Espiritualidade

Por que celebramos a Solenidade de Cristo Rei?

Vamos entender que a realeza e a divindade de Jesus colocam-se sempre a serviço da humanidade

João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)

Escrito por João Antônio Johas Leão

19 NOV 2021 - 10H30 (Atualizada em 24 NOV 2023 - 09H52)

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A Solenidade de Cristo Rei é uma celebração muito recente da Igreja. Foi o Papa Pio XI que a criou, em 1925. Naquele contexto, a Igreja via como necessário reafirmar a soberania real de Jesus e de seus ensinamentos, em um mundo que ia se afastando cada vez mais do Senhor.

Leia MaisSugestão de músicas para a Solenidade de Cristo Rei"Viva Cristo Rei!": Igreja celebra o mártir São José Sanchez del RioHoje, quase 100 anos depois, caberia a pergunta se o mundo está caminhando mais que antes rumo ao Senhor.

Não parece ser o caso, pelo menos não se olharmos rápida e superficialmente. Se seguirmos o mesmo critério de então, talvez hoje com mais razão precisamos afirmar essa realeza de Cristo.

Mas falar de realeza pode trazer muitos mal-entendidos. Se olharmos para os reis de antigamente, que tinham um poder absoluto sobre seus povos, veremos quase sempre que esse poder acaba corrompendo, de certa forma o coração do homem, ferido pelo pecado.

Reprodução - Pixabay
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Certamente houve reis santos, mas sabemos que nem os santos estão livres da ferida do pecado. De toda forma, a realeza de Jesus é de outra índole. Em sua realeza, lembramos sua divindade, que se manifestou colocando-se a serviço da humanidade.

Esse traço característico de serviço também não encontramos com facilidade naqueles que detém um poder muito grande. (Não estamos excluindo a possibilidade, e certamente muita gente com essas responsabilidades fez um ótimo serviço à população).

Mas, inclusive, esse serviço que Jesus oferece é diferente de qualquer outro serviço prestado por pessoas poderosas. Por mais poderoso que fosse alguém, não poderia servir-nos dando-nos a salvação, o perdão dos pecados, a possibilidade de voltar a amizade com Deus sempre que nos voltássemos para Ele arrependidos das nossas faltas.

Shutterstock
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O verdadeiro serviço de Jesus foi mostrar que nós somos criaturas de Deus, feridas pelo pecado, mas que Nele podemos encontrar de novo o sentido de nossas vidas,
que sem Ele caminha para a morte.

Não é uma festa Bíblica, há que dizer. Jesus não aparece na Bíblia como um Senhor Glorioso dos povos. Pelo contrário, uma das vezes que a realeza de Jesus se manifesta é quando estão zombando dele. Quando o vestem de púrpura e o coroam com a coroa de espinhos, de maneira velada, podemos reconhecer aí um sinal de sua realeza, mas a verdade é que os soldados não estavam tão reverentes assim.

A outra vez que Jesus é reconhecido como rei é quando entra montado em um burrico em Jerusalém. Ali ele é até aclamado como o filho de Davi! Mas parece que esse reconhecimento não durou muito, já que pouco depois a multidão gritava: Crucifica-o!

Nessa ocasião, vale a pena que nos perguntemos sobre quem é o Senhor Jesus em nossas vidas. Será que permitimos realmente que ele seja o centro dela? Todas as vezes que rezamos o Pai-Nosso estamos pedindo que seu reino, ou seja, sua realeza, seu domínio venha sobre nós.

E o nosso coração, está preparado para reconhecer seu verdadeiro rei? Porque isso é fundamental para o cristão: Reconhecer-se criatura. No nosso mundo, em que muito se fala de autonomia, de segurança pessoal, que pretende ter o controle sobre tudo, essa festa vem nos recordar que Aquele que verdadeiramente reina é somente o Cristo.

E claro, vale lembrar que, com essa festa, terminamos o ano litúrgico. Já começa, de maneira especial, nossa caminhada de advento, rumo ao Natal. Que essa festa de Cristo Rei já nos coloque no clima e que não esqueçamos que Aquele menino, frágil e dependente da mãe, que vai nascer é, na realidade, o Rei do Universo, da qual todas as coisas foram feitas e em quem todas elas foram renovadas com sua encarnação, morte e ressurreição.

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Escrito por
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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