — cabeça e membros — presta a Deus o culto público integral.”

Nesta importante definição apresentada pelo Concílio, temos os elementos essenciais da ação litúrgica.

De fato, a Liturgia começa com a ascensão de Cristo ao Pai e a entrega de seu Espírito aos homens para manifestar a Igreja. A ação de graças perene que o Filho tributa ao Pai na Liturgia celeste é participada, na virtude do Espírito, pela Igreja.

Cristo é o centro do culto, pois é por Ele, com Ele e Nele que podemos nos voltar para o Pai e agradecê-Lo pelo dom sem igual do Espírito, com o qual nos tornamos seus filhos (cf. Rm 8,15). Assim, o ofício que prestamos aqui é um sinal daquele prestado no céu e é um caminho que nos guiará até o louvor pleno e definitivo na casa do Pai.

Por ora, a vivência litúrgica é sacramental, pois se utiliza de sinais e símbolos para nos revelar realidades mais profundas. São muitos os sinais presentes nas celebrações litúrgicas: o pão, o vinho, o ser humano, o templo, a luz, o incenso, a água, a palavra, o óleo… Todavia, estas realidades apontam para outras: o pão e vinho que se tornam o Corpo e o Sangue do Senhor, por exemplo. Estes sinais servem para comunicar aos homens a graça da santidade.

Por meio de sinais visíveis se reconhece a ação invisível de Deus. A liturgia da Igreja pretende ser, por sua união com Cristo, sua grande ação de graças ao Pai, reconhecendo Nele a fonte de todo o bem e de toda a santidade.

As três dimensões da ação litúrgica

Toda ação litúrgica é, essencialmente, anamnética, epiclética e doxológica.

A dimensão anamnética é aquela do memorial, na qual nós nos recordamos das maravilhas operadas por Deus na história da salvação, sobretudo do mistério pascal de Cristo. O próprio Senhor nos mandou fazer memória de sua entrega na cruz (cf. Lc 22,19; 1Cor 11,25).

A dimensão epiclética é aquela invocatória, onde o Espírito Santo se faz presente para atualizar no hoje aquilo que recordamos sob seu poder. Jesus nos disse que o Espirito Santo viria para nos recordar e nos ensinar todas as coisas (cf. Jo 16,13-15).

A dimensão doxológica é aquela da glorificação que fazemos de Deus por sermos alcançados pela sua salvação. A meta da vida cristã é reconhecer o amor e a misericórdia que nos vêm de Deus (cf. 2Cor 9,15; Ef 1,12).

Para Aprofundar:

Indicamos a leitura da Constituição Dogmática “Sacrosanctum Concilium”, capítulo primeiro; do Catecismo da Igreja Católica (CIC), números 1066 – 1134; do Compêndio do Catecismo, da pergunta 218 até a 223; e, do Youcat, perguntas de 166 até 178.


Padre Vitor Gino Finelon
Professor das Escolas de Fé e Catequese
Mater Ecclesiae e Luz e Vida

Fonte: Arquidiocese do Rio de Janeiro

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