Por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R. Em História da Igreja Atualizada em 21 SET 2017 - 09H49

Novo ardor missionário e empenho na missão continental

 

JIoão Paulo II no Brasil. 

Como sinais positivos de uma nova realidade eclesial que surgia nos primeiros anos do século XXI tivemos o crescimento da presença da Igreja nos meios de comunicação: Rádio, Televisão (07 canais) e Internet, além do seu despertar para a Missão Continental.

No período de nossa primeira evangelização (de 1500 a 1889) a Igreja cometeu muitos e grandes pecados, como a participação na destruição das culturas indígenas e massacre, talvez em nome do próprio evangelho. No meio de tudo isto, encontramos, porém, muitos exemplos de heroísmo e de santidade.

Da colônia e do império, recebemos a formação católica e religiosa de nosso povo. Em 1890 o nosso povo era quase todo católico, com muitas e ricas manifestações de religiosidade, de fé e de devoção. Os problemas maiores desta época foram a fraqueza da instituição, a escassez ou despreparo dos padres e a ignorância religiosa do povo.

A partir da república, o catolicismo foi sendo fortalecido por um período de renovação e mudanças que ajudou a Igreja a ocupar o seu lugar na sociedade brasileira. Tanto assim que, quando chegamos aos tempos modernos, a Igreja era a que mais clamava por mudanças sociais. A separação entre a Igreja e o estado ajudou muito no exercício da liberdade e no cumprimento de sua missão profética.

Foto de: reprodução. 

O regime militar expulsou religiosos do Brasil
como o italiano Pe. Vito Miracapillo.

Na década de sessenta, apesar da dureza do regime militar e dos desafios enfrentados pela Igreja, o Concilio Vaticano II pôs os fundamentos de uma atitude nova e de uma nova eclesiologia. As conferencias episcopais de Medellim, Puebla e Santo Domingo só vieram fazer o reforço desta eclesiologia. Assim chegamos ao nosso tempo, sem aquela atitude de fechamento e de medo, mas de esperança e serenidade. A Igreja no Brasil caminha entre luzes e sombras, entre o pecado e graça, contando sempre com a força que vem no alto no cumprimento de sua missão. 

Ser Igreja no Novo Milênio

Nos anos 80 ainda no século XX a atividade pastoral da Igreja continuou marcada por grandes contradições e por desafios, mas a Igreja continuava mantendo uma forte presença na sociedade brasileira, tanto assim que uma pesquisa então realizada indicou a Igreja católica como a instituição que gozava da maior credibilidade, com uma expressiva percentagem de 86%. A tônica começou a ser colocada então na Nova Evangelização, motivando-se no pedido do papa João Paulo II, feito em 1983.

Foto de: reprodução

O pontificado de João Paulo II encaminhou 
a Igreja para a Nova Evangelização.

Os novos movimentos eclesiais, se por um lado, contribuíam para aproximar a Igreja de vastas camadas da população, sobretudo, das massas urbanas e dos excluídos, por outro lado afastou a Igreja de outras camadas da população, especialmente as elites e detentores do poder. Em algumas ocasiões, como a época em que missionários estrangeiros foram expulsos do país, o choque e a tensão foram grandes. No final dos anos 80, sentia-se o renascer da religiosidade em todas as classes. Isto levou à revalorização da dimensão contemplativa, da oração e de uma nova espiritualidade.

Também neste tempo começaram a surgir novas experiências missionárias e a Igreja se abriu para a missão “Além Fronteiras”, pois até então a Igreja no Brasil mais recebia que enviava missionários. Os anos 80 e 90 do século XX serão, por isso mesmo, de grandes desafios e de muitas interrogações para a Igreja:

- Com enfrentar, com criatividade, a tarefa da evangelização nas grandes cidades, sabendo que ao menos 50% dos católicos têm uma participação apenas esporádica na vida da Igreja?

- Como relacionar-se com as novas formas de organização religiosa e com os novos grupos que vem crescendo, sobretudo, a partir da década de 70?

- Como antepor os valores cristãos diante da crise da modernidade e de certa nostalgia pela tradição ou pelos valores propostos pela cultura do descartável?

- Como interagir com os organismos da sociedade civil e com as forças político-econômicas da nação?

Pensando nestes desafios a Igreja se empenhou pra valer em dois projetos de evangelização e pastoral: um primeiro intitulado ″Rumo ao Novo Milênio”, no fim do século XX, preparando a Igreja para o grande jubileu do ano 2000 e outro conhecido como “Ser Igreja no Novo Milênio” levando a Igreja a uma ação comprometida nos primeiros anos do século XXI.

Foto de: reprodução.

O papa Bento XVI abriu a Conferência de Aparecida que levou a Igreja à Missão Continental.

 

Alguns acontecimentos políticos mundiais também trarão sua marca e influência na sociedade brasileira e na Igreja, pois vivemos agora num mundo globalizado. Em 1989 veio a queda do Muro de Berlim, como sinal simbólico desta nova realidade. Pouco depois tivemos a desagregação da União Soviética e a formação das diversas repúblicas ou países independentes. Com ela se foi também a famosa Guerra Fria e os EUA reinaram soberanos como a maior potencia do mundo. Os anos 80 e 90 verão o Brasil passando por diversos planos de economia, tentando acabar com o grande dragão da inflação que chegava à casa dos 80 % ao mês.

Apesar de todo o avanço e de todo progresso sentido nas ultimas décadas, o Brasil ainda é um dos países onde é mais forte a desigualdade e a injustiça e onde setores vitais de toda e qualquer sociedade como a educação e saúde ainda sofrem com o descaso do poder político.

O Brasil tornou-se democrático, mas nossos políticos ainda mantêm os mesmos vícios do antigo regime. Por causa disto, outras mudanças que se fazem necessárias custam a acontecer, porque significa perda de privilégios e favores.

Foto de: reprodução. 

Um papa “que veio do fim do mundo” conduz agora a barca de Pedro.

 

A Igreja vai tentando, com custo, mas com muita serenidade, encontrar o seu caminho, para ser sinal desta realidade nova que todos nós buscamos, caminhando entre luzes e sobras, entre o medo e a esperança.

 

Escrito por
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Redentorista da Província de São Paulo, graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da Província de São Paulo, atualmente é diretor da Rádio Aparecida

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