Por João Antônio Johas Leão Em Crescendo na Fé Atualizada em 03 ABR 2019 - 14H52

Quando a culpa parece ser de Deus

Hoje é dia de relembrar aquelas pessoas queridas que já partiram para junto de Deus. E um sentimento que pode nos tomar é o questionamento do porquê que elas foram levadas de nós. Por isso, queremos refletir junto com você!

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Se Deus é bom e Todo Poderoso, por que existe então o mal? Como eu gostaria de ter uma resposta simples e direta para essa questão, mas não é fácil respondê-la. Isso piora ainda mais se considerarmos que precisamos explicar essa realidade no mundo atual, na qual “tempo é dinheiro”, cada segundo sem resposta parece ser um segundo perdido, na qual vale mais uma resposta superficial e rápida que aplaque momentaneamente a dor, do que uma resposta verdadeira que internaliza a dor e a transforma em redenção.

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Quando falamos do mal e da dor, entramos no campo do mistério da iniquidade, que segundo o catecismo, só se explica através de outro mistério, o da piedade. Em outras palavras, para entender o mal, é preciso adentrar primeiro no mistério de Jesus que é quem venceu o mal. Sem Ele não podemos encontrar sentido para as nossas vidas e, muito menos, para os contratempos que encontramos ao longo dela. A resposta não é fácil, mas é a única realmente capaz de penetrar profundamente e reconciliar a dor e o mal que experimentamos.

É, então, no conjunto da fé cristã onde encontramos essa resposta: “A bondade da criação, o drama do pecado, o amor paciente de Deus que se antecipa ao homem por suas Alianças, pela Encarnação redentora de seu Filho, pelo dom do Espírito, pelo congraçamento da Igreja, pela força dos sacramentos, pelo chamado a uma vida bem-aventurada à qual as criaturas livres são convidadas antecipadamente a assentir, mas da qual podem, por um terrível mistério, abrir mão também antecipadamente” (CEC 309).

 

Só encontra essa resposta quem se lança a fazer a experiência da vida cristã.

Cada elemento que coloca o Catecismo poderia ser alvo de uma reflexão mais aprofundada, o que nos permitiria entender melhor como a fé responde ao mal. Fica o convite para quem assim o desejar. Nessa pequena reflexão, porém, apenas gostaria de ressaltar que a falta de uma resposta imediata para essa pergunta não se deve à não existência de uma, mas antes à consciência de que só encontra essa resposta quem se lança a fazer a experiência da vida cristã, a experiência de um encontro autêntico com o Senhor Jesus.

Poderíamos citar algumas passagens bíblicas para iluminar, como a conhecida de Romanos capítulo 8, que diz: “Tudo concorre para o bem dos que amam a Deus”. Mas é difícil falar isso para alguém que não conhece realmente Jesus e está passando por um momento difícil como a perda de um parente. Falar isso pode gerar até o efeito contrário daquele que esperamos. Ao invés de confortar, podemos gerar mais confusão ainda no interior das pessoas. Elas precisam primeiro se encontrar com Jesus, mas como?

Em uma homilia de Semana Santa um padre disse algo que pode iluminar essa situação. Ele dizia que se alguém dá uma resposta rápida para todo esse problema do mal, precisamos desconfiar, porque estamos em um campo misterioso, que precisa ser tomado com muita reverência e cuidado. E se lhe perguntassem diretamente, ele responderia que não possuía essa resposta (e ele é um padre!), mas se consola sabendo que o próprio Deus passou pelo sofrimento, o venceu, nos convida a fazer o mesmo e nos concede a força para fazê-lo.

Talvez essa seja a maneira de se aproximar ao sofrimento. Saber que nem sempre vamos entender o porquê sofremos, mas sempre podemos olhar para Jesus que está conosco nesse sofrimento, que nos acompanha em cada momento difícil e quer que saiamos dele melhores do que entramos, porque Ele realmente sabe fazer com que tudo concorra para o bem daqueles que o amam e mais, sabe tirar coisas boas de todas as más situações que possamos viver.


Escrito por
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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