Por Eligio W. Junior Em Dica de Cinema Atualizada em 11 ABR 2019 - 10H18

Dica de Cinema: Doutor Estranho

Após os créditos finais de Doutor Estranho, percebemos que a Marvel ainda teme em mudar seu modus operandi narrativo, sua fórmula milionária de fazer filmes. Não há nada de mau em manter-se fiel a um estilo de contar histórias, principalmente quando ele está funcionando e rendendo muitos milhões de dólares. Mas será que os executivos – principalmente Kevin Feige – da Marvel Studios não perceberam que, mais cedo ou mais tarde, o formato criado em Homem de Ferro ficará obsoleto?

Em Doutor Estranho, vemos um filme construído sob um padrão rígido que, apesar de tentar explorar aspectos menos mundanos, não dá espaço para uma narrativa mais reflexiva, com um timming mais lento e, porque não, mais alucinada.

:: Dica de Cinema: A teoria de tudo ::

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Os efeitos especiais são ótimos, as piadas certeiras, o universo cinemático Marvel cada vez mais amarrado e as atuações bem equilibradas – e até mesmo espetacular, no caso de Benedict Cumberbatch. Mas, ao término da projeção, fica um gostinho de “apenas mais um filme”. Nada além de 1h55 de diversão descompromissada. E aqui vive o perigo, pois é exatamente assim que pensam todos os que saem de uma sessão de Transformers.

Muito se comenta sobre esta fase hollywoodiana de filmes de heróis, comparando-a com a febre western, que reinou até a década de 1970. Alguns, inclusive, acreditam que, assim como a primeira, esta onda de super-heróis vai se desgastar e entrar na curva de declínio.

Caso os atuais grandes criadores de conteúdo pop não mudem a forma de contar histórias fantásticas, aproximando-as dos gêneros mais comuns, o hype de personagens saídas de HQs não durará mais que uma década. E, não me entendam mal, pois estas fantasiosas aventuras não devem caminhar para a produção de filmes convencionais. Entretanto, podem engrandecer-se criativamente: aprofundando melhor a jornada de seus “mocinhos e bandidos”; abordando questões sociais e morais de forma mais densa – algo razoavelmente feito em Capitão América: Guerra Civil –; não temendo pesadas cargas dramáticas, sem a necessidade de alívios cômicos para garantir a bilheteria – metodologia aplicada sem êxito em Batman vs. Superman; e explorando o surreal e a magia de maneira mais intensa e tresloucada, como QUASE fez em Doutor Estranho.

Ainda que seja um bom filme, a décima quarta obra da casa dos Vingadores peca por não dedicar mais tempo à arrogância de Stephen Strange. A passagem do neurocirurgião ao poderoso mago acontece de forma muito acelerada e sua jornada de redenção é quase esquecida pelo espectador, que não conseguiu absorver a cretinice que existia no personagem. Não gostar do protagonista logo no primeiro ato deveria ser um consenso a todos que assistem ao filme. Apenas assim ele cairia nas graças do público, que acreditaria em sua remissão.

Tempo é o fator mais prejudicado no longa-metragem. Gastou-se pouco tempo para explorar a vida pretérita de Strange e tentou-se convencer que, em um curtíssimo espaço de tempo, o personagem principal conseguiu alcançar o aprendizado que demandaria anos de estudo e prática. Levando-se em consideração que a relíquia apresentada no filme controla o tempo, o vacilo da produção é, no mínimo, surreal, assim como o feiticeiro.

Assista ao trailer oficial do Doutor Estranho:

eligio JM

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