Por Redação A12 Em Espiritualidade

O pêndulo da boa fé

Entre o presente e o futuro muitos balançam como o pêndulo e não se seguram para não caírem em sua própria perplexidade. Mas o que dá segurança em nosso vida não é a matéria nem são os efeitos da busca de bem estar provocado pelos estímulos sensoriais ou os prazeres. Esses muitas vezes camuflam a sensação de realização humana. Mas nós não nos contentamos com o que é passageiro. Por isso, a sede de infinito nos questiona sobre a história sobre a terra e sua relação com a vida imorredoura.

 O ter, o prazer e o poder precisam ser dosados com a ética, o respeito à dignidade da vida, da família, do sexo, da pessoa humana, a justiça, o bem individual e social.

Deus nos criou nesta terra para dela cuidarmos, numa convivência amorosa entre os pares e a natureza, mas sempre com o fio condutor da relação amigável com Ele. Quanto mais realizarmos seu projeto em nossa vida, mais percebemos o sentido da caminhada terrestre em busca da vida plena, que só se dará em total realização humana, quando virmos o deslumbre do Criador com nossos olhos transformados na ressurreição.

 

"O que é terreno é bom. Foi criado por Deus. Mas seus efeitos positivos para nós depende do modo de usá-lo".

Paulo apresenta a certeza da vida eterna e a importância da vida terrena levada a efeito com o projeto divino. Ele preferiria ir logo para a eternidade, mas sabe da missão que Deus lhe dá para ainda viver aqui seguindo os ditames do Criador: “Sinto-me atraído para os dois lados: tenho o desejo de partir, para estar com Cristo – o que para mim seria de longe o melhor –, mas para vós é mais necessário que eu continue minha vida neste mundo” (Filipenses 1,23-24).

O que é terreno é bom. Foi criado por Deus. Mas seus efeitos positivos para nós depende do modo de usá-lo.  O ter, o prazer e o poder precisam ser dosados com a ética, o respeito à dignidade da vida, da família, do sexo, da pessoa humana, a justiça, o bem individual e social. Por isso, o Filho de Deus veio nos dizer como fazê-lo. Saber fazer escolhas, renúncias, utilização dos dons, convivência na solidariedade, realizar um projeto de vida com hipoteca do bem comum e nortear-se pelo Transcendente são coordenadas de suma valia para seguirmos o fio condutor da caminhada neste mundo, em vista da consecução da vida plena.

Toda profissão e todo exercício de cargos e funções são realizadores para seus sujeitos quando vividos em razão de utilidade para o bem de todos. Assim, os cargos políticos deveriam ser exercidos somente em ordem à boa ordenação da coisa pública para o melhor serviço à comunidade. Ao contrário, o pêndulo de seu sentido ficaria caído e inutilizado por ferir sua razão de ser. Todos somos corresponsáveis nessa questão. Nosso voto deve expressar nossa grandeza cidadã. Com a aceitação da vontade do Criador cuidamos uns dos outros para fazermos o grande barco da caminhada terrestre um meio de vida de qualidade, tendo em vista a finalização de tudo em Deus, que está presente em nossa história. Ela nos conduz até Ele para o outro lado do nosso oceano vital. Enquanto é tempo precisamos afinar nosso caminho com o do Senhor: “Abandone o ímpio seu caminho, e o homem injusto, suas maquinações; volte para o Senhor” (Isaías 55,7). Assim, o fio condutor da vida faz o elo entre o presente e o futuro de nossa existência.           

Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)  

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