Por Jornal Santuário Em Artigos Atualizada em 02 AGO 2018 - 13H22

Inveja ... a inveja


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É difícil reconhecê-la, seja em si ou no próximo. É árduo aceitá-la, seja em si ou no próximo. Ela magoa, fere, atormenta, destrói, seja quando parte de si, seja quando parte do próximo. Alguns a reconhecem com mais facilidade, aceitam-na e trabalham para evitar consequências; outros permanecem no engano, seja por vergonha de reconhecer algo tão nocivo vindo de dentro ou por não querer ser alvo de algo assim. Essa é a inveja.

Quem nunca ouviu a expressão “a inveja mata”? Na literatura judaico-cristã, vemos o relato, em que Caim mata o irmão Abel, certo? Foi por inveja!

Pessoas insistem em dizer que um pouco de inveja não faz mal. Ledo engano. Faz mal sim, e muito tanto para a pessoa que carrega esse sentimento negativo e tão destrutivo quanto para aquela que é alvo disso. A inveja mata, sim. Aniquila, aos poucos, os bons sentimentos, a alegria pela própria vida e principalmente a alegria pela felicidade alheia – sim, é possível sentir alegria pela felicidade alheia. A inveja é um sentimento que cresce e corrói. É a emoção que cega e que, assim como Caim, pode levar a consequências trágicas e irreversíveis.

O poeta italiano Dante Alighieri descreve de forma magistral esse sentimento e o destino daqueles acometidos por ele. No segundo canto da Divina Comédia, Dante define a inveja como o “amor pelos próprios bens, pervertido ao desejo de privar a outros dos seus”, e mostra que o castigo a que os invejosos estão fadados é ter seus olhos costurados com arame, justamente para que aqueles que tenham tido prazer em ver o declínio alheio fossem eternamente privados da luz.

O maior obstáculo é entender em si esse sentimento, seguido pela dificuldade em reconhecer que se é alvo de uma pessoa invejosa. A verdade é que não queremos admitir que a felicidade de alguém nos faz infeliz e não queremos que nossa felicidade seja motivo de raiva e dor para alguém; não por sermos felizes às custas do outro, na dor do outro, mas simplesmente por ter gente que não nos quer felizes.

Sugiro atenção aos próprios sentimentos e atenção a atitudes suspeitas de pessoas próximas. Mas a verdade é que, como eu disse no início, é difícil reconhecer e aceitar. Mesmo que seus instintos lhe avisem, é somente depois de uma consequência que tudo passa a fazer sentido.

Caiene Cassoli

Autora do livro “O poder de mudar hábitos: como reconhecer fraquezas e potencializar suas habilidades”

da Editora Ideias & e Letras


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