Por Redação A12 Em Opinião

O padre, servidor do povo

O recente documento da CNBB, nº. 100, 'Comunidade de comunidades: uma nova paróquia – A conversão pastoral da paróquia', em seu capítulo 5, tem como título 'Sujeitos e tarefas da conversão pastoral'. Elenca quais são os sujeitos da referida conversão (Bispos, presbíteros, diáconos permanentes, os consagrados e os leigos). Deter-me-ei nos sete números que fazem alusão à figura do presbítero. (nn.199-205).

Esta parte começa afirmando que o presbítero é chamado a ser padre-pastor, colocando quais as características do mesmo: dedicado, generoso, acolhedor e aberto ao serviço da comunidade; faz referência ao excesso de atividades como um sinal preocupante que pode prejudicar o equilíbrio pessoal do padre (cf.n. 199).

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Em algumas comunidades, encontram-se presbíteros desencantados, cansados. Neste momento, o documento em apreço chama a atenção para algo que é muito grave e que merece de nós presbíteros, em especial aos Párocos, a atenção:

“A sobrecarga de trabalhos pode dificultar a capacidade de relacionamento dos presbíteros, tornando-os apáticos aos sofrimentos dos outros, insensíveis aos pobres, rude no tratamento de seus paroquianos e incapazes de manifestar a misericórdia e a bondade de Cristo do qual são ministros. Eles precisam ser ajudados.” (n.200).

 

“A conversão pastoral da paróquia depende muito da postura do presbítero na comunidade”.

Vivemos numa sociedade do vazio, da superficialidade e, neste contexto, nós somos, entre outras realidades, formadores de opinião, com um papel importante na sociedade de fazer o contraponto de tudo aquilo que pode ser considerado manipulação das consciências. O documento também dá a sua contribuição neste aspecto quando afirma que: “Outra preocupação se refere à atualização do padre diante das aceleradas mudanças que ocorrem na modernidade. 'Ele pode ficar atrasado no tempo e afastado da realidade. No ativismo pode ser que não se dedique ao estudo e não se prepare melhor para escutar e entender os anseios dos que o procuram.'” (n. 201). Afinal de contas, apesar do modelo eclesiológico do Vaticano II, ser trinitário, uma eclesiologia de comunhão, onde todos são responsáveis pela ação evangelizadora, “a conversão pastoral da paróquia depende muito da postura do presbítero na comunidade” (n. 202).

Para que boa parte destas realidades aconteçam, será de fundamental importância que o presbítero acolha bem as pessoas, exerça sua paternidade espiritual sem distinções, evitando postura seletiva de privilégios a grupos A ou B, renovando sua espiritualidade para ajudar tantos irmãos e irmãs que buscam a paróquia. (cf.n. 202), Identicamente se evite que paróquias possam projetar uma imagem contrária do que se falou até aqui: a imagem de uma Igreja distante, burocrática e sancionadora (cf.n. 37).

Devemos melhorar nosso atendimento e a paróquia há de fazer a diferença neste item começando pelo padre. Isto requer que o presbítero cultive uma profunda e nos experiência de Cristo vivo, com espírito missionário, coração paterno, que seja animador da vida espiritual e evangelizador, capaz de promover a participação” (n. 203).

Finalmente, o padre dever ser formado para ser servidor do seu povo. É por este motivo que deve existir uma preocupação com a formação permanente e da formação nos seminários de acordo com esta visão pastoral que considera a paróquia uma comunidade de comunidades, tal como tem insistido a Igreja no Brasil a respeito da formação presbiteral (n. 205 e Doc. 93 da CNBB).

A questão fundamental é: como superar o “modelo” atual de paróquia, muito mais voltada para a sacramentalização, conservação para o modelo apresentado no documento aqui refletido. “O ministério sacerdotal tem uma forma comunitária radical e só pode se desenvolver como tarefa coletiva” (n. 204).

Pe. Almir Magalhães
Arquidiocese de Fortaleza

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