Espiritualidade

O escapulário não é uma 'permissão para pecar'

João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)

Escrito por João Antônio Johas Leão

15 JUL 2021 - 12H24 (Atualizada em 16 MAI 2022 - 12H43)

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“Flor do Carmelo, vide florida. Esplendor do Céu. Virgem Mãe incomparável.
Doce Mãe, mas sempre virgem. Sede propícia aos carmelitas. Ó Estrela do mar”.

Com esta oração, o monge carmelita São Simão suplicava à Nossa Senhora a intercessão por sua ordem religiosa, que se via perseguida a ponto de parecer ser o seu fim. Como não podia deixar de ser, a Virgem Santíssima atendeu esse pedido de seu filho e lhe entregou como sinal de proteção o escapulário para ser utilizado com a promessa de que aquele que o usa bem, não padecerá no inferno.

Nossa Senhora do Carmo é, então, uma devoção que surgiu em um contexto de perseguição, especificamente de perseguição religiosa sobre uma congregação que nasceu no monte Carmelo, de onde provém o nome Carmelitas. Nossa Senhora aparece aí de modo especial como aquele refúgio debaixo do qual seus filhos podem se aconchegar, não para fugir do perigo, mas para melhor o enfrentar. Recorrer a Maria nesses momentos é, justamente, manifestar a própria fé de que, por maiores que sejam os problemas, Deus é o Senhor da história e está sempre governando tudo com Sua Providência.

Como assim? É só lembrar de Maria ao pé da Cruz. Quando tudo parecia perdido, ela permanece firme, de pé, junto a seu Filho. É a manifestação mais bonita de fé diante daquilo que parece uma causa perdida. De fato, muitos dos discípulos não estão junto a Jesus nesse momento. A oração de São Simão, nesse sentido, pode ser comparada à presença do discípulo amado junto a Maria aos pés da Cruz. É como se São Simão estivesse com muita dificuldade de ver a presença de Deus em meio às perseguições e, por isso, recorreu a Maria. E ela, prontamente, lhe sai ao encontro com esse sinal de proteção que é o escapulário.

Leia MaisConheça Nossa Senhora do Carmo de MaipúO escapulário claramente não é uma permissão para pecar, com a justificativa de que a Virgem prometeu o céu para aquele que simplesmente o usar. Esse tipo de pensamento, no fundo, manifesta uma fé ainda muito pouco madura, meio supersticiosa inclusive. Essa não é a nossa fé.

O que quer dizer então esse sinal? Ele quer ser a manifestação de uma vida que tem a confiança posta em Deus e em Nossa Senhora. Ao mesmo tempo que, como sacramental (assim como a água benta, por exemplo) confere uma especial proteção contra os ataques dos inimigos. Não é mágica, é Graça de Deus.

Todos passamos por momentos de tribulação. Sejam mais fortes ou menos fortes, o certo é que, sozinhos, não podemos levar uma vida santa, não podemos conferir nós mesmos o sentido para nossas vidas, não podemos suportar o sofrimento que parece não ter sentido e, menos ainda, podemos suportar as perseguições que nos fazem por tentar viver uma vida cristã.

Por isso, a devoção à Virgem do Carmo nos recorda mais uma vez que, em todos os momentos, estamos chamados a colocar nossa esperança em Deus, a confiar em Sua presença no meio de nós, mesmo que seja, por vezes, velada.

A Virgem do Carmo nos chama a colocar Seu filho no centro de nossas vidas para que, no mar agitado da vida, não percamos o rumo e cheguemos confiantes à casa do Pai.

Escrito por
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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