Por Jornal Santuário Em Jornal Santuário Atualizada em 29 OUT 2020 - 11H18

Quando se doa órgãos, a vida continua para alguém


Vchal/ Shutterstock
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Vamos começar pelas boas notícias. O Brasil possui o segundo maior programa de transplantes de rim e fígado do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Como mais de 90% dos transplantes em nosso país são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), tomamos a frente dos EUA quando falamos em programa público de transplante. O SUS financia todos os momentos do transplante, incluindo o fornecimento contínuo de medicamentos imunossupressores, aqueles utilizados para prevenir a rejeição do órgão transplantado.

:: Instituição brasileira está entre os 10 maiores centros transplantadores

A outra boa notícia é que o número de transplantes no Brasil cresceu significativamente nos últimos anos. Por exemplo, o número de transplantes de rim cresceu 65% desde 2005 e o número de transplantes de fígado cresceu 90% neste período. Este aumento no número de transplantes deveu-se, principalmente, ao aumento na oferta de doadores falecidos (116%).

Uma importante característica do programa brasileiro de transplantes é sua estrutura organizada, fiscalizada, hierarquizada, justa e transparente. Todo paciente em lista de espera pode acompanhar sua situação por meio de seu número de inscrição. Os números e resultados estão disponíveis para qualquer cidadão no site da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) ou por consulta ao Ministério da Saúde. A propósito, os resultados, avaliados através da sobrevida do paciente e do órgão transplantado (enxerto), são comparáveis aos dos demais centros transplantadores do mundo.

Apesar das boas notícias acima, a necessidade de órgãos para transplante está longe de ser atendida. O número de pacientes aguardando por um órgão para transplante é crescente. Em algumas situações, como na insuficiência hepática (fígado), cardíaca e pulmonar, o transplante é a única opção de tratamento, salvando a vida daquele indivíduo. No entanto, apenas cerca de 35% da necessidade anual de órgãos para transplantes de fígado é atendida; 22% da necessidade de transplantes de coração e 4,5% da de pulmão.

Uma das importantes barreiras para o aumento no número de transplantes é o elevado percentual de recusa das famílias no momento da autorização da doação dos órgãos de seus familiares (44%). Para ser doador não é necessário deixar nada por escrito, mas é fundamental comunicar aos seus familiares sobre o desejo da doação, pois apenas com a autorização familiar a doação pode ocorrer.

É ainda muito importante que todos saibam que jamais um paciente será considerado doador se tiver chances de viver. Isso acontece apenas após a morte cerebral, que é irreversível. A doação de órgãos não mutila ou deforma o seu ente querido e é um gesto de solidariedade que pode salvar muitas vidas. 

Tainá Veras de Sandes Freitas
Professora de Nefrologia da Universidade Federal do Ceará

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