Crescendo na Fé

Carta de Dom Eduardo: ‘Ele será um sinal de contradição’

Dom Eduardo Pinheiro da Silva, sdb, ex-presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, pede ações criativas de evangelização aos responsáveis pela juventude

Escrito por Jovens de Maria

01 FEV 2015 - 09H00 (Atualizada em 16 FEV 2024 - 11H50)

Brasília, 1º de Fevereiro de 2015.

Caros párocos e demais responsáveis pela evangelização da juventude no Brasil.

“Ele será um sinal de contradição” (Lc 2, 34)

No Templo, no dia em que Jesus é apresentado, Simeão profetiza que aquele Menino que veio como “Luz para iluminar as nações” se tornará, por isto, “sinal de contradição”. Também o jovem, pelo seu jeito dinâmico de ser nesta fase da vida, carrega em si esta marca que, quando bem entendida e valorizada, traz benefícios para todos. É importante reconhecer isto e garantir-lhe condições de seu desenvolvimento sadio.

“Nunca percam a esperança e a utopia. Vocês são os profetas da esperança, são o presente da sociedade e da nossa amada Igreja, e por sobre todo, são os que podem construir uma nova Civilização do Amor. Joguem a vida por grandes ideais. Apostem em grandes ideais, em coisas grandes; não fomos escolhidos pelo Senhor para coisinhas pequenas, mas para coisas grandes!”

Com estas palavras, o Papa Francisco se dirigiu à Pastoral da Juventude em seu 11º. Encontro Nacional, que aconteceu em Manaus, em janeiro de 2015, com a presença de jovens de todas as partes do país. Mensagem animadora a todos os jovens e, ao mesmo tempo, questionadora aos adultos responsáveis pela sua vida, educação e evangelização.

Se, por um lado, a decisão por uma vida significativa depende do próprio jovem, por outro, exige dos adultos e das estruturas eclesiais condições favoráveis para uma alegre e consistente resposta.

Por isso, nos perguntamos:

“Nossas comunidades paroquiais e os projetos juvenis estão se empenhando para ajudarem os jovens a não perderem ‘a esperança e a utopia’ e a se tornarem verdadeiros ‘profetas do presente’? Ou temos perdido ricas ocasiões de formação de líderes para a Igreja e para a sociedade? O que se faz urgente renovar em nossa oferta às novas gerações, para que as mesmas se sintam mais atraídas, corresponsáveis e capacitadas na construção da Civilização do Amor? Além disso, o que estamos fazendo de concreto para que os jovens sejam incentivados a pensar e a apostar ‘em grandes ideais, em coisas grandes’, como expressou o Papa?”

Não dá para ignorar que, neste pedido do Papa Francisco, há um forte convite vocacional aos jovens: “Fomos escolhidos pelo Senhor para coisas grandes”! A pastoral juvenil é, intrinsecamente, pastoral vocacional, ou não é “pastoral”!

Em seu bojo, todo serviço aos jovens deve se tornar um apelo cativante, possível e concreto de seguimento a Jesus Cristo, nas mais variadas vocações. “A dinâmica pastoral paroquial tem se debruçado neste assunto, buscando com criatividade novas formas de vivência da cultura vocacional no meio da juventude?”

Com a Festa da Apresentação de Jesus no Templo, no dia 2 de fevereiro, celebramos também o “Dia Mundial da Vida Consagrada”.

A Vida Consagrada, reconhecida como uma das formas de radicalidade de entrega na dinâmica do Evangelho, é acolhida pela Igreja e, como Jesus, se apresenta como “luz para as nações” nas periferias existenciais da humanidade. É também “sinal de contradição” na sociedade, ousando o novo, profetizando a vitória da vida sobre a morte! A Igreja reconhece a novidade do Espírito Santo que presenteia o mundo com homens e mulheres dispostos à entrega radical da vida à missão evangelizadora de Jesus Cristo.

Sabendo que a Igreja precisa dos consagrados, quais “pontas de lança” e profetismo que abrem caminhos em vista da vida do povo, ela se compromete com a dinâmica vocacional, sinal de sua vivacidade e atualização no tempo.

Assim sendo, como nossas paróquias e comunidades têm se organizado para envolver os jovens nesta perspectiva de Vida Consagrada?

Em 2015, vivemos, a pedido do Papa, o “Ano da Vida Consagrada”. Não seria nada mau se, durante aquele ano — e para sempre — com relação a este tema, nossas paróquias fossem mais criativas junto aos fiéis, à catequese e às organizações juvenis.

Eis aqui algumas sugestões:

- fazer levantamento das Comunidades Religiosas presentes no território paroquial;

- confeccionar e expor um mural ou vídeo sobre estas Congregações;

- esclarecer sobre a diferença entre consagrados leigos e consagrados religiosos;

- convidar os consagrados para falarem aos jovens;

- divulgar folhetos e outros subsídios sobre os Fundadores (as) e as atividades do carisma;

- pesquisar e estudar a vida dos santos que pertencem às Comunidades Religiosas;

- organizar visitas dos jovens nas Casas Religiosas e em suas Obras Sociais;

- celebrar os aniversários de Profissão Religiosa dos consagrados e consagradas locais;

- esclarecer sobre a importância e a identidade desta vocação específica na Igreja;

É claro que, acima de tudo, a animação vocacional entre os jovens se dá pela experiência concreta de convivência com pessoas entusiasmadas pela própria opção de vida consagrada, afinal de contas: 

“A vida consagrada não cresce, se organizarmos belas campanhas vocacionais, mas se as jovens e os jovens que nos encontram se sentirem atraídos por nós, se nos virem homens e mulheres felizes! De igual forma, a eficácia apostólica da vida consagrada não depende da eficiência e da força dos seus meios. É a vossa vida que deve falar, uma vida da qual transparece a alegria e a beleza de viver o Evangelho e seguir a Cristo.” (Carta Apostólica do Papa Francisco para a proclamação do Ano da Vida Consagrada, 21/11/2014).

Nossa Senhora da Candelária, Mãe da Luz, fortaleça nossos queridos e queridas consagradas com a renovação do ardor missionário e, com o aumento de suas vocações, auxilie nossas paróquias e iniciativas juvenis a ousarem convites cativantes aos jovens para esta vocação específica da vida cristã.

Com estima,

Dom Eduardo Pinheiro da Silva, sdb
Ex-Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB
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