Espiritualidade

"Quem procura a verdade, procura a Deus"

A espiritualidade de Edith Stein, conhecida como Santa Teresa Benedita da Cruz

João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)

Escrito por João Antônio Johas Leão

09 AGO 2014 - 06H12 (Atualizada em 09 AGO 2022 - 09H40)



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“Das alturas do céu se precipita um raio de luz,
E penetra no mais profundo do meu coração,
A alma foi ferida pelo amor eterno,
Como fogo, espalhou-se para os meus membros.
Desde então, todo meu ser transformou-se.”

Esses versos escritos por Edith Stein mostram com que força a Luz de Deus, o amor eterno do Senhor, entrou nessa alma santa.

Edith Stein, ou Santa Teresa Benedita da Cruz, como é conhecida depois de entrar para o Carmelo, é uma santa que tinha um desejo muito grande de conhecer a verdade e, por isso, se dedicou muito à Filosofia.

No meio dessa busca, ela se encontrou com a Verdade com letra maiúscula. E descobriu que essa Verdade tem um nome: Jesus Cristo. E conhecendo o sentido da sua vida, se entregou totalmente a Ele.

Ela descobriu que «Quem procura a verdade, consciente ou inconscientemente, procura a Deus», como ela mesmo escreveu a uma freira beneditina. E essa busca de Deus a levou por muitos lugares.

Em Breslau, onde vivia, começou a estudar Psicologia, mas ao ler uma obra de Husserl, fica tão fascinada com essa Filosofia que decide deixar a carreira e a casa materna para estudar em outra cidade da Alemanha.

Ela era muito boa e rapidamente se destacou. Nesse tempo também, percebeu que tinha alguns preconceitos com a fé e, pouco a pouco, foi se abrindo a ela. Quando começa a Primeira Guerra Mundial, ela volta a Breslau e faz um breve curso de enfermagem para ajudar em um hospital.

Mais tarde, em 1917, morre seu professor mais querido e o testemunho cristão de sua mulher frente a esse acontecimento questiona bastante Edith Stein, que passa por uma crise interior muito grande. Como consequência disso, ela começa a estudar mais a fundo a pessoa humana, tema a acompanhará durante o resto da sua vida.

Ela finalmente abraça a fé em 1922, quando recebe o Batismo e a Crisma. E, desde então, buscaria a resposta para a pergunta sobre qual era a sua vocação. No entanto, seu diretor espiritual a aconselha a não entrar em nenhuma ordem religiosa ainda, porque tinha muito que dar, como leiga, ao mundo.

Então, ela passa a ser professora de História e de Alemão e a dar muitas conferências filosóficas. Porém, com o crescimento da perseguição dos judeus, ela percebe que não tem muito futuro como filósofa de origem judia que era. Ela até pensa em migrar para a América do Sul, mas acaba se decidindo, agora sim, pela vida religiosa no Carmelo.

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Em 1933, Edith Stein entra na vida religiosa e, quando perguntaram por que ela tinha entrado no convento, responde: “O que nos pode ajudar não é a atividade humana, mas o sofrimento de Cristo. Participar dele é o meu desejo.” Com certeza essa frase teria o seu cumprimento alguns anos mais tarde, quando é perseguida pelo regime nazista.

Como ela mesmo diz, ela “se sentiu totalmente em casa no Carmelo”. Ela estava sempre bem humorada, solta, contente. A irmã Teresa Benedita da Cruz, como era conhecida agora, trouxe muita alegria para o convento e para suas irmãs de comunidade.

Porém, pouco depois dos seus votos perpétuos, em 1938, percebe que a sua presença no convento é uma ameaça a vida de suas irmãs, por sua origem judia.

Por isso, consegue ir para um convento na Holanda. Mas a Holanda também foi invadida pelo regime nazista e, em agosto de 1942, todos os judeus católicos foram presos e deportados. Ela passa por alguns campos de concentração até chegar em Auschwitz, onde foi assassinada, provavelmente no dia 9 de agosto de 1942, nas câmaras de gás.

Como nos lembra São João Paulo II, na homilia de canonização de Santa Tereza Benedita da Cruz, “a Santa ensina-nos que o amor a Cristo passa através da dor. Quem ama verdadeiramente, não se detém diante da perspectiva do sofrimento: aceita a comunhão na dor com a pessoa amada.

Quando estamos no Amor de Deus, nenhum sofrimento é tão grande que não possa ser suportado junto à Cruz de Cristo, que nos fortalece. Que hoje nós possamos aprender com essa santa a nunca deixar-nos vencer pelo cansaço na busca pela verdade. E que também, como ela, nos entreguemos completamente à Verdade que é Jesus. 

Escrito por
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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Por Redação A12, em Espiritualidade

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