Por João Antônio Johas Leão Em Crescendo na Fé Atualizada em 03 ABR 2019 - 14H33

Por que nos atraímos por aquilo que é errado?

Por que nos sentimos atraídos pelo que é errado? Essa pergunta está formulada de uma forma que hoje em dia não encontraria muita ressonância nas pessoas. Muitas responderiam: Como dizer o que é certo e o que é errado? Mas os cristãos sabem que existe uma ordem nas coisas criadas, e que certas atitudes os afastam da mesma. E, muitas vezes, nos sentimos atraídos por essas mesmas coisas que nos afastam do Plano de Deus e que chamamos de mal ou de erro. Perceber e aceitar que nos sentimos atraídos a essas realidades já é um grande passo dado em direção ao bem. Mas vale a pena entender melhor porque isso acontece.

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Erro (Crédito: Shutterstock)

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Se fossemos resumir toda a resposta em uma pequena frase, diríamos que nos sentimos atraídos para o que é errado porque Deus nos fez com uma tendência para o bem. Mas a explicação não pode parar por aqui porque isso não soa muito bem. Os animais são guiados por seus instintos em direção daquilo que os realiza como animais. Eles comem, bebem, descansam e se reproduzem. Não fazem, porém, um juízo moral sobre o assunto, ou seja, não pensam “vou tomar água para não me desidratar, porque isso é bom”. Nos, no entanto, seres humanos acontece algo curioso.

Nós também fomos criados para, livremente, ou seja, conscientemente, escolher o que é bom, que realiza a nossa natureza. E em nós há também vários impulsos que nos levam para coisas boas. E não estamos aqui nos referindo simplesmente ao comer, beber e se reproduzir. Nos homens há também o desejo de algo mais, de infinito, de amar e ser amado incondicionalmente, de se relacionar autenticamente, de felicidade, de vida plena. E, se fazemos silêncio em nosso interior, podemos “tocar” essas atrações mais autênticas.

Voltando ao ponto principal. Porque, então, nos sentimos atraídos também para o que é ruim? A explicação da fé surge com o pecado original. Esse pecado de nossos primeiros pais, que levou a condição humana à Terra da dessemelhança (Em oposição a semelhança com a qual fomos criados por Deus), fez com que todos os nossos dinamismos interiores ficassem um pouco confusos, com dificuldade de discernir o que é realmente o bem que nos leva a Deus e o mal que nos afasta dele.

Continua-se querendo o bem. Mas, muitas vezes, se quer o mal que está se apresenta com aparência de bem. Fala-se que o mal se reveste de luz. E se somos honestos com nossa experiência de vida, realmente vamos perceber que desejamos muitas coisas que parecem ser boas, mas que depois se revelam como negativas. E isso não significa que no momento em que estamos escolhendo, pensamos que o mal seja bom, pelo contrário, quem já tentou não comer aquele último brigadeiro sabe que a força que nos atrai por aquilo que não gostaríamos de fazer é muito forte. A isso chamamos de concupiscência. É essa força que não se apaga no batismo ou na confissão e que está presente em nós, segundo a Bíblia, para o combate.

Qual combate? O bom combate da fé que São Paulo lutou até o fim e pelo qual mereceu a coroa. Combate esse que estamos chamados a viver todos aqueles que entraram para a família de Deus. É o combate que vem quando buscamos viver as bem-aventuranças que o Senhor nos propõe no Sermão da Montanha. Para combate-lo São Paulo nos diz quais são as armas: 

"Tomai, por tanto, a armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus e manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso dever. Ficai alerta, à cintura cingidos com a verdade, o corpo vestido com a couraça da justiça e os pés calçados de prontidão para anunciar o Evangelho da paz. Sobretudo, embraçai o escudo da fé, com que possais apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai, enfim, o capacete da salvação e a espada do Espírito, isto é, a palavra de Deus. Intensificai as vossas invocações e súplicas. Orai em toda circunstância, pelo Espírito, no qual perseverai em intensa vigília de súplica por todos os cristãos." Efésios 6, 13-18

Escrito por
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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