Nosso Papa Francisco faz aniversário. Certamente, a maior parte dos cristãos e boa parte da humanidade gostariam de lhe desejar muitos anos de vida. Contudo, nosso Papa está completando 78 anos, quando o horizonte da própria existência não está tão distante. A surpresa maravilhosa que este Papa está sendo para o Povo de Deus exige que nos unamos em prece para suplicar ao bom Pai que lhe conceda ainda tempo e lucidez para sedimentar um estilo novo de ser Papa e algumas reformas fundamentais para a vida da Igreja.

Desde o momento em que escolheu o nome de Francisco e decidiu morar na Casa Santa Marta, onde celebra e faz um pequena homilia diariamente, Papa Francisco, em palavras e gestos significativos, nos impressiona pela proximidade, simplicidade e otimismo. O gosto de se encontrar com todos, a atenção carinhosa com os pequeninos, desde as crianças até os migrantes e pessoas de rua, seu jeito simples de se comunicar e a abertura para dialogar sem impor verdades nos dá a segurança de um bom pastor, seguro de si e preocupado com as ovelhas. Ao mesmo tempo, Papa Francisco sabe enfrentar certas reformas das velhas estruturas do Vaticano, que serviam mais às tradições monárquicas do que à Evangelização. E ele não permite que a instituição da Igreja seja usada para camuflar abusos e injustiças. Acolhe a todos, mas também denuncia a corrupção como um dos maiores pecados do nosso tempo.

Para o Papa Francisco, a fé deve ser praticada com alegria e a pessoa de Jesus tem que ser o critério do agir dos pastores, das instituições e das comunidades cristãs. A Igreja deve estar no mundo como um hospital de campo para acolher e curar todos os feridos da sociedade. Palavras como misericórdia, ternura, cuidado, perdão, esperança, encontro, são como lâmpadas que ele acende continuamente diante de todos nós. Sua sensibilidade pastoral faz com que insista que a misericórdia evangélica deve prevalecer sobre leis canônicas e posições teológicas. Ele reassume a opção pelos pobres quando diz que quer “uma Igreja pobre e para os pobres”. É uma nova convocação ao compromisso social que deverá provocar aqueles cuja fé tem consistido em manifestações emocionais, em ricos paramentos, em belas liturgias e em shows de pop stars religiosos. O Papa volta a nos assegurar que nada disso caracteriza o autêntico discípulo-missionário de Jesus, mas sim, a atitude de compaixão e de solidariedade diante do pobre e do oprimido. Não quer uma Igreja voltada sobre si mesma, mas que saia pelas ruas para se encontrar com cada pessoa e com cada família. E sonha com religiões que se unam para defender a vida e a liberdade e a justiça e a paz. Assim, com Papa Francisco, voltamos a respirar aquela lufada de ares novos que o Concílio Vaticano II espalhara sobre a Igreja nos anos 60 e 70.

O que mais poderíamos desejar de um Papa? Oxalá Deus lhe conceda vida e saúde para realizar os seus e nossos sonhos de uma Igreja evangelizada e evangelizadora. Ad multos anos!

Pe. José Ulysses da Silva, C.Ss.R.
É Secretário Geral da
Congregação do Santíssimo Redentor 
E atualmente reside em Roma