Por Everton Lucas Em Comportamento Atualizada em 31 OUT 2018 - 10H52

Estar só no meio da multidão

A solidão talvez seja um dos grandes problemas do século XXI, cada vez mais as relações interpessoais estão sendo mediadas através de modos que forma nenhuma superam a presença física.

É muito comum sentirmos hoje aquela sensação de saber que estamos rodeado por pessoas, mas mesmo assim a solidão é algo presente. Isto pode gerar sérios problemas para a vida de cada um de nós, afinal a solidão é o contrário da convivência, e é somente através da convivência que o ser humano consegue realizar-se socialmente, e por sua vez encontrar seu lugar no espaço.

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A chegada da internet, apesar de ser uma ferramenta incrível que possibilita a nós uma série de atividades que outrora não nos era possível, também acabou por deturpar alguns conceitos que para a humanidade eram muito importantes. Dois exemplos simples desse prejuízo são os conceitos de amizade e proximidade. A rede social Facebook, por exemplo, foi quem realmente mudou esse conceito de amizade.

Quem é meu amigo hoje?

São os cinco mil contatos que encontro pela internet mas na verdade nem chegamos a conversar pessoalmente? E quanto a proximidade, quem realmente está perto de mim? Meu vizinho do prédio em que moro ou quem está do outro lado do mundo mas está sempre online e conversa comigo? É a partir das resposta que damos à essas perguntas que conseguimos ter uma noção da proporção do problema social gerado pelo embaçar dessas questões. Conforme o proposto pelo título desse texto, o objetivo aqui é falar sobre a solidão que atinge a tantas pessoas e acabar por desencadear a depressão e outras doenças psicossomáticas.

O fato é que pode parecer muito estranho o fato de alguém se sentir sozinho no meio de uma multidão que nos rodeia. Somos constantemente atingidos por uma série de informações, imagens, sons, sempre estamos na companhia de alguém, mas mesmo assim nos sentimos sós. Antigamente, as pessoas em filas de esperas, seja em banco ou no médico, costumavam aproveitar o tempo ocioso para ficar conversando, já ouvir dizer que dessas conversas saíram boas amizades.

Acontece que hoje em dia está cada um em seu lugar, em sua rede social e ninguém diz um bom dia ao outro, porque estão muito ocupados vendo o que está acontecendo do outro lado do mundo e deixam de enxergar aquilo que os rodeia. Estão sozinhos no meio do povo.

Ah! Quero deixar bem claro que de forma alguma sou contra as redes sociais, pelo contrário sou um adepto fiel dessas ferramentas, inclusive foram elas que proporcionaram a escrita deste texto, mas cabe a nós o discernimento de até onde pode ir nossa inserção nesse mundo virtual, a ponto de ficarmos alheios ao que acontece de forma real perto de nós.

O bom seria se a gente conseguisse utilizar as redes sociais realmente como pontes para o encontro e a convivência. Enquanto estivermos trancados no nosso quarto, mandando mensagem de WhatsApp para nossa mãe que está na sala e deixando de conversar oralmente com as pessoas da mesma casa, vamos sempre nos sentir sozinhos, porque a tecnologia nunca vai conseguir suprir nossa carência de afeto e companhia. Então é preciso que a gente saiba diferenciar as funções da rede social e a nossa necessidade de convivermos nesse mundo. É um paradoxo muito grande termos essa sensação de solidão mesmo sabendo que podemos contar com muitas pessoas.

Vamos partir para a convivência, divisão do amor e acima de tudo compartilhamento da vida. É somente através da fraternidade que a gente consegue ser plenamente cidadãos e conseguimos banir da sociedade esta bolha que nos aprisiona e nos isola dos outros.


Escrito por
Everton Lucas (Fotos Everton Lucas)
Everton Lucas

Apresentador e estudante de comunicação.

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