Por Jovens de Maria Em Comportamento Atualizada em 23 JUN 2020 - 09H40

A política precisa da inquietude dos jovens

"Para a juventude que luta e sonha, o desafio é querer sempre mais, e nunca se conformar".

Shutterstock.
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Foi-se o tempo em que a juventude era vista como uma geração desinteressada da política. As manifestações que ganharam o país nos últimos anos e a participação intensa em movimentos sociais provam que o jovem de hoje tem, sim, vontade de mudar o mundo. E um dos caminhos passa pela inserção no universo da política, exercendo cargos eletivos para representar os anseios da população. Gislaine Ziliotto, a mais jovem vereadora eleita no Brasil, no município de Ipê (RS), falou-nos sobre os desafios que enfrenta no dia a dia de sua atuação no Legislativo.

JM- Conte-nos um pouco de você e dos valores que carrega.

ziliottoMeu nome é Gislaine Ziliotto, tenho 19 anos e ainda moro com meus pais. Sou uma jovem de personalidade forte, encaro os desafios de cabeça erguida e pulso firme. Tudo isso sem perder a sensibilidade e o cuidado com o próximo e com a vida. Como uma menina-mulher, sou cheia de sonhos e objetivos, tenho espírito aventureiro, revolucionário e inquieto. Estou sempre em busca de conhecimentos e de mudanças.

Desde pequena, aprendi com meus pais a importância da humildade e da honestidade, valores que carrego comigo como meta de vida em primeiro lugar. Sempre me ensinaram que, para a construção de uma pessoa íntegra e inserida na comunidade, devo ter como meta o bem comum. Levo minha vida com seriedade, com dedicação e responsabilidade em tudo o que faço e represento.

JM- Fale um pouco da tua trajetória. Como se preparou para ser vereadora?

Tenho Ensino Médio completo e estou me preparando para prestar vestibular. Nas escolas por onde passei, sempre gostei de poder ajudar os outros e estar integrada na vida escolar. Por estes motivos, juntamente com um grupo de colegas, fundamos o Grêmio Estudantil, por saber que a política estudantil influencia muito na construção do ser humano. Faço parte também do Encontro de Jovens Amigos com Cristo. Por intermédio desse encontro, pude também trabalhar a minha espiritualidade, que é necessária para renovar as nossas forças do dia a dia.

Ingressar na política foi uma tarefa razoavelmente fácil. Desde muito nova, acompanhei meu pai, que era vereador também no município de Ipê. Sempre fui sua parceira e adorava escutar as discussões sobre o melhor para o município e para a vida das pessoas. "Também quero", disse um dia ao meu pai. A vontade era tanta que, em vez de cantar no chuveiro, eu discursava. A certeza era cada vez mais evidente. Primeiro, seguindo os passos do meu pai. Segundo, por ser uma liderança jovem. E terceiro, quando conheci as ideias e os ideais do partido ao qual me filiei, tive a convicção que era nele que eu queria militar. Em 2012, assumi um assento na Câmara Municipal de Ipê, como a vereadora mais jovem do Brasil e a mais votada do município, do que me orgulho muito, e agradeço a confiança depositada com muito trabalho.

Arquivo pessoal
Arquivo pessoal

JM- Apesar do descrédito que alguns têm quanto à política, você optou por esse caminho. Por quê?

Acredito que devemos ser a mudança que queremos ver. A indignação deve se transformar em ação, mas e a política? A boa política? Transforma a vida das pessoas, é o canal para as mudanças!

Desde pequena, enxerguei a militância nos movimentos sociais como a forma de lutar por uma sociedade mais justa, humana e igualitária. Essa oportunidade de representar a população de Ipê, com suas angústias e seus problemas, foi e é um desafio muito grande, mas que me alegra muito!

JM- O que fazer para que o jovem tenha voz nos partidos, nos movimentos sociais e na sociedade em geral?

Mobilização é a palavra-chave. Sozinhos não conseguiremos ser ouvidos, mas, quando muitos jovens se organizam e fazem pressão, as coisas acontecem. Um exemplo brasileiro foi para baixar o valor da passagem do transporte coletivo, e em muitas cidades a passagem baixou!

Com as manifestações públicas, as coisas estão começando a mudar. Tenho certeza de que estão prestando atenção na gente. É desta forma que deve acontecer em todos os lugares: organização e mobilização. Unidos somos fortes, e nem o céu é o limite! Para a juventude que luta e sonha, o desafio é querer sempre mais, e nunca se conformar.

JM- Como conciliar a burocracia nas instituições públicas com a pressa dos jovens em transformar a sociedade?

O poder público no Brasil tem um tempo bem diferente do nosso. Eu mesma fico muito nervosa com essa demora, porque quero dar as respostas! Sendo jovens, queremos viver com intensidade, e isso serve também para a política. Os pedidos de informação e os projetos demoram para ser respondidos e aprovados. Gostaria que as coisas se resolvessem no ato, mas sei também que existem trâmites para que tudo se resolva.

É por causa dessa intensidade e vontade de ver as mudanças que os jovens devem entrar na política, para não se conformar com o que acham errado! Acredito que quanto mais jovens se elegerem, mais essas instituições vão ficar com a nossa cara, modificando a forma conservadora de fazer política.

JM- Você sofreu resistências na sua opção?

Em partes. Meu pai e meus irmãos sempre foram meus grandes incentivadores,. Já minha mãe tinha medo de que a má política pudesse vir a me machucar. Tive grande incentivo do partido, da comunidade escolar e do Grêmio Estudantil, de amigos e da sociedade, esta que me escolheu para ser a mais votada.

Alguns diziam que uma menina que ainda cheirava a leite da mamadeira deveria estar brincando de boneca e não de estar fazendo política. Essas atitudes apenas impulsionaram as minhas convicções.

JM- Que dificuldades você encontra na sua atuação?

Vivo em uma cidade conservadora, onde nenhum jovem tinha participado antes do Legislativo. A maior dificuldade é mostrar aos meus colegas que represento uma parcela da população que nunca teve representatividade.

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