Por João Antônio Johas Leão Em Crescendo na Fé Atualizada em 02 JUL 2020 - 13H38

Se não vejo, eu não creio

O Apóstolo São Tomé ficou conhecido principalmente por sua incredulidade no testemunho da Ressurreição de Jesus. Com dificuldades para acreditar nesse fato extraordinário, ele disse: “Se eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e se não puser meu dedo no lugar dos cravos e minha mão no seu lado, não crerei” (Jo 20, 24).

Uma semana depois, Jesus o convida a colocar os dedos em suas chagas, convidando-o a não ser incrédulo, mas a crer. Mais ou menos 2000 anos depois disso, ainda pode ser difícil ter fé em Deus, “a quem não vemos” (1 Jo 4, 20) com os olhos do corpo.

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A mesma inquietude que teve Tomé pode existir no interior de muitos hoje em dia. Pensamos: “Se Deus se mostrasse mais claramente, com certeza eu acreditaria melhor”. Mas como não o vemos, ficamos com um pé atrás e não terminamos de entregar-nos totalmente a Jesus. Existirá uma maneira de tocar as chagas de Jesus hoje? Como Jesus nos convida a tocar essas chagas?

O Papa Francisco, em uma homilia no dia de São Tomé, disse o seguinte: "É necessário beijar, com ternura, as chagas de Jesus em nossos irmãos famintos, pobres, doentes e prisioneiros". É interessante que o Papa não diz que é necessário beijar as chagas dos irmãos famintos, pobres, doentes e prisioneiros para lembrar-se das chagas de Jesus, mas diz que nesses irmãos estão as chagas do mesmo Jesus.

 

Para encontrar-nos com Deus, o caminho é as chagas de Cristo.

Essa expressão é muito forte se a levamos realmente a sério. E que isso seja verdade, confirma a mesma Palavra de Deus quando diz: “Perguntar-lhe-ão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos? Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar? Responderá o Rei: Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25, 37-40). Percebamos bem, “foi a mim mesmo que o fizestes”!

Mas poderíamos pensar que não é a mesma coisa. “Tomé tocou a chaga do próprio Cristo! E eu não consigo ver a Cristo nas chagas desses irmãos mais necessitados”. E é uma inquietude legítima ao meu ver. Realmente não é a mesma coisa, mas isso não faz com que seja mentira o que está dizendo o Papa e a Sagrada Escritura. Somos convidados a ter fé! Para encontrar-nos com Deus, o caminho é as chagas de Cristo presentes nesses irmãos, diz o Papa Francisco. Precisamos dar uma chance, sair nas ruas, encontrar-nos com as pessoas que estão sofrendo e com a nossa ternura, confortá-los.

Essa experiência, quando é sincera, muda a vida de qualquer um porque percebe-se a Deus realmente presente. Isso aconteceu com São Francisco, com Santa Tereza e com o próprio São Tomé. De fato, um detalhe bonito da confissão que faz São Tomé ao tocar as chagas é que ele chama Jesus de meu Senhor e meu Deus. É a primeira confissão da divindade de Jesus depois da ressurreição. Nós também estamos convidados a ver a Deus nas chagas dos irmãos necessitados.

Não tenhamos medo de procurar a Deus onde ele realmente está. Somente assim poderemos entregar-nos totalmente a ele, sem aquele pé atrás. E somente nessa entrega total é que conseguimos a paz de Cristo, a certeza de que vamos pelo caminho correto apesar das dificuldades. Que São Tomé nos ajude a tocar essas chagas e a exclamar com ele: “Meu Senhor e Meu Deus”.


Escrito por
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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