Por Ir. Miria T. Kolling Em Música

O que é a Música Ritual

Cantos que são o rito. Cantos que acompanham o rito.

Escola de Música LitúrgicaFrei Alberto Beckäuser escreveu um livro, pela Editora Vozes, CANTAR A LITURGIA, onde trata da música e do canto litúrgicos, compreendidos de uma forma nova a partir do Concílio Vaticano II (1963-1965), com o objetivo de se fazer  a Liturgia cantada, ou seja, cantar A Liturgia, mais do que cantar na Liturgia, como em geral o fazemos, sobretudo quando se trata da Celebração Eucarística. O assunto é complexo e exige aprofundamento da questão.

 

Sabemos que o canto e a música são elementos indispensáveis na liturgia, pois ali nossos sentidos se aguçam e o nosso coração se sensibiliza mais para viver a experiência do mistério.

Sabemos que o canto e a música são elementos indispensáveis na liturgia, pois ali nossos sentidos se aguçam e o nosso coração se sensibiliza mais para viver a experiência do mistério. Assim, a música na liturgia deve:

a) realçar e expressar os diversos ritos, servindo a Palavra (proclamar, meditar, aclamar...)

b) traduzir os momentos rituais (abertura, procissões, súplicas, louvor...)

c) estar a serviço da comunidade, ajudando-a comunicar-se melhor com Deus, no mistério da fé celebrado. Nesse sentido, quanto mais se canta o próprio texto da Missa - a Celebração do Mistério Pascal de Cristo pela Igreja -, mais litúrgico o canto é,  e quanto mais os textos forem distantes, estiverem fora do contexto, menos litúrgicos serão. Portanto:

1) A Música Ritual, também chamada de música litúrgica, é a música que acompanha os diversos ritos, as ações sagradas, sendo parte integrante da liturgia, tendo as mesmas características da ação litúrgica: memorial, orante, contemplativa, trinitária, pascal, centrada em Cristo, eclesial, eucarística, profética, narrativa, salvífica. É o único mistério pascal de Cristo que celebramos, mas com suas diversas expressões, dependendo do tipo de celebração, do tempo litúrgico, da Palavra proclamada, do momento ritual, da comunidade celebrante. Assim, já não se trata de cantar qualquer canto na liturgia cristã, só porque é bonito, mas cantar a própria liturgia, os textos rituais, o que exige conhecimento da liturgia e da função ritual de cada canto.

2) Cantos que são o rito - São os cantos indispensáveis e insubstituíveis, que devem ser cantados na íntegra, porque são o próprio texto ritual, assim como se apresenta na Liturgia. São eles:

a) O ordinário da MissaSenhor, tende piedade ou Kyrie eleison (aclamação suplicante a Cristo- Senhor),  Glória (glorificação ao Pai e ao Cordeiro - hino cristológico), CredoSanto (o momento mais grandioso da participação cantada da assembleia), Aclamação memorial - Eis o mistério da fé (com uma das três respostas, de caráter mais pascal, não de adoração e devoção), Aclamação à Doxologia final, o grande Amém(síntese da Oração Eucarística, solene e vibrante),Pai Nosso (com as palavras de Jesus), Cordeiro de Deus (canto da assembleia durante a fração do pão);

b) O diálogo cantado entre o Presidente e a assembleia: saudação do sacerdote e a resposta do povo, a oração do dia, a aclamação ao Evangelho, a oração sobre as oferendas, o prefácio com o diálogo, as aclamações na Oração Eucarística, a oração e saudação da Paz, a oração após a comunhão, os ritos de despedida.

3) Cantos que acompanham o rito - Alguns cantos na celebração têm a função de acompanhar um rito, que em geral  são as procissões, os movimentos. São necessários, mas não indispensáveis,  menos importantes que os que constituem o rito. É o chamado "Próprio de cada Missa", que portanto muda, conforme o Tempo Litúrgico, a Palavra, o momento celebrativo, o tipo de Celebração e de assembleia... São eles:

a) o canto nas procissões de entrada e comunhão;

b) o canto de preparação das oferendas;

c) o canto após a leitura (Salmo responsorial, que faz parte integrante da Liturgia da Palavra);

d) o Aleluia ou outra aclamação na Quaresma, antes do Evangelho. Alguns autores colocam o Salmo Responsorial e a Aclamação ao Evangelho como canto-rito por si mesmos, pela sua importância, devendo ser sempre cantados. O canto da paz durante a saudação não corresponde à tradição litúrgica, mas foi muito bem acolhido entre nós... É orientação litúrgica que seja omitido, pois não faz parte do rito. Também o louvor final  é facultativo, podendo ser um canto a Maria, ao padroeiro, de envio, devocional.

"A música será tanto mais litúrgica quanto mais intimamente ligada à ação litúrgica."

*Ir. Miria Kolling é Religiosa da Congregação do Imaculado Coração de Maria, compositora da música litúrgica e religiosa, musicista, pedagoga, gravou mais de 30 trabalhos em LPs e CDs, como também livros sobre canto e liturgia.

 

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