Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 25 MAR 2019 - 17H19

A fé não elimina a dor, mas antecipa a vitória!

Transfiguração

Todos nós precisamos de pausas na vida cotidiana para restaurar as forças gastas. Um tempo de repouso no corpo e no espírito. Há uma pausa também na vida espiritual que favorece o reencontro com Deus e consigo mesmo. Ela é dada pelo domingo quando nos reunimos à mesa do Senhor Jesus na Eucaristia. Nela sentimos que não somos caminheiros solitários neste mundo. Reencontramos os amigos com os quais partilhamos os projetos comuns da vida na fé e a esperança de uma nova ordem social. Iluminados pela fé restauramos esperanças diante as crises e desafios.

 

 Assim é a Quaresma com seus sacrifícios, penitências e renúncias, embora pequenos, talvez. Tudo vai nos levando à experiência libertadora e vitoriosa de Jesus: a Páscoa. 

Nas 5 semanas antes da Páscoa, os domingos quaresmais nos oferecem um como que “treinamento espiritual. Digamos: uma “malhação da alma”.  É preciso confiar e perseverar até a Páscoa. A subida exige fôlego, pernas fortes, pulmões cheios e sobretudo a decisão firme de continuar até o topo. Uma vez no cimo da montanha domina-se a paisagem. É a visão das alturas! A brisa suave acaricia a pele suada. É grande a satisfação de conquistar a meta, vencendo a caminhada. Assim é a Quaresma com seus sacrifícios, penitências e renúncias, embora pequenos, talvez. Tudo vai nos levando à experiência libertadora e vitoriosa de Jesus: a Páscoa. De páscoa em páscoa cada ano o cristão (ã) vai marcando sua passagem na terra elevando mais e mais seu coração atraído por Deus. E pondo-se a serviço de melhores condições de vida para todos, conscientizando-nos dos direitos e deveres da cidadania.

 

Na mesa da Eucaristia restauramos as nossas forças partilhando entre nós o “pão da Palavra” e o pão vivo descido do céu: o Cristo.

Na mesa da Eucaristia restauramos as nossas forças partilhando entre nós o “pão da Palavra” e o pão vivo descido do céu: o Cristo. Ele ilumina nosso olhar crítico sobre as injustiças que minam o valor da vida, a beleza da Criação. No tempo da Quaresma a Campanha da Fraternidade que aguça em nós o ver, o julgar, o agir. Por ela temos o discernimento necessário sobre as urgências em restaurar a harmonia com a natureza, em preservar a vida e a natureza na Criação, nas criaturas e na pessoa humana: obras primas saídas da mão de Deus. As atividades econômicas predatórias decorrentes da ambição, consumismo e devastação das águas, da floresta, do ar etc. são ameaças constantes à degradação ambiental dos chamados “biomas” do Brasil. Tais ameaças vêm também de onde menos se poderia esperar: do progresso científico e tecnológico quando esse não leva em conta a ética em suas novas experiências.

 

Fé

A intenção do texto é responder a duas perguntas: quem é
Jesus e quem são seus discípulos?

A mesa eucarística nos coloca neste domingo no alto do monte Tabor com Jesus. Fala de sua transfiguração. Com Ele contemplamos a paisagem da fé e provamos um pouco a alegria da sua vitória final. O episódio retrata a fé pós-pascal das primeiras comunidades cristãs. E ensina que o mistério de Jesus, na sua glória, só pode ser alcançado por quem não tem medo de se comprometer com Ele até a morte. Ler em Mateus, 17, 1-9.                                                                           

Mateus ao dizer que Jesus subiu a uma alta montanha faz referência ao episódio bíblico do Sinai, na Antiga Aliança. Ali Moisés, o líder do povo libertado, fez uma experiência mística de Deus e recebeu dele os 10 Mandamentos. A prova desse encontro pessoal de Moisés com a divindade foi essa: o seu rosto resplandecia ao descer da montanha. Está no livro do Êxodo, 34, 29. Ora, Mateus fala que na transfiguração, “o rosto de Jesus brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. E Moisés e Elias apareceram para conversar com ele” (vv.-2 a 3). Isto significa: Jesus substituiu as duas grandes lideranças espirituais do povo bíblico. E com ele nasceu um novo povo: seus discípulos reunidos na Igreja (a planície do mundo). A intenção do texto é responder a duas perguntas: quem é Jesus e quem são seus discípulos?

 

Confiança

“Este é o meu Filho amado, no qual eu
pus todo o meu agrado. Escutai-o!” 

A resposta à primeira pergunta (quem é Jesus?) vem de uma voz que sai de dentro da nuvem luminosa: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!” Na Bíblia, a nuvem é símbolo da realidade do próprio Deus. Então mesmo como homem Jesus estava dentro do mistério de Deus. Isto significa no texto que a doutrina de Jesus é avalizada por Deus. E como o texto é uma catequese pós-pascal, a transfiguração é um testemunho de sua vitória. Ele não foi vencido pela morte na cruz. Alcançou por ela a vida gloriosa de Deus e pode dá-la a seus seguidores. Mas o Evangelho avisa: o caminho de Jesus passa por duas fases: a cruz e a glória. Primeiro vem o sofrimento, a morte antes da páscoa e a vitória final.

Hoje nós fazemos a experiência quaresmal e pascal de Jesus. Temos tentações e provações. É preciso confiar e perseverar até a Páscoa. Por isso invocamos Maria, a Virgem da Páscoa! Ela escutou, entendeu e viveu a voz do Filho amado: seu e do Pai. Deus a chamou como “filha predileta” e ela aceitou dispondo-se a servir. “Eis a serva do Senhor para fazer sua vontade!”. Foi por Ele transfigurada. Peregrinou no caminho pascal de Jesus. Com carinho filial comemoramos os 300 anos do achado de sua imagem, invocando-a como “Mãe Aparecida”. Nessa Quaresma especialmente, lá do céu ela nos ajudará a abraçar os objetivos da Campanha da Fraternidade para transformar nosso País em terra abençoada de gente feliz!

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