Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 04 FEV 2020 - 12H04

Viver o discipulado de Jesus, como sal e luz do mundo!

A primeira convicção do discípulo-missionário de Jesus é ter consciência de sua identidade cristã e afirma-la sempre. Ser “sal e ser luz” nesta condição! Sob os símbolos do sal e da luz o Evangelho exige a autenticidade religiosa no discipulado. As convicções, os atos, a prática da fé devem vir do interior e não só do exterior: as cerimônias e ritos. A prática da religião do coração exige além de proclamar o amor e a justiça; luta por um país melhor para todos, sem corrupção, sem desemprego e com paz. Exige as condições políticas e econômicas de vida mais digna e mais humana. Para ser o sal e a luz na sociedade é preciso ser educado para a justiça. Ter a justiça de Deus como parâmetro, como objetivo de vida pessoal e do convívio social.

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“Se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia”.

O profeta Isaías avisava: mais que o ritual antigo do jejum, agradavam a Deus as obras de misericórdia. “Se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia”. Jesus nos propõe no capítulo 5º de Mateus as suas bem-aventuranças, como a essência do Evangelho. Elas são caminhos e meios de felicidades alternativas que se contrapõem ao esquema de posse, poder e prazer da nossa cultura. Sinceramente assumidas e vividas elas “põem em crise”, o seu discípulo que precisa esvaziar-se de si mesmo e tornar-se pobre aos olhos de Deus, confiar sempre nele, despojar-se e desapegar-se das seguranças materiais. O seguimento a Jesus no caminho das bem-aventuranças corresponde aos anseios mais profundos do humanismo. Mas implica o compromisso de lutar para se ter a “vida boa verdadeira”, onde não conta para nada a soberba, a vanglória, o poder, a importância de classe.

A educação para a justiça de Deus torna-se cada vez mais urgente neste mundo ferido pela descrença, a cultura da morte e do pecado. Se a família for a “igreja doméstica” começará aí a educação para a justiça. É fácil hoje a família ser absorvida no afã do consumismo envolvida pela mídia que o impõe com um marketing sedutor. Educar para ser justo e honesto é o instrumento valioso que nas famílias, escolas e igrejas orientará as crianças, os adolescentes e os jovens a crescerem com espírito crítico. E assim saberão se posicionar diante dos falsos valores que lhes são oferecidos no vestir, nos modismos, no divertir-se, no beber e comer, na comunicação e utilização da eletrônica. Pois, o sistema econômico tem uma lógica férrea e desumana: acumula dinheiro, bens e privilégios cada vez mais nas mãos dos que já os tem. Como os discípulos-missionários conviverão com as injustiças desse sistema que produz e descarta pobres, humildes, fracos, carentes? Condena a maioria da população à saúde e alimentação precárias, ao trabalho incerto ou mal remunerado etc. – Como ser cristão aí? Leia: Mateus 5, 13-16.

Jesus faz aqui algumas aplicações concretas. Diz aos discípulos que sejam sal e luz do mundo. Sois o sal da terra! Sois a luz do mundo! Brilhe a vossa luz diante dos homens! Na Bíblia o sal é sinônimo de “força transformadora”, força contra a corrupção. É símbolo da preservação da boa saúde, além de ser tempero que dá gosto ou sabor à comida. Por sua natureza, o sal nunca seria anulado. É um símbolo da preservação constante da justiça social na convivência humana. Caso se desligue do Evangelho e da vivência das bem aventuranças o seguidor de Jesus será como um “sal que perdeu o sabor”: não terá nenhum valor para os homens e menos ainda para Deus. Perde o sabor das coisas de Deus.

E a luz é símbolo da presença de Deus na Bíblia. No Novo Testamento é associada ao nascimento de Jesus: luz da salvação! É ainda aplicada à força do Evangelho e ao poder vitorioso da ressurreição de Cristo. Então, o discípulo de Jesus recebe a sua luz que o orienta em suas ideias, decisões e ações. Ao mesmo tempo, sendo fiel ao Mestre torna-se com ele uma luz divina brilhando no meio dos outros. Não anda nas trevas. Em Jesus, em sua vida, palavras e obras, Deus realizou a justiça divina, o seu projeto de vida feliz para nós. Se nós tivermos um modo de vida honesto, justo e digno preservamos a identidade cristã e seremos no discipulado como refletores da luz através das boas obras que louvam o Pai do céu.

Maria, a primeira, maior e mais fiel discípula foi reconhecida por Isabel como “bem-aventurada porque acreditou” (Lucas 1,45) “Sua figura de mulher livre e forte, emerge do Evangelho conscientemente orientada para o verdadeiro seguimento de Cristo”. (Doc. Aparecida, nº266). Sendo a mãe da Igreja ela nos diz que não é possível amar e seguir Jesus sem se deixar encantar por sua pessoa, ensino e atitudes com os outros. Cuidemos de nossa identidade cristã! Que ela nunca se desfigure em meio à corrupção e fraqueza do mundo.

Pe. Antonio Clayton Sant’Anna – CSsR     
                                     

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