Por Eduardo Gois Em Notícias Atualizada em 04 MAI 2018 - 14H53

Redes Sociais dão exemplo de superficialidade nas relações


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Você já parou para pensar que todo mundo é feliz nas redes sociais? Lá é mais fácil relacionar-se do que no mundo real por vários motivos: você pode idealizar quem é e não se mostrar, pode criar um personagem de acordo com o que acredita que o outro espera de você, é possível esconder sentimentos e mostrar apenas o que se quer. Quando algo o desagrada, pode simplesmente sair ou parar a conversa e não precisa enfrentar situações desagradáveis ou pessoas com quem não deseja ter contato. É você quem controla a sua rede de amigos e o que as pessoas têm acesso, é uma falsa sensação de controle da própria vida. Pelo menos é o que afirma a psicóloga Mônica Chaperman.

Ela explica que se cria uma ilusão de felicidade, pois os contatos são fáceis, as pessoas são ótimas (as que não são, não nos relacionamos com elas), fala-se e faz-se o que se quer, de forma simples, objetiva, sem entrar em detalhes, não se enfrentam os dilemas das relações.

Segundo a psicóloga, o perigo é não conseguir mais se adequar à realidade e viver a virtualidade no dia a dia. “Os adolescentes fazem muito isso. Os amigos são mais virtuais. É comum na roda de amigos cada um estar usando o seu celular, até conversam entre si e sequer se olham. Estão conectados, mas só que em si mesmos. Será que de verdade estão em relação?”, questiona.

Mônica explica que se relacionar dá muito trabalho, principalmente para uma geração imediatista. Em casos mais graves, ela ressalta que as pessoas perdem a capacidade de se comunicar de forma mais verdadeira, de falar e de pensar sobre o que sentem e querem, deixam de expressar seus sentimentos e de encontrar no outro alguém que está disposto a ouvir, a pensar junto sobre algo. “Perde-se o principal da vida que é o viver. Uma hora esse artificialismo aparece e, ao dar-se conta disso, gera um grande vazio”, alerta.

Na avaliação da psicóloga, os motivos mais comuns que levam as pessoas a criarem uma identidade idealizada nas redes sociais são não querer se expor, querer agradar o outro e conquistar as pessoas, não em função do que se é, mas do que se acredita que o outro queira que sejamos. Também existem casos em que a pessoa quer parecer com o que de fato gostaria de ser: bonito, corajoso, inteligente, comunicativo, com um senso de humor refinado, crítico e outras coisas valorizadas hoje em dia.

O pedagogo, mestre e doutorando em educação Dilton Ribeiro do Couto Junior, pesquisa fenômenos da cibercultura. Também é autor do livro: Cibercultura, Juventude e alteridade: Aprendendo – Ensinando com o outro no Facebook. Ele relaciona a rede social sob outro ponto de vista: “As redes sociais e os diversos espaços físicos das cidades são indissociáveis. Digo isso porque as relações nos espaços físicos podem ser potencializadas nas redes sociais, e o contrário também é possível, muitos jovens interagem no Facebook também para marcar encontros com seus amigos fora da rede”, opina.

O professor ressalta que, com os dispositivos digitais móveis com acesso à internet, a sociedade está cada vez mais conectada e muito mais presente nas relações que estabelecem. “Isso significa que estejamos distantes dos nossos amigos? Pelo contrário”, defende.

Para Dilton Ribeiro redes sociais são lugar de encontro com o outro. “O prazer de estar junto, de compartilhar as novidades e os acontecimentos da vida certamente são motivos que desencadeiam os incontáveis diálogos na rede. Não há dúvida de que as práticas sociais vêm sendo mediadas também pelas tecnologias digitais, e por isso considero o Facebook um lugar privilegiado para aprender e ensinar com o outro”, conta.

Já o psicólogo Carlos Esteves, tem a opinião de que definir o conceito de felicidade não é uma tarefa simples, no entanto há perspectiva de que as pessoas podem se sentir felizes quando estão interagindo virtualmente. Nesse sentindo, o sentimento de felicidade tem uma relação direta com o conceito de “liberdade” e “controle” sobre suas expressões (manifestações).

Um ponto importante avaliado pelo psicólogo é quando o indivíduo apresenta um aumento progressivo de tempo dedicado à atividade virtual em detrimento do tempo dedicado às atividades em ambientes externos. Por exemplo: deixar de aceitar convites de encontros com os amigos para permanecer em casa conectado; ou por ter passado a madrugada conectado deixar de ir a um churrasco com os amigos para ficar dormindo durante o dia.

 

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